28 de outubro de 2013
Quem Conta um Conto (Outubro) || Comentários
Lulu: Eu tenho a impressão de que interpretei o desenho dessa vez de forma radicalmente diferente da Dani - e confesso que fiz isso de propósito. Isso porque há qualquer coisa na ilustração que me faz pensar que ela queria uma sociedade distópica estilo 1984, com o sol representativo do olho do Grande Irmão ou coisa parecida.
Ou talvez seja tudo coisa da minha cabeça...
Dani: Talvez não seja, huhu... ^.^
Dé: Sabe que até faz sentido?
Lulu: Fato é que, quando olhei para a ilustração que seria base para o desafio dessa rodada do Quem Conta um Conto, o que se destacou para mim de cara foi a qualidade da luz - e caramba, Dani, o que você consegue fazer com a luz nas suas ilustrações sempre me deixa boquiaberta (Dé: Dois! Ísis: Três! o/ Lulu: Caramba, todo mundo se impressionou com o mesmo detalhe!), mas aqui foi uma verdadeira obra-prima...
Dani: Nossa, obrigada gente... foi proposital mesmo. *vergonha*
Lulu: Em todo caso... a luz. A tonalidade de amarelo que impera no ambiente foi a primeira coisa que me chamou a atenção e foi a partir dela que comecei a delinear minha história.
A um só tempo, essa rodada foi e não foi um desafio para mim. Não foi um desafio porque pela primeira vez desde que começamos o jogo eu usei exatamente a primeira idéia que me veio à cabeça quando olhei para o desenho. Foi instantâneo - só olhar e pá: ‘quero escrever uma história num cenário apocalíptico em que o sol esteja morrendo’.
Ísis: YAY! *bate palmas
Lulu: Ajuda o fato de que há tempos eu tinha vontade de escrever uma história num cenário apocalíptico (e esse conto ainda não matou essa minha vontade...).
Dé: ÓTIMO saber disso! xD
Lulu: Ah, eu gosto muito da idéia de usar uma pessoa sozinha num mundo completamente despovoado e em ruínas... mais cedo ou mais tarde, acabarei por voltar a essa concepção...
Mas, retornando ao conto... Por outro lado ele foi um desafio por que... eu nunca escrevi ficção científica antes. E a imagem do unicórnio morto não ajudava, ficava piscando na minha cabeça com o aviso de 'alerta, alerta: se não prestar atenção você vai escrever fantasia em vez de ficção científica!'.
Ísis: Same here.
Dani: Hehe, sou cruel eu sei... XD
Lulu: Eu consegui resolver meu dilema escolhendo escrever a história numa espécie de diário em primeira pessoa - a inspiração veio, não por acaso, do Hodgson e do Lovecraft. Tentei manter uma narrativa um pouco mais seca e espaçada e uma certa ambigüidade em relação à identidade do narrador. Se vocês prestarem atenção, exceto pelos pronomes e artigos relativos à Tasha, não há indicativos de femininos e masculinos no texto. Pra conseguir esse efeito, tive de passar o pente fino pelo menos umas três vezes. Espero não ter deixado passar nenhum detalhe...
Agora, se não querem saber de ambigüidade, cá entre nós? Na minha cabeça, o narrador é o gato.
Ísis: Ri demais agora. Três vezes que fizemos isso... A Dani, no primeiro conto, eu no segundo e você, agora. Falta só o Dé! XD
Mas faz todo sentido pra mim, e eu adorei isso no teu. Isso, e o fato dela ser “cientista”, com esse relatório e tudo. ^^
Lulu: Pois é, também achei graça no fato de que a gente gosta de fazer o animal narrar a história...
Dani: Começo a me perguntar o porquê disso... ^^
Lulu: Demorei um pouco para conseguir escrever também... nem tanto pela dificuldade que sentia da história em si, mas pela falta de tempo mesmo. Eu comecei a rascunhar a história desde agosto e fui escrevendo uma frase aqui, uma idéia ali, mas só fui realmente pegar a história para desenvolvê-la quatro dias antes de ela ir ao ar. Em compensação, com o tanto que passei pensando nela nos últimos meses, ela talvez seja um dos contos que eu escrevi em menos tempo: pouco mais de uma hora e ela estava fechada. E só com três páginas! Consegui não ser prolixa e falar tudo o que eu queria! Yay!
(Prolixidade é um dos vícios com que vivo digladiando em minhas histórias e é um dos meus desafios pessoais nos contos dessa coluna...)
Dé: Dessa vez o prolixo fui EU! xD
Ísis: Sim! :D
Lulu: O conto também teve duas outras inspirações além do desenho. Primeiro, o poema Os Homens Ocos de T. S. Eliot. Eu sempre gostei da citação final do poema, ela esteve inclusive na epígrafe do meu trabalho de conclusão de curso... Assim é que comecei a terminei a história fazendo referência ao poema, usando-o inclusive para o título.
A segunda inspiração foi musical – porque, como de hábito, eu sempre escrevo ouvindo música. Dessa feita, foi só uma canção, repetindo e repetindo até a frase final: Echoes from Ugarit. Essa música tem a partitura mais antiga do mundo, encontrada em escavações na Síria. As tábuas em que a partitura dela está escrita têm por volta de 3.400 anos. Estou com ela na cabeça desde que a ouvi pela primeira vez, no começo do ano, num programa especial sobre o conflito na Síria e quando me veio a idéia para escrever a história, era justamente ela que eu estava ouvindo.
Dani: Mas você não consegue fazer uma única história sem pesquisas, Lu? - -“
Dé: Minha vez, né?
Parece estranho, mas o fato de ser ficção científica não foi um fator tãaaaaaaaaaaaaaaao limitante para mim, que só costuma escrever fantasia e terror. Talvez por ser cientista, sei lá.
Lulu: O Dé está metido hoje XD
Ísis: Né? Pensei o mesmo...
Dani: Ei, meu papai é um gênio! Ele pode.
Dé: Deixa eu dar minha carteirada sossegado? xD
Mas enfim, o que me chamou a atenção foi a mesma coisa que chamou a atenção da Lu: a iluminação do desenho. Mas ao contrário da Lu, eu não imaginei um sol morrendo. A frase “Down with the sun” foi uma inspiração e tanto, devo admitir, para a ideia de um sol que brilhe 24 horas por dia.
