1 de novembro de 2011

Gazeta de Longbourn: a trilogia Fitzwilliam Darcy, Gentleman


The young officers he had overtaken pushed past him, all now holding the hands of females whom Darcy was able to identify as Elizabeth's younger sisters. They encircled her and Denny and, one of them pulling on that officer, bore him away to the ballroom. Elizabeth turned, waving them off with a wistful smile. As she did, Darcy finally saw her complete. The sight utterly ravished him. It was, suddenly, painful to breathe. The roaring of the blood through his veins caused the world about him to go silent.

Part of my soul,
I seek thee and thee claim
My other half...

Where had he read that? He mused as he stood unmoving, mesmerized by the vision before him. "Part of my soul..." He comanded his limbs to move. He took a step toward those marvelous eyes alight with so much life. "I seek thee..." Another step and he thought their eyes met, but it could not have been, for she was turning away. "My soul..."

Comprei esse livro por indicação da Terry Hubener, do JASNA, quando esteve aqui no Brasil ano passado, à época que ocorreu nosso primeiro encontro regional. Confesso, contudo, que não levava assim tanta fé que o livro fosse, nas palavras dela, “a melhor de todas as adaptações de Orgulho e Preconceito; a melhor versão do Darcy que vi em muito tempo”.

Tendo achado que se tratava de um certo exagero de fã, demorei alguns meses para encomendá-lo e, ainda assim, só pedi o primeiro – não queria me arriscar a comprar toda a trilogia e depois torcer o nariz.

Não tinha chegado na metade do livro quando paguei a língua e corri para encomendar os dois volumes seguintes, já quase arrancando os cabelos porque sabia que eles não chegariam a tempo de me permitir emendar a leitura.

An Assembly Such as This não é um livro bom. Não. Ele é, exatamente como a Terry disse, a melhor, a mais completa e fiel versão do Darcy fora das mãos da Austen. é uma coisa assim... completamente espetacular. Excepcional. Algo que me faz querer cantar odes à Pamela Aidan.

E não, não acho que estou exagerando.

O livro é delicioso, montando um retrato muito digno de Mr. Darcy, expandindo seu personagem para além da sua paixão por Lizzie Bennet. Ele está inserido numa perspectiva histórica – você vê Darcy vibrando com livros sobre a campanha do futuro Duque de Wellington na Península Ibérica (estamos, afinal, nos tempos das Guerras Napoleônicas); torcendo o nariz para os modismos do Príncipe Regente, freqüentando clubes de cavalheiros, discutindo política...

Mais divertido ainda é ver as pessoas que o rodeiam: o hilariante Fletcher, seu valete pessoal que quase me mata de rir com suas citações shakesperianas e manipulações maquiavélicas do guarda-roupa de seu mestre; ou Lorde Dyford Brougham, amigo em Londres de quem você nunca sabe o que virá a seguir.

Agora, a cereja no topo do bolo é o Bingley – e uma das minhas passagens favoritas é aquela em que Darcy relembra como os dois se tornaram amigos. Em seu tratamento com o companheiro, Darcy pensa constantemente na relação que tinha com o próprio pai, nos ensinamentos que herdou deste; e é difícil não se deixar enternecer pela preocupação e lealdade que eles sentem um pelo outro.

Claro que a melhor parte de toda a história é vê-lo ir gradualmente se pondo sob o encanto de Lizzie. A cena do baile em Netherfield é de tirar o fôlego, de deixar a gente flutuando em nuvens: é doce, passional, angustiante, tudo ao mesmo tempo.

Terminei roendo as unhas porque – maldade das maldades – o primeiro volume termina justamente quando Darcy e Bingley partem para Londres. Quero vê-los em Rosings! E Pemberley! Preciso desesperadamente de mais! E assim, toca começar o segundo volume, Duty and Desire.

Of this he was certain: to be in her presence was to know delight in a more vivid sense than ever he had before

Sendo bem sincera: em comparação comAn Assembly Such As This, o segundo volume da trilogia da Aidan, Duty and Desire, deixa um bocado a desejar.

Esse livro segue Darcy no período entre sua partida de Netherfield e sua chegada em Rosings. Assombrado pela imagem de Lizzie, ele volta para Pemberley, a fim de passar o período natalino com Georgiana, parte para Londres, onde continua semeando a dúvida na cabeça de Bingley sobre a força da afeição de Jane Bennet e por fim segue para uma festa na casa de um antigo colega de faculdade, onde as coisas parecem estar um pouco mais complicadas do que aparentam.

A primeira parte da história vai bem na forma como mostra a preocupação de Darcy com a irmã, que só àquela altura estava começando a se livrar da depressão que o episódio com Wickham provocou; bem ainda como sua interação com a família – o Coronel Fitzwilliam, o Conde e a Condessa de Matlock, bem como seu irmão mais velho e herdeiro do título.

Sua ânsia por Elizabeth, seu sonhar acordado com a moça caminhando por entre os corredores de Pemberley, e inclusive sua conversa com Georgiana sobre ela – tudo isso antes que ele pudesse, de fato, reconhecer para si mesmo o que sentia – são os pontos altos do livro.

