3 de dezembro de 2016

360º: Foz do Iguaçu (ou as Bodas de Zinco da Coruja e da Elefanta)

Kolory e Sortudo, os mascotes da viagem

As Bodas de Zinco de Lulu e Ísis (ou Lulu e Ísis vão à Foz... e tentam não deixar rastros de destruição...)

Abaixo segue o diário de expedição da Lu e da Ísis numa viagem a Foz do Iguaçu para comemorar dez anos de amizade e loucuras, com direito a muitas trapalhadas pelo caminho, pausas filosóficas e digressões sobre filmes de super-heróis. A viagem foi feita em maio, mas por razões de força maior, incluindo tempo para se sentar e escrever, só estamos publicando agora.

Continue a ler por sua conta e risco. As autoras não se responsabilizam pela elevação do nível de insanidade no entorno de seus eventuais leitores.

QUARTA, dia 4 de maio

Ísis: Como muitas outras ideias malucas que pintam por aqui, tudo começou com uma conversa de cartas entre Lulu e Ísis. A essas alturas eu não lembro quem começou, mas a moral da história é que foi constatado: além de Escócia, Grécia e Itália, há destinos nacionais aos quais ambas desejam ir, e, aproveitando o lançamento de Capitão América: Guerra Civil em abril de 2016 (no Japão inclusive! O______O), e que as férias de Lulu seriam em maio, juntamos tudo e resolvemos ir juntas a Foz de Iguaçu.

Lulu: A resposta para ‘quem começou’ é bastante óbvia na verdade: na última carta que a Ísis me enviou ano passado ela disse que precisava ‘desesperadamente’ assistir Guerra Civil comigo, já que fui eu que a apresentei/viciei no Universo Marvel.

Não nego nem confirmo tal acusação. Tampouco assumo que reguei a idéia com carinho, joguei vários pedaços de madeira na fogueira e esperei para a coisa toda pegar fogo.


Ísis: Incendiou e deu perda total, na verdade… HUAHUAHUAHUA!

Bem, afora a obviamente necessária parte do vôo Internacional que me levasse do Japão ao Brasil, a viagem começou quando embarquei para Recife. Ao chegar, abraços e banhos depois (estava quente!), Lulu começou suas demonstrações de carinho com requintes de crueldade, oferecendo coisas e logo em seguida, retratando a oferta.


Lulu: Hã… o que foi mesmo que ofereci? Ah, sim, foi ir à piscina, né? Mas não dava tempo, a gente tinha o horário do filme… vai ter de ficar para a próxima vez (aí você já tem uma desculpa para vir aqui de novo…)

Ísis: Interrompemos este 360º para uma notícia “fenomental”: o novo prédio em que Lulu mora tem jogos de xadrez grandes. Não é estilo Harry Potter, mas daria pra fazer algo parecido! Achei divertidíssimo!

Voltando à programação normal, e as maldades da Lulu à parte, batemos nosso regular ponto no Rei do Mate (no Shopping Recife), e pouco depois fomos assistir com um amigo ao filme pelo qual esperamos/tememos/gritamos/choramos etc. Não deu noutra: o filme é fantástico e foi maravilhoso ver tantos vingadores na telinha logo depois de Ultron, sem ter de esperar mais uns três anos para tanto, mas Lulu e eu saímos do cinema possessas com Steve Rogers (e eu com a Wanda, principalmente porque continuo com raiva dela ainda do filme anterior).


Lulu: Como somos todos da área de Direito (eu, a Ísis, e nosso amigo), o fim do filme rendeu um debate acalorado sobre soberania, representatividade da ONU, responsabilidade internacional e legitimidade do Tribunal Penal Internacional (TPI) - o que conhecíamos de mais próximo do que seria os Acordos de Sokovia.

Meu principal motivo de raiva, primeiro, é que sou Team Iron Man e não concordo com todas as merdas que sempre sobram para o Tony (roteiristas têm um prazer sádico especial em lhe dar novos problemas cardíacos toda vez que ele se cura de um). Tudo o que eu desejo da Marvel é que algum dia eles façam uma história em que Tony esteja contente, feliz, sem culpas, dando uma de pai dos vingadores mirins da nova equipe (estou falando dos quadrinhos, não do MCU), realizado consigo mesmo e sem partir logo para a idéia de ser bode expiatório para tudo.