Dani: Uh... Interessante. Semelhante ao que eu pensei.
Dé: Quando olhei melhor, vi as estruturas de sol estilizado e os dirigíveis (que acabei nem usando... admito que esqueci deles!), pensei logo em uma invasão extraterrestre, e um dos efeitos seria a iluminação constante. Não sei se vocês sabiam antes de ler o conto, mas iluminação constante é tão prejudicial quanto a falta de iluminação. Eu tentei ser o mais preciso possível, nesse ponto e nas nomenclaturas das espécies.
Ísis: Saber, eu sabia, pois alguém, possivelmente você mesmo, já me havia dito isso antes. Lembrar, como de praxe, são outros quinhentos.
Lulu: Eu sabia porque já li sobre técnicas de tortura quando estava escrevendo minha monografia sobre guerra. Queria entender o que exatamente a legislação sobre o assunto queria dizer com “tratamento cruel e desumano”. Normalmente os torturadores usam essa técnica da luz junto com a interrupção do sono – eles não deixam a vítima dormir, e a forçam a uma constante barragem de estímulos sensoriais, seja com a ausência deles, seja com o acúmulo.
Dani: Também já havia ouvido falar disso...
Ísis: Credo. E eu achando que era arrancar unhas, dama-de-ferro etc. Lu, às vezes eu tenho medo da informação contida nessa cabecinha, viu?
Dé: Fui atrás de artigos científicos, livros texto de fisiologia vegetal e animal, consultei outros biólogos... Enfim, fiz minha pesquisa.
Dani: Mais um... - -
Ísis: Não olhem pra mim, eu já tenho um bocado de coisas pra pesquisar no mestrado... >.<
Dé: Uma falha que eu creio ter cometido é a falta de concisão na narrativa. No começo, a história é narrada como se o locutor fosse realmente da Terra, passando a ser ambíguo do meio para o final. Eu poderia tentar afirmar que são dois narradores, blá blá blá, whiskas sachê, blá blá blá, mas eu estaria mentindo. Desde o começo imaginei que o único narrador da história seria um extraterrestre infiltrado.
Lulu: Eu entendo um pouco do seu problema, e esse é um dos muitos motivos pelos quais prefiro que alguém revise pra mim minhas histórias – na empolgação de escrever, deixamos algumas coisas passarem e na nossa própria revisão, a gente lê já corrigindo as coisas na cabeça e não percebe o que errou.
É um dos meus desafios pessoais no QCC. Eu não tenho um revisor (normalmente eu coloco a Ísis para revisar minhas histórias...) e tenho que ler e reler no mínimo umas três vezes para conseguir consertar o que deixei passar na primeira escrita...
Então, em relação a essa falta de concisão e impressão de mais de um narrador? Minha sugestão é que você preste um pouco mais de atenção aos verbos – manter todos no mesmo tempo. Se você mistura na narração verbos no passado e no presente (e não está fazendo um flashback ou coisa do tipo) e no singular e no plural, a coisa fica um pouquinho confusa, sim.
Dé: Quanto à infiltração, eu pensei: se os ETs tem tecnologia tão avançada para criar novas espécies em laboratório, e repassar esse conhecimento para nós, por que eles passariam tudo que sabem? Eles saberiam criar aquelas “roupas de gente” que os ETs em MIB usam e teriam desenvolvido, beeeeeem antes da Terra, tecidos orgânicos resistentes à uma estrela. Aliás, o fato dos unicórnios serem resistentes é uma indicação de que isso é possível, e que mais ETs estão infiltrados. Tipo toda a equipe de engenheiros que ajudaram a narradora a conquistar a confiança dos Lunarum.
Ísis: Sabe que assim que li a parte do “insistir com Yuri sobre os unicórnios e querer ir atrás deles”, a primeira coisa, primeiríssima, que pensei foi justamente “Ih! É bem uma espiã dos alienígenas!”
Dé: Antes que alguém comente: eu, sem dúvida nenhuma, usei os nomes em latim de maneira completamente errada, sem nenhuma concordância. E quer saber? Tô nem aí! XD
Dani: Boa!! Anarquia linguística!! *morte às reformas também!*
Ísis: Não entendi. Tu disseste ali em cima que tinha ido atrás dos nomes, etc. E agora diz que tá tudo errado... oO
Dé: Prestenção, Isis. Os nomes EM LATIM estão provavelmente usados errados. Os nomes de espécies são “latinizados”. “Monoceros”, por exemplo, sequer é latim! É grego (“Unicórnio” em grego, pra ser mais preciso).
Ísis: A contradição continua... oO
Dé: Já a história em si... Bom, acho que fiz uma invasão extraterrestre bem padrão, né? Com certeza não fiz nada de muito novo nessa história, tendo coisas como Battlestar Galatica, V e muitas outras por aí. Me inspirei nos “seres de energia” que são citados no Protocolo Bluehand: Alienígenas e, principalmente, um vilão de Darkstalkers: Pyron, o alienígena do planeta Hellstorm. A partir disso, imaginei os ETs como sendo sóis em miniatura, só estava tendo problemas em imaginar COMO explicar que eles fossem sóis conscientes... até que eu pensei: “Ah, eles são SÓIS EM MINIATURA! Não precisa fazer o MENOR SENTIDO por que eles são conscientes!” e deixei a explicação de lado.
Lulu: Olha, Dé, quando comecei a ler teu conto, por causa da história do efeito estufa (entre outros) ter sido causado pelos alienígenas, eu dei um pulo da cadeira e berrei com o dedo apontado para o computador: KAIJU!!!!
Dé: E eu quase coloquei um Gypsy Danger da vida na história...
Lulu: Mas eu gostei bastante da sua idéia, sim... Especialmente a parte dos unicórnios como armas e os aliens-estrelas.
Dani: Eu também adorei isso. :)
Ísis: Realmente, a sacada dos unicórnios como armas foi genial. Eu achei fantástica a ideia quando li.
Dé: Apesar dos defeitos, fiquei relativamente satisfeito com o conto e como ele terminou. Claro, eu poderia ter trabalhado mais, especialmente por ter criado o conto inteiro só de bater o olho na ilustração, mas acabei fragmentando demais a escrita, o que causou boa parte dos defeitos da história. Tentarei prevenir isso para o próximo conto.
Dani: Honestamente, Dé, seu conto daria um belo romance!