A questão é que esses pensamentos e desejos assustam Darcy, especialmente frente ao seu ‘dever’ de casar bem, com uma moça de família, fortuna e respeitável, que lhe possa dar um herdeiro à altura do sobrenome que há de carregar. E eis então que ele decide sair à caça de uma esposa, aceitando o convite de um antigo colega para ir visitá-lo num velho castelo no meio do nada, onde várias senhoritas de boa posição estão reunidas para uma festa.

Só que o convite do amigo é uma armadilha que tem a ver com passar a meia irmã irlandesa para frente a fim de conseguir uma pequena fortuna para pagar os débitos advindos do jogo. E no meio você tem senhoritas despeitadas que foram no passado ignoradas por Darcy e agora querem vingança. E a coisa toda ressoa muito mais o clima gótico de A Abadia de Northanger (com direito a todas as intrigas pelas quais Catherine apenas pode suspirar) do que Orgulho e Preconceito.

Enfim, esse é um volume de transição e embora eu possa entender algumas das escolhas que Aidan faz para que a história siga seu curso – os motivos que ao final levam Darcy a aceitar seus sentimentos e arriscar-se com Lizzie – a forma como ela construiu esses fatos não me agradou.

He loved her. It was as simple and as complicated as that.

Valeu à pena persistir na trilogia de Aidan, a despeito de muito ter deixado a desejar o segundo volume. Na minha opinião, de forma bem franca, mais valia ter pulado completamente todo o rolo de intrigas de Duty and Desire, e passar direto para Rosings e depois para o crescimento de Darcy após a magnífica resposta de Elizabeth Bennet a muito pouco cavalheiresca ‘primeira declaração’.

É exatamente nesse ponto em que começamos o último volume da trilogia: Darcy decidiu de uma vez por todas deixar a lembrança de Lizzie ir embora já às portas de Rosings, quando de sua visita anual a Lady Catherine – só para encontrar a própria criatura que vem assombrando sua vida dormindo e acordado, fazendo-o ansiar por coisas que não têm lugar real em sua vida bem ordenada.

Pouco a pouco, ele sucumbe ao encanto da moça e uma dos pontos interessantes do livro é exatamente mostrar como é que Darcy conseguiu confundir completamente as intenções de ‘La Bennet’ (como o Coronel Fitzwilliam a chama), acreditando piamente que mais que esperada, sua declaração era mesmo desejada.

Após o fiasco de sua declaração, a princípio, Darcy sente-se traído, está raivoso do mundo, não consegue realmente entender como foi capaz de se enganar tanto. Mas após uma situação bastante complicada (que poderia ter se desenrolado num caso de chantagem, traição e dor de cabeça eterna para o senhor de Pemberley) e uma noite de bebedeira (e uma das cenas mais divertidas do livro é ver Darcy perdendo por um vez o controle, para muito além do seu limite em termos de brandy, o que é compreensível diante da enrascada em que ele quase se mete) para conseguir confessar aquilo que lhe está engasgado na garganta, ele finalmente percebe a realidade das palavras de Lizzie e começa a tentar emendar seus modos orgulhosos.

E, é sempre bom lembrar que, quando ele o começa a fazer, Darcy não tem perspectiva nenhuma de voltar a encontrar Elizabeth. Ele procura mudar não para fazer com que ela reveja sua posição e se jogue nos braços dele, mas porque genuinamente deseja ser um homem melhor.

É uma transformação fascinante, especialmente porque envolve mais que o próprio Darcy: você vê o crescimento de Georgiana (e devo dizer que a Georgiana de Pamela Aidan é uma personagem absolutamente adorável), a renovação da amizade com Bingley em termos menos presunçosos e mais igualitários, e, por conseqüência disso, um ganho de segurança por parte do Bingley – que o possibilitará mais tarde voltar para Jane.

E, óbvio, há o reencontro com Elizabeth em Pemberley, quando ele menos esperava, e todos os fatos subseqüentes. Os sentimentos – e a forma de expressá-los – que ele professava por Lizzie antes nesse ponto ganham contornos muito mais maduros, respeito e admiração somados à paixão que o conseguira cegar completamente antes.

These Three Remain é, enfim, um livro muito gostoso de ler, uma releitura à altura do original de Austen, mais que indicada para todos aqueles que amam o devotado e passional Mr. Fitzwilliam Darcy dos Darcy de Pemberley.

No cômputo final, Fitzwilliam Darcy, Gentleman é uma excelente virada de ponto de vista de Orgulho e Preconceito e, se tem momentos que deixam a desejar, ao menos são mais altos que baixos. Decidamente recomendado.


A Coruja


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6 comentários:

  1. Oi Lu,

    Nossa, a história parece ser mto boa mesmo, fiquei interessadicima.

    Onde vc comprou eles?

    Bjos
    Carol

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    Respostas
    1. No site Better World Books. Comprei eles usados, uma pechincha!

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  2. oi!

    Já li os três livros, e realmente são muito bons, principalmente o último These Three Remain, que é onde acontece Rosings e Pemberley. Já li pelo menos quatro outros livros contando O&P da perspectiva de Darcy e esses da Pamela Aidan são os melhores. Eu comprei em e-book pelo site da Amazon e mais tarde descobri que tem versões traduzidas para o espanhol no 4shared.

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  3. Eu já li os 3 e são realmente uma delícia!!!
    Li tudo em uma semana e 2 dias...só faltava tomar banho lendo os livros...Rs

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  4. Respostas
    1. Infelizmente, não, Laila. Até o momento, não há tradução aqui no Brasil.

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