O segundo é que, politicamente falando, a atitude do Capitão América foi irresponsável e egoísta. Não me surpreende, considerando que os Estados Unidos são um dos países que não assinaram o Tratado do TPI, o que gerou abominações como Guatánamo. É o mesmo cerne que está por trás também de todo o movimento político do Black Lives Matter, buscando uma responsabilização dos policiais por seus atos.

E não, não tem como não fazer esse tipo de paralelo. Mas deixarei meus resmungos para um dia em que eu queira escrever sobre representatividade e os paralelos com a realidade que encontramos nas histórias de super-heróis.


Ísis: Óbvio e ululante que fomos direto procurar fics "fix-it" sobre a produção para acalmar os ânimos... E só depois fomos dormir.

QUINTA, dia 5 de maio

Ísis: O dia já começou com presepadas: esqueci de ajustar o meu alarme, e ele acabou tocando no mesmo horário que tocara no dia anterior, ou seja, bem cedo... E ele não é nada discreto (mas o de Lulu também não)! Acho que o mau humor da Coruja começou aí. (Risos...)

Lulu: Não tanto mau humor, mais tensão paterna para cumprir horários. Meu pai é pior que eu, não apenas para formar itinerários rígidos, como também para fazer cobranças infinitas de horário. Só deu mesmo para relaxar depois que chegamos ao aeroporto sem nada explodir no caminho…

Ísis: Chegamos e fizemos o check-in tranquilamente, e começaram a embarcar no exato horário anunciado. Confesso que fiquei impressionada...

Lulu: O aeroporto daqui é considerado um dos melhores do Brasil - já esteve em primeiro lugar, mas perdeu o posto para Curitiba, se não me falha a memória.

Ísis: Já em Guarulhos, onde fizemos uma apressada escala, as coisas não saíram tão fluidas, mas o que importa é que eu achei o quiosque da Havanna, embora nenhum dos que eu goste estivessem em estoque naquela hora. Tinha o de merengue, que aparentemente é o que Lulu mais gosta, mas ele faz uma sujeira danada e achei melhor não.

Lulu: E aqui revelamos a verdade chocante sobre a nossa viagem para Foz: o real motivo de a Ísis ter vindo do Japão foi a idéia de que atravessaríamos a fronteira para a Argentina e ela poderia se entupir de alfajores.

Porque a Ísis é viciada em alfajores. E não, isso não é exagero da minha parte.


Ísis: Em minha defesa… Não, não tenho defesa. Essa joça é boa mesmo… E não nego nem me arrependo de NADA!!

O vôo de Guarulhos para Foz do Iguaçu é mais rápido que o de Fortaleza para Recife, and that's saying something... Uma vez achado nosso guia, levemos um banho de água fria (ainda não literalmente, mas chegará o momento para tanto): estava previsto tempo chuvoso durante os exatos cinco dias e, que estaríamos lá.

Não estamos fazendo propaganda da TAM

Nesse momento, eu precisei respirar fundo. Porque a chuva tem me seguido ultimamente, e eu estou levando em séria consideração passar uns três dias em algum interior do sertão do Ceará para ver se posso ajudar com a seca braba dos últimos anos. Não que eu não goste de chuva - aliás, adoro, exceto se for pra dirigir - mas tem atividades que não se podem fazer sem sol, tipo o Parque das Aves, e isso nos chateou um pouco. Aliás, ainda levamos em consideração ao tentar esse passeio mesmo com chuva…


Lulu: O grande problema é que nós iríamos enfiar o pé na lama (de forma literal), correndo o risco de não ver ave alguma, porque elas não saem de suas casas quando chove - ao menos de acordo com nosso guia da excursão. Dessa vez tivemos que abdicar desse passeio... Uma pena!

Ísis: Uma não, muitas!

Lulu: … E o nível das piadas já começa bem...

Ísis: Ehr... Fica pra próxima?