Lulu: Acho que com uma revisão básica, você já consegue eliminar o problema de coesão do texto. De resto, achei a história excelente, com idéias muito, muito boas. Gostei especialmente da surpresa final, da revelação do solibus sob a casca humana.
Agora, pergunta-se: existe algum motivo para o primeiro contato acontecer em sete de julho? (três dias antes e seria Independence Day)
Dé: Tem e não tem. Tem, por que foi o mês que o desafio foi ao ar, e o dia que eu comecei a esboçar o início do conto. Não tem, por que o critério de escolha foi completamente aleatório.
Ísis: *ouvindo a música do link que Lulu colou acima*
Bem, tenho a dizer que acabou de passar um furacão por aqui (alguém leu sobre os mortos e os desaparecidos de Tóquio?), e parece que virá mais DOIS nesse fim de semana. Dois furacões... this will be interesting...
Lulu: Toda vez que você avisa de um novo furacão, eu fico com o coração na mão (a rima não foi proposital..)
Dani: Agora somos duas.
Ísis: Não precisa... Mas obrigada. ^^’’’
Só estou dizendo isso pra usar como desculpa (apesar de não ter nada a ver com o porquê que eu atrasei a publicação, só queria citar isso mesmo). Mas, enfim, vamos às explicações.
Assim como aconteceu com o desenho anterior, eu demorei uns dois meses para descobrir o que queria (leia-se: podia) fazer. E olha que, depois que a Dani manda, a imagem fica aberta quase que direto (aka, sempre) na tela 2, e eu não apago da lista de downloads até terminar o conto, justamente pra não ficar pra última hora. Infelizmente, não tem dado certo... mas vamos pular esse detalhe...
Lulu: Bem, depois dessa rodada, o QCC encerra por esse ano e só retorna em março do ano que vem. Isso significa que a gente vai ter seis meses para escrever o conto (ou romance...) da próxima rodada. Dessa vez, vai ter de dar tempo XD
Ísis: *ajoelha e reza
Dani: Só é triste nessa história é que vamos ficar muito tempo sem ver contos novos...
Ísis: O fato é que eu não queria escrever outro apocalipse. Sou positiva por natureza e aquele ditado, “esperança é a última que morre” (recentemente acrescentado de “a paciência é a primeira”, por um colega aqui no Japão) é quase meu lema. Sou péssima pra desistir, mesmo... Tanto é que estou aqui no Japão, e não foi passando na primeira tentativa que consegui a bolsa, não... Lulu sabe disso.
Lulu: Sei sim...
Engraçado, não? Embora todos tenhamos escrito em separado e não tenhamos conversado sobre o assunto em nenhum momento, todos trabalhamos a idéia de fim e nos concentramos na qualidade da luz que inunda todo o desenho.
A diferença é que no meu conto, o final era natural – a morte do sol, algo não causado por nenhum tipo de criatura, apenas o ciclo normal das coisas (exceto que a extinção das ‘pessoas’ nos planetas pelos quais a minha história pulou, começou com uma guerra civil).
Na história do Dé, o problema é uma invasão alienígena. Na da Ísis, um malfadado acordo que tem por objetivo matar vários sóis.
Ísis: Não foi bem malfadado (se é que eu sei o significado dessa palavra direito), porque a “Lua” já sabia disso. Ela vem do futuro, e no aniversário de 680 anos da Marina, o último dia do contrato, ela vai extinguir o quarto sol. E a partir daí Marina dever-lhe-á um favor, que Lua vai cobrar no mesmo dia... (não, não é nada disso que estão pensando! XD)
Aliás, Lu, “conspurcado”, sério?
Lulu: Não faço a menor idéia do que você está falando...
Ísis: De uma forma ou de outra, todas as nossas justificativas para o fim alteram algo no equilíbrio ambiental, o que revela um pouco por onde anda a cabeça de todo mundo por hoje em dia, né? Preocupação com meio ambiente é algo que todos temos por aqui...
Dani: Impossível não pensar nisso, de fato...
Ísis: Ei! Eu estou na escola de estudos ambientais! Estou rodeada por esse tipo de discussão por todos os lados aqui... ^^’’
Enfim, só escrevo apocalipses quando, na verdade, quero dizer o contrário, ou seja: quando há esperanças (pro mundo real). Mas fazer isso uma segunda vez ficaria boring, e, portanto, dessa vez quis escrever algo em que não ficasse óbvio que a personagem central morresse, embora não tenha ficado nada satisfeita com esse conto. Não teve nada de surpreendente nele...
Dani: Tá brincando, Ísis. Eu ADOREI sua história!! A ideia do pacto com a Lua, dos Garfos, achei fantástico!!
Lulu: Eu gostei da sua história, Ísis. Fiquei curiosa para tentar entender como é que você mata um sol...
Dé: Com um unicórnio! =D
Ísis: Vou ter de encaixar a ideia do Dé agora. :D
Dani: Agora gostaria de saber como o unicórnio faz! ^^
Ísis: Aí você pergunta pro Dé, porque eu não vou me meter... XP
De qualquer forma, o que fiz dessa vez foi uma espécie de introdução a uma história maior que não pretendo escrever porque não me empolguei o suficiente com ela.( Dani: Aaaah... :( ) Ao mesmo passo, também não quis resumi-la, de começo a fim, porque não faria jus e ficaria muito compacta. Fora que, como já disse antes, contos pra mim ou são longos, com começo, meio e fim, ou são curtos, e sem um fim. Óbvio por qual das duas vertentes estou optando nesta coluna.
Continuando as explanações, o gato com asas é Garfo porque, como se trata de outro planeta/galáxia/whatever, não faria o mínimo sentido (pelo menos pra mim) nomear com nomes que conhecemos e associamos a gato ou morcego, os dois bichos que creio inspiraram a criatura aí. Resolvi usar uma palavra com significado para nós, mas que tem nada a ver com o correspondente objeto. Como a raça era “Spolis” (tipo acho que vem de “Spoletto”, a cadeia de restaurantes fast-food de massas), inconscientemente apareceu; eu gostei e ficou.
