17 de abril de 2012

Para ler: Três Vezes Sherlock

Hoje a resenha vai ser três em um, porque são três livrinhos que me provocaram a mesma exclamação quando os li: "mas que coisa bizarra!". São livros para saciar a curiosidade (e a crise de abstinência) quando você não tem nada melhor para ler...

Então, vamos começar com... Victorian Undead!



Encontrei essa graphic novel por puro acaso quando estive na Cultura de Fortaleza, em janeiro. Estava com a Ísis e o Dé, mas podia estar sozinha pelo tanto de atenção que dei aos dois – eu simplesmente me escarrapachei no chão, esqueci que o resto do mundo existia e comecei a ler.

Felizmente, não é um volume muito grande...

Em termos gerais, a história é a seguinte: algumas décadas antes da aventura realmente começar, um meteorito caiu por perto de Londres, uma epidemia bizarra apareceu e logo as pessoas que morriam dessa epidemia estavam voltando do túmulo. Para resolver a questão, o governo isolou a área, escondeu os fatos, aterrou o lugar e construiu de novo por cima.

Anos depois, já após a virada do século e retorno de Holmes do Grande Hiato, dois trabalhadores escavando um antigo túnel acabam encontrando o que não deveriam e quando Holmes é chamado para ajudar na Scotland Yard, é para encontrar pessoalmente um zumbi.

O problema é que aparentemente Moriarty – que até então se acreditava morto – conhecia a história da epidemia e tinha se preparado com certa antecedência caso seu encontro com Holmes em Reichenbach não fosse de acordo com seus planos.

Sim, senhoras e senhores, Moriarty é um zumbi. E um zumbi que manteve seu intelecto superior e planeja tomar o mundo com um exército de mortos-vivos com fome de cérebros.

Por que foi mesmo que eu li isso?

Ok, a história é bizarra mas, sendo bastante sincera, faz sentido. Faz mais sentido que Lizzie Bennet e Mr. Darcy decapitando zumbis, porque pelo menos Doyle acreditava no sobrenatural. Claro que seria melhor se alguém tive escrito algo em que Holmes fosse parar na corte da rainha Titania, considerando o rolo em que Doyle se meteu com as fotos falsas das fadas de Cottingley Glen... E é melhor eu ficar quieta, porque, né, vai que alguém acha que a idéia tem mérito?

Seja como for, leitura rápida, altamente supérflua – a não ser que você goste particularmente de zumbis vitorianos – mas eu gostei da forma como o doutor e o detetive foram desenhados. Não o suficiente para ir atrás do segundo volume, em que Holmes aparentemente se bate com o Conde Drácula, mas suficiente para passar meia hora sentada no chão duro esquecida do mundo.



In our Conduit Street rooms, we were doing the books, perhaps the least glamorous aspect of running a criminal empire. Once a mathematics tutor, Moriarty enjoyed balancing ledgers – as much as he could enjoy anything, the sad old sausage – more than robbing an orphanage trust fund or bankrupting a philanthropic society
Descobri esse livro após um comentário de um leitor do Coruja (olá, Levi), que perguntou se eu conhecia alguma coisa do ponto de vista do Moriarty. Eu não conhecia, mas uma pesquisa rápida na Amazon me revelou alguns títulos e acabei colocando The Hound of the D’Urbervilles na minha lista de leituras holmesianas.

O livro é narrado do ponto de vista do Coronel Sebastian Moran e é composto de vários contos que mimetizam ou cruzam os caminhos do cânone. Há alguns momentos hilariantemente bizarros, o Moran é um dos personagens mais boca suja, cretino e cafajeste que já encontrei e apesar disso... eu gostei dele. Moran é simpático em sua desonestidade e sua forma de contar as situações absurdas em que sua associação com Moriarty acaba por metê-lo.

E Moriarty, sob a ótica de Moran, até assume momentos de psicopata cômico – a complicada vingança que ele organiza contra um ex-aluno que tem a desfaçatez de tentar contradizer o seu A Dinâmica dos Corpos Celestes em The Red Planet League te deixa de queixo caído junto com o Moran diante dos limites (ou falta de) que o professor é capaz de ir para pregar uma peça (e deixar seu adversário insano no processo).

Não é um livro para ser levado a sério, mas consegue ser divertido – especialmente se você já fez sua lição de casa com Holmes e é capaz de reconhecer as referências cruzadas.



He has been called a genius and a fraud, a hero and an addict. He advised kings in their glittering palaces, then disappeared into the darkest alleys of London’s criminal underworld. He was (and remains) a global icon, but he could pass his most ardent fan on the street without a flicker of recognition. Who was this Sherlock Holmes? With an attention to detail that would make his subject envious, Nick Rennison gathers the clues of a life lived among the stars of the late nineteenth and early twentieth centuries, from Oscar Wilde to Sigmund Freud, and uncovers startling, previously unknown information. How did a Cambridge drop-out and bit player on the London stage transform himself into a renowned “consulting detective”? Did he know the identity of “Jack the Ripper”? When did Holmes and his nemesis Professor Moriarty first cross paths? To where did Sherlock Holmes disappear after his presumed “death” in 1891? Sherlock Holmes answers these questions and many more as it careens through the most infamous crimes and historic events of the era, all in pursuit of the real man behind the greatest detective in modern fiction—and, just perhaps, non-fiction.
Comprei esse livro para completer número numa promoção da Better World Books – e porque fiquei curiosa para saber o que diabos alguém escreveria numa biografia de Sherlock Holmes...

É um livro bizarro, mas serviu para me introduzir a alguns fatos históricos que eu desconhecia – e que ajudam a entender, por exemplo, o desprezo de Holmes pelos detetives da Scotland Yard (especialmente nas primeiras histórias) e o significado das viagens dele durante o período do Grande Hiato.

Algumas teorias apresentadas também merecem consideração. Gostei particularmente da ligação feita entre Moriarty e os terroristas irlandeses ou a sugestão de que antes de se tornar um detetive, Holmes teria chegado a trabalhar como ator.

Vale pela curiosidade, se você é um fã devotado de Holmes, daquele que lê as histórias como quem está diante do evangelho e joga ‘O Grande Jogo’ procurando formas de sustentar a idéia de que Doyle escrevia histórias de personagens bem reais e não mera ficção.

(e se você gosta de genealogias, Nick Rennison faz uma árvore genealógica do detetive que alcança até Charles I, no período das guerras civis...)



A Coruja


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5 comentários:

  1. :D Oi, Coruja.
    Que chato saber que o livro não é tão bom assim. Eu posso até gostar, então vou ler, assim que minha febre pelos livros (série) voltar. :P

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    1. O livro não é ruim, só não é excepcional. Confesso que me diverti bastante com o jeito do Coronel Moran. Ainda acho que vale à pena ler ;)

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  2. Adoro Sherlock Holmes, acho que depois de ler as histórias de Conan Doyle passarei as histórias de outros autores que escrevam sobre ele. Ótimas dicas aqui.

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  3. Então dá próxima vez OLHE só PRA NOIS! XD
    LOL, sério, sem problemas... ^.~

    Esse último parece interessante. Tu ainda tá com ele?

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