Lulu: De fato…

Ísis: Como disse o nosso guia, nós esquecemos de pedir o opcional sol quando contratamos o pacote… Eu ri muito quando ele disse isso…

Lulu: Enfim, o que importa dizer sobre esse dia é que, embora de São Paulo para Foz seja bem rápido, a gente tinha de chegar em São Paulo primeiro, já que não existe (ou, pelo menos, não encontramos) voo direito saindo de Recife. Assim que passamos a quinta praticamente toda em trânsito, chegamos ao hotel e descansamos um minuto antes de sair para um shopping próximo para poder comer alguma coisa e se recolher, considerando o fato de que o dia seguinte começaria cedo…

SEXTA, dia 6 de maio

Lulu: Sexta era o dia em que realmente começaríamos nosso passeio e pela joia da coroa também: as famosas e inesquecíveis Cataratas do Iguaçu.

Saímos do hotel cedo, debaixo de uma garoa fina, após um ótimo café da manhã (tinha um suflê com tomate maravilhoso!) e seguimos no ônibus da excursão para o Parque Nacional do Iguaçu, um complexo de mais de 600 mil hectares de áreas protegidas que se divide entre os territórios do Brasil, Paraguai e Argentina.

É importante observar que, embora nós tenhamos ido com um pacote turístico fechado, não é difícil encontrar formas de fazer esse - e outros passeios - mesmo que você viaje sozinho. No hotel em que ficamos havia como contratar serviços para diferentes passeios, alguns com transporte de cortesia. Considerando que Foz tem uma economia bastante voltada para o turismo, imagino que seja fácil procurar esse tipo de informação em qualquer hotel.


Ísis: Vimos várias agências de turismo espalhadas pela cidade, com cartazes anunciando os passeios. Em geral, tive a impressão que os preços eram tabelados, porque eram bem próximos...

Lulu: Isso é porque os valores diziam respeito a ingressos (que de fato serão sempre os mesmos) e transporte. É provável sim, que haja uma tabela para a parte de transporte, mas sempre se pode apelar para as próprias canelas… ou o transporte público. Ou táxi. Encontrei boas dicas sobre o assunto aqui.

Enfim… sexta de manhã, que era quando faríamos o passeio do Macuco Sáfari - no qual entramos num barco e somos batizados passando nas quedas d’água - estava 18°C, garoava e fazia frio. Ou, pelo menos, pra mim fazia frio. A Ísis não vale, porque ela tem couro de sapo - algo com que tenho certeza vocês irão concordar quando eu contar mais pra frente o que ela fez no Bar de Gelo…



Ísis: Ei, eu sou extremamente friorenta quando tô com sono! O segredo é me fazer parar quieta… Eu acho?

Enfim, eu já estava empolgadíssima, porque no dia seguinte encontraria alfajores. Antes de dormir, para que a hora chegasse logo, fomos atrás de mais fanfics sobre Captain America 3, ato esse que se repetiu religiosamente todas as noites (e dias, às vezes) por semanas.

Somos duas viciadas.


Lulu: O que realmente importa falar sobre esse dia é que… levamos um banho, mas um banho violento. O motorista do barco não tinha pena e realmente enfiou-se debaixo das quedas d’água e como estávamos sentadas bem na frente, não teve como não nos encharcarmos. Dane-se capa de chuva, da próxima vez iremos é de roupa de banho logo.


Ísis: Bem que eu sugeri… Mas realmente, ele não tinha pena: o barqueiro ia, voltava, dava ré, virava, ia e voltava de novo… E assim foi por uns bons dez minutos…

Lulu: Sorte a nossa que tínhamos sido avisadas de que isso aconteceria (não era uma possibilidade, vejam bem, mas uma absoluta certeza). Agora, dá para imaginar esse passeio, considerando frio, água e vento - por causa da velocidade do barco (e gotas de chuva que caíam em nossos rostos parecendo cortar a pele)?

Aqui é bom dizer que esse passeio de barco é um item à parte do ingresso no Parque Nacional de Iguaçu e caso não se queira fazer, isso não significa que não vá conseguir ver as cataratas. Mas a graça da coisa, realmente, é estar ali embaixo, dizer que viu as quedas de pertinho, que quase se afogou nelas XD

Nós escolhemos fazer o passeio de maneira mais ‘radical’, chegando ao lugar em que pegaríamos ao barco caminhando por trilha no meio da mata. Por causa da chuva, não pudemos fazer o caminho principal, que passava - de acordo com nosso guia - por debaixo de uma outra cachoeira. O chão era todo de pedra, tinha muita água e limo, ficava escorregadio e era perigoso, e ninguém queria Lulu e Ísis caindo lá de cima e virando panquecas, não é mesmo?