Dani: Que doideira... XD
Ísis: A história dos muitos sóis veio de uma lenda chinesa que deu origem ao festival da Lua, na China (também conhecido como festival do outono). Diz-se que, antigamente, havia dez sóis, mas eles saíam só um de cada vez, até o dia em que resolveram, a partir de então, brincar juntos no céu e, semelhante ao conto do Dé, a noite sumiu e ficou insuportavelmente quente. Um herói (arqueiro! \o/) matou nove sóis e, como recompensa por sua bravura e habilidade, recebe, de uma deusa, um elixir da eterna juventude. Entretanto, sua amada e bela esposa acidentalmente o bebe, e vira a Deusa da Lua, separando o jovem casal eternamente. Desde então ele faz os bolinhos que ela mais amava em oferenda a ela, que ficaram conhecidos, numa tradução literal do chinês 月饼 como “bolo da lua” ou “bolo lunar”. Por sinal, esse ano, o festival foi exatamente um mês antes do meu aniversário: setembro 19-21 (os dias variam todo ano, conforme o calendário lunar, mas normalmente ocorre em setembro).
Fizemos uma peça sobre essa história na aula de japonês ano passado. Ficou uma onda. Morro de rir... XD
Lulu: Gostei desse mito.
Dani: Eu também. Daria outro desenho legal!
Lulu: Eu queria ler mais sobre mitologia chinesa... Não conheço muito da mitologia oriental como um todo. Ísis, depois você vai ter de me indicar alguns livros (em inglês, por favor, nada em mandarim ou japonês) sobre a mitologia do teu lado do mundo.
É um assunto que muito me interessa.
Ísis: Obviamente não tinha bolo nessa história. ^^’
Lulu: Por algum motivo, eu estava esperando um coelho... tem alguma história japonesa com coelho na lua, não tem?
Dé: Tem sim, Lu. Pelo que me lembro, segundo essa lenda a lua é habitada por coelhos que fazem moti, ou algo assim (Ísis: Mochi, mas a pronúncia pra gente é essa mesmo, Dé, como tu escreveste). Até apareceu em Dragon Ball.
Ísis: Vixe, nem eu lembrava dessa (ou não sabia mesmo, sei lá).
Lembrei só do (Tsukishiro) Yukito, de Card Captor Sakura (provavelmente porque estou DIRETO jogando a mais nova versão, pra celular). O nome dele literalmente significa “coelho da neve (ou seja, coelho branco) do castelo na lua”, o que me faz lembrar de Sailor Moon, cuja protagonista também se chama “Tsukino Usagi” (“coelho da lua”, em japonês), ou seja, baseado nessa mesma lenda.
Dani: Caramba... Eu sempre havia visto um coelho na sombra da lua, mas não tinha ideia dessas lendas! *O* Pensei que era só loucura da minha cabeça criativa. Que incrível!
Ísis: [Nada a ver, mas, fazendo essa análise, acabo de me tocar que os nomes da família da Sakura são todos com base em flores/plantas: Nadeshiko é cravo, Sakura, cerejeira, Touya, pêssego e Fujitaka, não sei em português – e nem o Google translator () – mas em inglês é “wistéria”, aquela árvore com flores lilases que são meio que cortinas, e que vemos muito em cenários na Ásia. E Kinomoto é algo tipo, raiz da árvore. ^^]
Eu tenho em casa (no Brasil) um livro com (algumas) lendas japonesas, mas acho que nunca o terminei. Definitivamente comecei, mas não acabei.
Em Yuu Yuu Hakusho você aprende várias, e em Tactics (mesma criadora de Matantei Loki Ragnarok) também. As mais famosas são a do Momotarou, a do Tanabata e Saiyuuki (a do macaco Goku).
Dé: Basta citar alguma coisa do Japão ou algum anime que a Isis escreve 345678987654345678 parágrafos... xD
E ninguém perguntou sobre o que meu F. volans fala tanto no conto? Eu achei que ia todo mundo ficar com a pulga atrás da orelha! xD
Ísis: Na verdade, eu estava esperando você dizer, já que obviamente você colocou aquilo ali, doido pra contar o significado. (Já fiz isso... ^^’’)
Dani: Então explique agora, ué!
Dé: É um código simples, que eu costumava brincar na época do colégio (DURANTE as aulas, detalhe...). É só uma troca simples de letras, por exemplo, o A vira N e continua daí. Se traduzirem, me avisem! xD
Ísis: Muito engraçado... >.<
Dani: Eu gostei muito da sua história papai. Realmente, acho que daria um livro e tanto. Especialmente porque eu normalmente detesto histórias com extraterrestres e afins, e a sua realmente me cativou!! Os animais produzidos em laboratório foi uma ótima sacada! A da Lu, eu adorei o modo como foi escrita, e principalmente o tom dramático. Dá quase um desespero enquanto se está lendo. Não há salvação, não há esperança alguma, é apenas um caminhar resignado para o fim. Doeu essa, hein, Lu! A da Ísis, apesar dela própria não ter gostado, eu realmente adorei! Achei muito criativa a forma que você usou os detalhes do desenho para se encaixar na história. Achei brilhante a ideia do pacto com a Lua. Realmente, você deveria escrever ficção cientifica mais vezes!
Já a ideia que mais acho que se aproximou da minha ao desenhar foi a do Dé. Vocês falaram bastante da iluminação do desenho, e ela foi realmente proposital, o primeiro vislumbre que eu tive ao pensar no desenho era um mundo onde o sol nunca se deita. E então vieram duas frases na minha cabeça, que por fim definiram todos os outros detalhes: a Ordem do Sol e a Sociedade da Lua.
Na minha mente seria um mundo futurista e meio fantástico, onde a Ordem do Sol controlava os planetas com uma doutrina rígida que prezava os valores da razão e da tecnologia acima de tudo, com a ciência e o poder bélico como principais armas, tentando destruir qualquer vestígio da magia e do sonho, ou seja, a fantasia. Em combate com esse sistema, existe a Sociedade da Lua, que vem tentando manter o pouco que resta da fantasia ainda viva e derrubar a Ordem para trazer a noite de volta, embora em grande desvantagem há muito tempo.
A garota, ao contrário das suas histórias, não teria um papel tão importante, seria apenas uma garota que perdeu a família para as batalhas dessa guerra e depois disso passou a desacredita-la, não sendo contra, mas também não querendo mais lutar. Ansiando por fugir para um planeta lendário onde a luz do sol não atinge.
Se for pensar bem, acho que esse foi o desenho que eu mais pensei para fazer... ^^” Quase criei um conto também.
