"Aquele que não se rende é dos meus, quem quer que seja ele, de onde quer que venha, e qualquer que seja seu partido... Aquele que se rende é meu inimigo."

Max Gallo – Os Patriotas

Romances cujas histórias se passam em tempos de guerra tendem a pintar seus protagonistas como criaturas acima da média, acima do homem comum: altruístas, corajosos, estrategistas, passionais em suas causas – o paradigma absoluto do herói.

A Segunda Guerra, especificamente, fundamentou uma inteira geração de romances das vítimas – são os testemunhos do holocausto. A série Os Patriotas, de Max Gallo, é um romance passado em tempos de guerra, justamente à época da Segunda Guerra Mundial. Contudo, seu protagonista está longe de ser um modelo perfeito de heroísmo e coragem ou o retrato amargo de um genocídio que muitos prefeririam esquecer.

Nos quatro livros que compõem essa série, acompanhamos Bertrand Renaud de Thorenc, um jornalista na França ocupada por nazistas – o governo colaboracionista de Vichy, como entrou para a história – enquanto ele transita pelos círculos do alto escalão e da Resistência Francesa, entre conspirações e traições, e encontra-se e desencontra-se com sua grande paixão, a antropóloga Geneviève Villars.

Bertrand não é um herói sem falhas, romântico, que permanece fiel até o final. Pelo contrário, ele é um personagem suficientemente humano para crermos em sua existência; para torcermos, sofrermos e até ralharmos com ele.

Além de uma reconstituição histórica perfeita, capaz de nos transportar para uma França dividida, quebrada, prostituída aos alemães por aqueles que deveriam ser seus heróis, Gallo nos brinda nessa série com personagens maravilhosos, que nos deixam saudades uma vez que a última página é virada.