Mas foi uma caminhada que valeu à pena. O parque tem várias trilhas e fizemos outra quando deixamos o passeio de barco e seguimos para a parte dos mirantes, que é onde fica o principal complexo de quedas do lado brasileiro: a Garganta do Diabo.



É difícil colocar em palavras o que é presenciar aquele espetáculo. É magnífico e nos faz nos sentir mais humildes, pequenos diante da força (e que força) da natureza.



Ísis: Já tinha ouvido falar muitas vezes desse lugar, “Garganta do Diabo”, mas nunca pesquisei o que era… Sempre achei que era algo tipo uma caverna num deserto, ou coisa assim. Que surpresa encontrá-lo nessa viagem. E é realmente lindo.




Só não ficamos mais tempo admirando, porque tínhamos (fome e) horário para voltarmos.


Lulu: De fato… depois de muitas fotos e muita admiração e tentativas de segurar a Ísis para ela não cair do mirante tirando as tais fotos, seguimos para a parte do almoço.

Assim… tenho de dizer que achei fraca a parte dos restaurantes lá. Muito caros e qualidade bem mediana para o preço. Próxima vez, valeria mais à pena levar na mochila um lanche reforçado e deixar para almoçar após deixar o Parque.

O mais interessante do almoço, contudo, não é a comida, mas a companhia: enquanto estávamos na praça de alimentação do parque, um sem número de quatis apareceram, alguns chegando a pular no meio da refeição dos nossos vizinhos de mesa. Bichinhos abusados, viu? Ou corajosos, a depender do ponto de vista, porque se meter no meio dos humanos daquela maneira exige coragem…



No processo, descobrimos a profissão “chacoalhador de pedras para espantar quatis”; uma função muito importante por lá considerando que, para além do fato de que a comida humana não faz muito bem aos quatis, eles atacam, mordem e podem transmitir raiva.


Ísis: E os bichinhos são corajosos mesmo, mal são espantados, voltam em menos de três minutos. Havia uns que mesmo com os “espantadores” mandando embora, só sumiam quando os tais profissionais chegavam bem perto, como se fossem chutar ou coisa assim.

E, sim, a comida deixou a desejar mesmo. Mas talvez porque ficamos nos lanches rápidos. Há um restaurante com self-service (custava mais ou menos uns 50 reais), e/ou a la carte, para quem preferir. Lulu e eu não fomos porque não comeríamos o suficiente para justificar esse valor, mas talvez nossa opinião quanto à comida fosse outra se tivéssemos tentado. Vale dizer, para quem interessar, que lá aceitam cartões.

Aliás, a lojinha de souvenires também aceita, e foi lá onde comprei um bocado de pins do parque (Lulu que achou pra mim! Obrigada, sua linda!). Os quatis são, por sinal, um dos símbolos da reserva, e a onça pintada, outro.

Depois de nosso tenro e molhado encontro com a natureza, voltamos para o hotel, exaustas, e passamos o resto da noite lendo fics.


Lulu: Na verdade, a gente deu um pequeno descanso e aí saiu correndo pra se arrumar para pegar o ônibus e visitar o Duty Free na Argentina, onde compramos… chocolate. E a Ísis encontrou um elefante da Amarula com que se abraçar.

É importante observar que muitos hotéis em Foz do Iguaçu têm serviços de transporte gratuitos para os hóspedes para visitar o Duty Free - eles recebem comissão pelas pessoas que visitam o local. Os preços são razoáveis - encontrei os perfumes que minha mãe queria mais barato aqui que no Paraguai - e o fato de que o transporte é gratuito significa que você pode ir todo dia se quiser.

A dica do guia - que repasso aqui - é fazer a visita ao Duty Free para ver preços, comparar com o que encontra em Ciudad del Este e, sendo o caso, voltar ao Duty Free para terminar de comprar o que tenha na sua lista.


SÁBADO, dia 7 de maio

Ísis: Olá, sol! Olá, mundo! Hoje é dia de alfajor.

Lulu: Não que eu tenha algo contra você conversar com o sol, mas, só tenho uma pergunta: que sol?