Mas enfim, partindo para o próximo desafio, estou me preparando para isso desde que comecei a desenhar para o QCC. Um tema que, pelo que sei, só vai agradar uma pessoa aqui no Coruja, mas que um dia ia aparecer, vocês sabiam, MUAHAHAHA!!! Vocês já sabem qual, vai... em homenagem ao mês do Halloween: Terror!!!
E aqui vai o desenho! Divirtam-se!! (porque eu vou com o desespero dessas duas!)
Ou talvez seja tudo coisa da minha cabeça...
Dani: Talvez não seja, huhu... ^.^
Dé: Sabe que até faz sentido?
Lulu: Fato é que, quando olhei para a ilustração que seria base para o desafio dessa rodada do Quem Conta um Conto, o que se destacou para mim de cara foi a qualidade da luz - e caramba, Dani, o que você consegue fazer com a luz nas suas ilustrações sempre me deixa boquiaberta (Dé: Dois! Ísis: Três! o/ Lulu: Caramba, todo mundo se impressionou com o mesmo detalhe!), mas aqui foi uma verdadeira obra-prima...
Dani: Nossa, obrigada gente... foi proposital mesmo. *vergonha*
Lulu: Em todo caso... a luz. A tonalidade de amarelo que impera no ambiente foi a primeira coisa que me chamou a atenção e foi a partir dela que comecei a delinear minha história.
A um só tempo, essa rodada foi e não foi um desafio para mim. Não foi um desafio porque pela primeira vez desde que começamos o jogo eu usei exatamente a primeira idéia que me veio à cabeça quando olhei para o desenho. Foi instantâneo - só olhar e pá: ‘quero escrever uma história num cenário apocalíptico em que o sol esteja morrendo’.
Ísis: YAY! *bate palmas
Lulu: Ajuda o fato de que há tempos eu tinha vontade de escrever uma história num cenário apocalíptico (e esse conto ainda não matou essa minha vontade...).
Dé: ÓTIMO saber disso! xD
Lulu: Ah, eu gosto muito da idéia de usar uma pessoa sozinha num mundo completamente despovoado e em ruínas... mais cedo ou mais tarde, acabarei por voltar a essa concepção...
Mas, retornando ao conto... Por outro lado ele foi um desafio por que... eu nunca escrevi ficção científica antes. E a imagem do unicórnio morto não ajudava, ficava piscando na minha cabeça com o aviso de 'alerta, alerta: se não prestar atenção você vai escrever fantasia em vez de ficção científica!'.
Ísis: Same here.
Dani: Hehe, sou cruel eu sei... XD
Lulu: Eu consegui resolver meu dilema escolhendo escrever a história numa espécie de diário em primeira pessoa - a inspiração veio, não por acaso, do Hodgson e do Lovecraft. Tentei manter uma narrativa um pouco mais seca e espaçada e uma certa ambigüidade em relação à identidade do narrador. Se vocês prestarem atenção, exceto pelos pronomes e artigos relativos à Tasha, não há indicativos de femininos e masculinos no texto. Pra conseguir esse efeito, tive de passar o pente fino pelo menos umas três vezes. Espero não ter deixado passar nenhum detalhe...
Agora, se não querem saber de ambigüidade, cá entre nós? Na minha cabeça, o narrador é o gato.
Ísis: Ri demais agora. Três vezes que fizemos isso... A Dani, no primeiro conto, eu no segundo e você, agora. Falta só o Dé! XD
Mas faz todo sentido pra mim, e eu adorei isso no teu. Isso, e o fato dela ser “cientista”, com esse relatório e tudo. ^^
Lulu: Pois é, também achei graça no fato de que a gente gosta de fazer o animal narrar a história...
Dani: Começo a me perguntar o porquê disso... ^^
Lulu: Demorei um pouco para conseguir escrever também... nem tanto pela dificuldade que sentia da história em si, mas pela falta de tempo mesmo. Eu comecei a rascunhar a história desde agosto e fui escrevendo uma frase aqui, uma idéia ali, mas só fui realmente pegar a história para desenvolvê-la quatro dias antes de ela ir ao ar. Em compensação, com o tanto que passei pensando nela nos últimos meses, ela talvez seja um dos contos que eu escrevi em menos tempo: pouco mais de uma hora e ela estava fechada. E só com três páginas! Consegui não ser prolixa e falar tudo o que eu queria! Yay!
(Prolixidade é um dos vícios com que vivo digladiando em minhas histórias e é um dos meus desafios pessoais nos contos dessa coluna...)
Dé: Dessa vez o prolixo fui EU! xD
Ísis: Sim! :D
Lulu: O conto também teve duas outras inspirações além do desenho. Primeiro, o poema Os Homens Ocos de T. S. Eliot. Eu sempre gostei da citação final do poema, ela esteve inclusive na epígrafe do meu trabalho de conclusão de curso... Assim é que comecei a terminei a história fazendo referência ao poema, usando-o inclusive para o título.
A segunda inspiração foi musical – porque, como de hábito, eu sempre escrevo ouvindo música. Dessa feita, foi só uma canção, repetindo e repetindo até a frase final: Echoes from Ugarit. Essa música tem a partitura mais antiga do mundo, encontrada em escavações na Síria. As tábuas em que a partitura dela está escrita têm por volta de 3.400 anos. Estou com ela na cabeça desde que a ouvi pela primeira vez, no começo do ano, num programa especial sobre o conflito na Síria e quando me veio a idéia para escrever a história, era justamente ela que eu estava ouvindo.
Dani: Mas você não consegue fazer uma única história sem pesquisas, Lu? - -“
Dé: Minha vez, né?
Parece estranho, mas o fato de ser ficção científica não foi um fator tãaaaaaaaaaaaaaaao limitante para mim, que só costuma escrever fantasia e terror. Talvez por ser cientista, sei lá.
Lulu: O Dé está metido hoje XD
Ísis: Né? Pensei o mesmo...
Dani: Ei, meu papai é um gênio! Ele pode.
Dé: Deixa eu dar minha carteirada sossegado? xD
Mas enfim, o que me chamou a atenção foi a mesma coisa que chamou a atenção da Lu: a iluminação do desenho. Mas ao contrário da Lu, eu não imaginei um sol morrendo. A frase “Down with the sun” foi uma inspiração e tanto, devo admitir, para a ideia de um sol que brilhe 24 horas por dia.