Ísis: Ele deve estar escondido em algum lugar. Não que eu vá saber, porque para onde quer que eu fosse, ele ia para o lado contrário. No Japão chovia quando vim para o Brasil; chego em Fortaleza, chuva; em Recife, fez sol no primeiro dia, mas, na volta, chuva; em Foz, mesma coisa: solzinho no primeiro dia, chuva em todos os outros...

Mas nada disso tirou nosso ânimo! De manhã, dirigimo-nos - ou melhor, dirigiram-nos - ao maior complexo hidrelétrico do mundo (em termos de produção): Itaipu. Para mim, foi interesse e curiosidade acadêmica, vez que volta e meia nos estudos, esbarro em informações, críticas e argumentos em relação a essa obra.



Lulu: Achei muito interessante a forma política como Itaipu foi engendrada, o fato de que o Paraguai, não tendo dinheiro para entrar com sua parte, fez um acordo com o Brasil para pagar cedendo energia a preço de custo por décadas. Muito em breve, eles terminarão de pagar essa dívida e acredito firmemente que isso significará um salto de industrialização para os paraguaios.



Mas, para ser sincera, o que mais me marcou em Itaipu não foi a engenharia em escala colossal, mas o singelo fato de ter uma bandeja para nos servirmos de café… no banheiro do mirante.

Tipo, ok, brasileiro é viciado em café, mas… no banheiro???


Ísis: Depois eu digo e ninguém me acredita....

Em seguida, fomos ao Paraguai! Pra quê? Para fazer compras. Porque, aparentemente, “é isso que brasileiro faz no Paraguai”… Que frase triste de se ouvir (e de se digitar)…


Lulu: Em nossa defesa, queríamos fazer o city tour da cidade também nesse dia, mas o horário chocava com o do passeio para o bar de gelo. Depois de ir pra cima e pra baixo, conseguimos marcar para poder conhecer a cidade na segunda de manhã, antes de seguir para o aeroporto. Mas mais da metade do pessoal da excursão só demonstrou interesse na parte das compras…

Ísis: Mas é realmente um complexo grande, o que eles têm bem na fronteira. São oito - ou eram 12? - quadras de comércio - e só comércio…

Há vendedores de tudo, mas tenha especial cuidado com os de meias. Eles rendem boas risadas depois, mas, na hora, quando te oferecem 2 pares de meia por 10 dólares, ou 12 pares, 15, 18 etc… e vão te seguindo na rua, é meio agressivo. Aparentemente, se tocar nas meias, tem que levar… Então, cuidado!

E foi justamente nessa caminhada, entre o Shopping del Este e o Shopping de luxo Mona Lisa, quando me ofereceram um namorado, ou um marido, e outra criatura logo em seguida me ofereceu ecstasy de forma não verbal. Engraçado foi que a Lulu não viu nada disso, apesar de estarmos literalmente conectadas na hora.


Lulu: Eu realmente não vi nada disso, porque estava mais preocupada em sair abrindo caminho, segurando a mão da Ísis para não nos separarmos e praticamente arrastando-a atrás de mim.

Mas, de fato, para andar por lá, tem de ser de mão dada ou a gente se perde no vuco vuco. É muita gente… Fora o trânsito absolutamente caótico (NÃO HAVIA NEM UM SEMÁFORO EM NENHUM CRUZAMENTO POR ONDE PASSAMOS EM CIUDAD DEL ESTE! NENHUM!!!), ruas sujas e cheias de terra…

Quem vai a Ciudad del Este e fica apenas no distrito comercial sai de lá com uma ideia errônea sobre a cidade. Se não tivéssemos feito o passeio para conhecê-la depois, teríamos dito que tínhamos estado na Índia.

Ou, talvez, numa sucursal do Inferno, a depender do seu nível de proteção de espaço pessoal…


Ísis: Nada disso importa, quando se tem alfajores, oreos, chocolates, e amarula, em todo lugar!

Aliás, considerando que Amarula é (um licor) da África do Sul, por que raios tinha tanto pra vender, e tão barato?!?!?!


Lulu: No idea

Ísis: Voltando ao roteiro, acho que esse foi o dia mais movimentado da viagem, vez que fizemos passeios de manhã, à tarde e à noite, e cada um em países diferentes. Depois de deixar as compras paraguaias no hotel e tomarmos banho, foi a vez de entrarmos no ônibus de dois andares para a Argentina. Ficamos no 2° andar, no banco da frente. Deu pra esticar as pernas e acenar para os plebeus na rua. Demorou um pouco no controle de fronteiras, mas enfim chegamos ao paraíso! Degustação de queijos, doce de leite e alfajores! Pra que mais que isso?