Dani: Uh... Interessante. Semelhante ao que eu pensei.
Dé: Quando olhei melhor, vi as estruturas de sol estilizado e os dirigíveis (que acabei nem usando... admito que esqueci deles!), pensei logo em uma invasão extraterrestre, e um dos efeitos seria a iluminação constante. Não sei se vocês sabiam antes de ler o conto, mas iluminação constante é tão prejudicial quanto a falta de iluminação. Eu tentei ser o mais preciso possível, nesse ponto e nas nomenclaturas das espécies.
Ísis: Saber, eu sabia, pois alguém, possivelmente você mesmo, já me havia dito isso antes. Lembrar, como de praxe, são outros quinhentos.
Lulu: Eu sabia porque já li sobre técnicas de tortura quando estava escrevendo minha monografia sobre guerra. Queria entender o que exatamente a legislação sobre o assunto queria dizer com “tratamento cruel e desumano”. Normalmente os torturadores usam essa técnica da luz junto com a interrupção do sono – eles não deixam a vítima dormir, e a forçam a uma constante barragem de estímulos sensoriais, seja com a ausência deles, seja com o acúmulo.
Dani: Também já havia ouvido falar disso...
Ísis: Credo. E eu achando que era arrancar unhas, dama-de-ferro etc. Lu, às vezes eu tenho medo da informação contida nessa cabecinha, viu?
Dé: Fui atrás de artigos científicos, livros texto de fisiologia vegetal e animal, consultei outros biólogos... Enfim, fiz minha pesquisa.
Dani: Mais um... - -
Ísis: Não olhem pra mim, eu já tenho um bocado de coisas pra pesquisar no mestrado... >.<
Dé: Uma falha que eu creio ter cometido é a falta de concisão na narrativa. No começo, a história é narrada como se o locutor fosse realmente da Terra, passando a ser ambíguo do meio para o final. Eu poderia tentar afirmar que são dois narradores, blá blá blá, whiskas sachê, blá blá blá, mas eu estaria mentindo. Desde o começo imaginei que o único narrador da história seria um extraterrestre infiltrado.
Lulu: Eu entendo um pouco do seu problema, e esse é um dos muitos motivos pelos quais prefiro que alguém revise pra mim minhas histórias – na empolgação de escrever, deixamos algumas coisas passarem e na nossa própria revisão, a gente lê já corrigindo as coisas na cabeça e não percebe o que errou.
É um dos meus desafios pessoais no QCC. Eu não tenho um revisor (normalmente eu coloco a Ísis para revisar minhas histórias...) e tenho que ler e reler no mínimo umas três vezes para conseguir consertar o que deixei passar na primeira escrita...
Então, em relação a essa falta de concisão e impressão de mais de um narrador? Minha sugestão é que você preste um pouco mais de atenção aos verbos – manter todos no mesmo tempo. Se você mistura na narração verbos no passado e no presente (e não está fazendo um flashback ou coisa do tipo) e no singular e no plural, a coisa fica um pouquinho confusa, sim.
Dé: Quanto à infiltração, eu pensei: se os ETs tem tecnologia tão avançada para criar novas espécies em laboratório, e repassar esse conhecimento para nós, por que eles passariam tudo que sabem? Eles saberiam criar aquelas “roupas de gente” que os ETs em MIB usam e teriam desenvolvido, beeeeeem antes da Terra, tecidos orgânicos resistentes à uma estrela. Aliás, o fato dos unicórnios serem resistentes é uma indicação de que isso é possível, e que mais ETs estão infiltrados. Tipo toda a equipe de engenheiros que ajudaram a narradora a conquistar a confiança dos Lunarum.
Ísis: Sabe que assim que li a parte do “insistir com Yuri sobre os unicórnios e querer ir atrás deles”, a primeira coisa, primeiríssima, que pensei foi justamente “Ih! É bem uma espiã dos alienígenas!”
Dé: Antes que alguém comente: eu, sem dúvida nenhuma, usei os nomes em latim de maneira completamente errada, sem nenhuma concordância. E quer saber? Tô nem aí! XD
Dani: Boa!! Anarquia linguística!! *morte às reformas também!*
Ísis: Não entendi. Tu disseste ali em cima que tinha ido atrás dos nomes, etc. E agora diz que tá tudo errado... oO
Dé: Prestenção, Isis. Os nomes EM LATIM estão provavelmente usados errados. Os nomes de espécies são “latinizados”. “Monoceros”, por exemplo, sequer é latim! É grego (“Unicórnio” em grego, pra ser mais preciso).
Ísis: A contradição continua... oO
Dé: Já a história em si... Bom, acho que fiz uma invasão extraterrestre bem padrão, né? Com certeza não fiz nada de muito novo nessa história, tendo coisas como Battlestar Galatica, V e muitas outras por aí. Me inspirei nos “seres de energia” que são citados no Protocolo Bluehand: Alienígenas e, principalmente, um vilão de Darkstalkers: Pyron, o alienígena do planeta Hellstorm. A partir disso, imaginei os ETs como sendo sóis em miniatura, só estava tendo problemas em imaginar COMO explicar que eles fossem sóis conscientes... até que eu pensei: “Ah, eles são SÓIS EM MINIATURA! Não precisa fazer o MENOR SENTIDO por que eles são conscientes!” e deixei a explicação de lado.
Lulu: Olha, Dé, quando comecei a ler teu conto, por causa da história do efeito estufa (entre outros) ter sido causado pelos alienígenas, eu dei um pulo da cadeira e berrei com o dedo apontado para o computador: KAIJU!!!!
Dé: E eu quase coloquei um Gypsy Danger da vida na história...
Lulu: Mas eu gostei bastante da sua idéia, sim... Especialmente a parte dos unicórnios como armas e os aliens-estrelas.
Dani: Eu também adorei isso. :)
Ísis: Realmente, a sacada dos unicórnios como armas foi genial. Eu achei fantástica a ideia quando li.
Dé: Apesar dos defeitos, fiquei relativamente satisfeito com o conto e como ele terminou. Claro, eu poderia ter trabalhado mais, especialmente por ter criado o conto inteiro só de bater o olho na ilustração, mas acabei fragmentando demais a escrita, o que causou boa parte dos defeitos da história. Tentarei prevenir isso para o próximo conto.
Dani: Honestamente, Dé, seu conto daria um belo romance!
Lulu: Acho que com uma revisão básica, você já consegue eliminar o problema de coesão do texto. De resto, achei a história excelente, com idéias muito, muito boas. Gostei especialmente da surpresa final, da revelação do solibus sob a casca humana.
Agora, pergunta-se: existe algum motivo para o primeiro contato acontecer em sete de julho? (três dias antes e seria Independence Day)
Dé: Tem e não tem. Tem, por que foi o mês que o desafio foi ao ar, e o dia que eu comecei a esboçar o início do conto. Não tem, por que o critério de escolha foi completamente aleatório.
Ísis: *ouvindo a música do link que Lulu colou acima*
Bem, tenho a dizer que acabou de passar um furacão por aqui (alguém leu sobre os mortos e os desaparecidos de Tóquio?), e parece que virá mais DOIS nesse fim de semana. Dois furacões... this will be interesting...
Lulu: Toda vez que você avisa de um novo furacão, eu fico com o coração na mão (a rima não foi proposital..)
Dani: Agora somos duas.
Ísis: Não precisa... Mas obrigada. ^^’’’
Só estou dizendo isso pra usar como desculpa (apesar de não ter nada a ver com o porquê que eu atrasei a publicação, só queria citar isso mesmo). Mas, enfim, vamos às explicações.
Assim como aconteceu com o desenho anterior, eu demorei uns dois meses para descobrir o que queria (leia-se: podia) fazer. E olha que, depois que a Dani manda, a imagem fica aberta quase que direto (aka, sempre) na tela 2, e eu não apago da lista de downloads até terminar o conto, justamente pra não ficar pra última hora. Infelizmente, não tem dado certo... mas vamos pular esse detalhe...
Lulu: Bem, depois dessa rodada, o QCC encerra por esse ano e só retorna em março do ano que vem. Isso significa que a gente vai ter seis meses para escrever o conto (ou romance...) da próxima rodada. Dessa vez, vai ter de dar tempo XD
Ísis: *ajoelha e reza
Dani: Só é triste nessa história é que vamos ficar muito tempo sem ver contos novos...
Ísis: O fato é que eu não queria escrever outro apocalipse. Sou positiva por natureza e aquele ditado, “esperança é a última que morre” (recentemente acrescentado de “a paciência é a primeira”, por um colega aqui no Japão) é quase meu lema. Sou péssima pra desistir, mesmo... Tanto é que estou aqui no Japão, e não foi passando na primeira tentativa que consegui a bolsa, não... Lulu sabe disso.
Lulu: Sei sim...
Engraçado, não? Embora todos tenhamos escrito em separado e não tenhamos conversado sobre o assunto em nenhum momento, todos trabalhamos a idéia de fim e nos concentramos na qualidade da luz que inunda todo o desenho.
A diferença é que no meu conto, o final era natural – a morte do sol, algo não causado por nenhum tipo de criatura, apenas o ciclo normal das coisas (exceto que a extinção das ‘pessoas’ nos planetas pelos quais a minha história pulou, começou com uma guerra civil).
Na história do Dé, o problema é uma invasão alienígena. Na da Ísis, um malfadado acordo que tem por objetivo matar vários sóis.
Ísis: Não foi bem malfadado (se é que eu sei o significado dessa palavra direito), porque a “Lua” já sabia disso. Ela vem do futuro, e no aniversário de 680 anos da Marina, o último dia do contrato, ela vai extinguir o quarto sol. E a partir daí Marina dever-lhe-á um favor, que Lua vai cobrar no mesmo dia... (não, não é nada disso que estão pensando! XD)
Aliás, Lu, “conspurcado”, sério?
Lulu: Não faço a menor idéia do que você está falando...
Ísis: De uma forma ou de outra, todas as nossas justificativas para o fim alteram algo no equilíbrio ambiental, o que revela um pouco por onde anda a cabeça de todo mundo por hoje em dia, né? Preocupação com meio ambiente é algo que todos temos por aqui...
Dani: Impossível não pensar nisso, de fato...
Ísis: Ei! Eu estou na escola de estudos ambientais! Estou rodeada por esse tipo de discussão por todos os lados aqui... ^^’’
Enfim, só escrevo apocalipses quando, na verdade, quero dizer o contrário, ou seja: quando há esperanças (pro mundo real). Mas fazer isso uma segunda vez ficaria boring, e, portanto, dessa vez quis escrever algo em que não ficasse óbvio que a personagem central morresse, embora não tenha ficado nada satisfeita com esse conto. Não teve nada de surpreendente nele...
Dani: Tá brincando, Ísis. Eu ADOREI sua história!! A ideia do pacto com a Lua, dos Garfos, achei fantástico!!
Lulu: Eu gostei da sua história, Ísis. Fiquei curiosa para tentar entender como é que você mata um sol...
Dé: Com um unicórnio! =D
Ísis: Vou ter de encaixar a ideia do Dé agora. :D
Dani: Agora gostaria de saber como o unicórnio faz! ^^
Ísis: Aí você pergunta pro Dé, porque eu não vou me meter... XP
De qualquer forma, o que fiz dessa vez foi uma espécie de introdução a uma história maior que não pretendo escrever porque não me empolguei o suficiente com ela.( Dani: Aaaah... :( ) Ao mesmo passo, também não quis resumi-la, de começo a fim, porque não faria jus e ficaria muito compacta. Fora que, como já disse antes, contos pra mim ou são longos, com começo, meio e fim, ou são curtos, e sem um fim. Óbvio por qual das duas vertentes estou optando nesta coluna.
Continuando as explanações, o gato com asas é Garfo porque, como se trata de outro planeta/galáxia/whatever, não faria o mínimo sentido (pelo menos pra mim) nomear com nomes que conhecemos e associamos a gato ou morcego, os dois bichos que creio inspiraram a criatura aí. Resolvi usar uma palavra com significado para nós, mas que tem nada a ver com o correspondente objeto. Como a raça era “Spolis” (tipo acho que vem de “Spoletto”, a cadeia de restaurantes fast-food de massas), inconscientemente apareceu; eu gostei e ficou.
Dani: Que doideira... XD
Ísis: A história dos muitos sóis veio de uma lenda chinesa que deu origem ao festival da Lua, na China (também conhecido como festival do outono). Diz-se que, antigamente, havia dez sóis, mas eles saíam só um de cada vez, até o dia em que resolveram, a partir de então, brincar juntos no céu e, semelhante ao conto do Dé, a noite sumiu e ficou insuportavelmente quente. Um herói (arqueiro! \o/) matou nove sóis e, como recompensa por sua bravura e habilidade, recebe, de uma deusa, um elixir da eterna juventude. Entretanto, sua amada e bela esposa acidentalmente o bebe, e vira a Deusa da Lua, separando o jovem casal eternamente. Desde então ele faz os bolinhos que ela mais amava em oferenda a ela, que ficaram conhecidos, numa tradução literal do chinês 月饼 como “bolo da lua” ou “bolo lunar”. Por sinal, esse ano, o festival foi exatamente um mês antes do meu aniversário: setembro 19-21 (os dias variam todo ano, conforme o calendário lunar, mas normalmente ocorre em setembro).
Fizemos uma peça sobre essa história na aula de japonês ano passado. Ficou uma onda. Morro de rir... XD
Lulu: Gostei desse mito.
Dani: Eu também. Daria outro desenho legal!
Lulu: Eu queria ler mais sobre mitologia chinesa... Não conheço muito da mitologia oriental como um todo. Ísis, depois você vai ter de me indicar alguns livros (em inglês, por favor, nada em mandarim ou japonês) sobre a mitologia do teu lado do mundo.
É um assunto que muito me interessa.
Ísis: Obviamente não tinha bolo nessa história. ^^’
Lulu: Por algum motivo, eu estava esperando um coelho... tem alguma história japonesa com coelho na lua, não tem?
Dé: Tem sim, Lu. Pelo que me lembro, segundo essa lenda a lua é habitada por coelhos que fazem moti, ou algo assim (Ísis: Mochi, mas a pronúncia pra gente é essa mesmo, Dé, como tu escreveste). Até apareceu em Dragon Ball.
Ísis: Vixe, nem eu lembrava dessa (ou não sabia mesmo, sei lá).
Lembrei só do (Tsukishiro) Yukito, de Card Captor Sakura (provavelmente porque estou DIRETO jogando a mais nova versão, pra celular). O nome dele literalmente significa “coelho da neve (ou seja, coelho branco) do castelo na lua”, o que me faz lembrar de Sailor Moon, cuja protagonista também se chama “Tsukino Usagi” (“coelho da lua”, em japonês), ou seja, baseado nessa mesma lenda.
Dani: Caramba... Eu sempre havia visto um coelho na sombra da lua, mas não tinha ideia dessas lendas! *O* Pensei que era só loucura da minha cabeça criativa. Que incrível!
Ísis: [Nada a ver, mas, fazendo essa análise, acabo de me tocar que os nomes da família da Sakura são todos com base em flores/plantas: Nadeshiko é cravo, Sakura, cerejeira, Touya, pêssego e Fujitaka, não sei em português – e nem o Google translator (
Eu tenho em casa (no Brasil) um livro com (algumas) lendas japonesas, mas acho que nunca o terminei. Definitivamente comecei, mas não acabei.
Em Yuu Yuu Hakusho você aprende várias, e em Tactics (mesma criadora de Matantei Loki Ragnarok) também. As mais famosas são a do Momotarou, a do Tanabata e Saiyuuki (a do macaco Goku).
Dé: Basta citar alguma coisa do Japão ou algum anime que a Isis escreve 345678987654345678 parágrafos... xD
E ninguém perguntou sobre o que meu F. volans fala tanto no conto? Eu achei que ia todo mundo ficar com a pulga atrás da orelha! xD
Ísis: Na verdade, eu estava esperando você dizer, já que obviamente você colocou aquilo ali, doido pra contar o significado. (Já fiz isso... ^^’’)
Dani: Então explique agora, ué!
Dé: É um código simples, que eu costumava brincar na época do colégio (DURANTE as aulas, detalhe...). É só uma troca simples de letras, por exemplo, o A vira N e continua daí. Se traduzirem, me avisem! xD
Ísis: Muito engraçado... >.<
Já a ideia que mais acho que se aproximou da minha ao desenhar foi a do Dé. Vocês falaram bastante da iluminação do desenho, e ela foi realmente proposital, o primeiro vislumbre que eu tive ao pensar no desenho era um mundo onde o sol nunca se deita. E então vieram duas frases na minha cabeça, que por fim definiram todos os outros detalhes: a Ordem do Sol e a Sociedade da Lua.
Na minha mente seria um mundo futurista e meio fantástico, onde a Ordem do Sol controlava os planetas com uma doutrina rígida que prezava os valores da razão e da tecnologia acima de tudo, com a ciência e o poder bélico como principais armas, tentando destruir qualquer vestígio da magia e do sonho, ou seja, a fantasia. Em combate com esse sistema, existe a Sociedade da Lua, que vem tentando manter o pouco que resta da fantasia ainda viva e derrubar a Ordem para trazer a noite de volta, embora em grande desvantagem há muito tempo.
A garota, ao contrário das suas histórias, não teria um papel tão importante, seria apenas uma garota que perdeu a família para as batalhas dessa guerra e depois disso passou a desacredita-la, não sendo contra, mas também não querendo mais lutar. Ansiando por fugir para um planeta lendário onde a luz do sol não atinge.
Se for pensar bem, acho que esse foi o desenho que eu mais pensei para fazer... ^^” Quase criei um conto também.
Mas enfim, partindo para o próximo desafio, estou me preparando para isso desde que comecei a desenhar para o QCC. Um tema que, pelo que sei, só vai agradar uma pessoa aqui no Coruja, mas que um dia ia aparecer, vocês sabiam, MUAHAHAHA!!! Vocês já sabem qual, vai... em homenagem ao mês do Halloween: Terror!!!
E aqui vai o desenho! Divirtam-se!! (porque eu vou com o desespero dessas duas!)
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caramba, o desenho tem muito a ver com o que eu pensei qdo a Dani disse que o tema era terror... ^^``
ResponderExcluirSerá que finalmente vamos nos entender no QCC, Ísis? ^^
ExcluirA esperança é a última que morre...
ExcluirE a paciência, a primeira. Mas as duas estão vivinhas ainda, então há possibilidades.. desde que você não repita esse tema... >.<
Excluir*AINDA ENCUCADA