E Lulu enfim comeu o bendito bife de chorizo do qual ela sentiu tanta falta, e do qual ela tanto falou desde o começo dessa viagem… Devo dizer que é bom mesmo.


Lulu: Bife de chorizo!!!! Minha gente, eu estava maluca para comer esse negócio. Não se trata do nosso chouriço, mas de um corte de carne nobre, tirada do miolo do contrafilé. Ele é grosso, bem suculento, macio, uma das melhores carnes que já provei.

Ísis: Tem também uma lapa de gordura nele, mas é facilmente removível.

Lulu: Se a Ísis estava sonhando com todos os alfajores que ela ia comer na Argentina, meu negócio era ter oportunidade de me deliciar com o bendito bife de chorizo.

Negócio foi o seguinte: nós atravessamos a fronteira para uma cidadezinha argentina chamada Puerto Iguazú, onde fizemos uma breve parada para as degustações e também para o jantar. E, de lá, seguimos para o já muito citado Bar de Gelo.



Ísis: Fomos as primeiras a descer do ônibus e entrar na fila para pagar. O bar tem um sistema cronologicamente controlado. É preciso fazer reserva de horário, e só se tem meia hora no bar. Enquanto esperávamos, batemos fotos do lado de fora, que é bem lindinho. Ao entrarmos na antecâmara, começou a diversão: deram-nos casacos, daqueles de usar para esquiar, e luvas bem grossas. Eu comecei a suar ali… Ainda bem que era só casaco, porque se tivesse as calças também, eu acho que tinha sufocado…


Lulu: Conforme as informações que nos foram dadas, na antecâmara faz cinco graus negativos, ao passo que no bar, são -10°C.

A Ísis jura de pés juntos que não era essa a temperatura, que estava mais quente, mas eu mantenho minha teoria que a comparação dela com climas abaixo de zero envolvem vento, fora de ambientes cheios de gente pulando, berrando e tirando fotos, de forma que a sensação térmica é, muito possivelmente, menor.

O fato é que EU estava com muito frio, enquanto a Ísis estava pronta para fazer uma striptease. Ela de fato chegou a tirar o casaco, para ficar de vestido sem manga enquanto eu tentava subir mais as luvas pelos braços para ver se conseguia esquentar mais.

O que, mais uma vez, prova minha teoria de que a Ísis tem couro de sapo.


Ísis: Não sabia que você estava com frio a esse ponto… oO

Eu sou uma elefanta. Temos pele sensível ao sol, mas ninguém disse nada sobre frio… XD

Mas, voltando, os copos do bar são de gelo! Tem também umas estátuas com as quais tirar foto (antes que derretam). Os drinks eram uma delícia! Não sou muito de beber álcool, não, mas me arrependi de não ter pedido pelo menos mais outro de chocolate. Só deu tempo experimentar esse e o de melancia, ambos muitos bons!

Terminamos o dia com muitos quilos a mais de bagagem (eu com calorias, e Lulu com álcool).


Lulu: Eu… não entendi sua referência a álcool. Especialmente a se considerar que minha inteira experiência com álcool nesse dia foi beber exatamente um gole dos dois copos de drinks que VOCÊ pediu.

A não ser que você esteja falando da saca de perfumes que minha mãe me pediu para levar. Aí são outros quinhentos…


Ísis: É exatamente disso que estou falando! Lulu fez uma verdadeira saga na busca dos perfumes que a tia pediu… e quando voltamos a Recife, ela ainda queria mais! XD

Mas, só para constar, o drink de chocolate e o de melancia, que foram os únicos que tive tempo de pedir, eram deliciosos! Não sou muito de beber nada alcoólico, mas me arrependo de não ter pedido mais um de chocolate… São apenas trinta minutos que vão embora bastante rápido!!


Lulu: O fato é que chegamos ao hotel já perto de meia-noite, com a Ísis ainda elétrica e pronta para sair quicando por aí. Por sorte, o dia seguinte seria livre, de forma que não tínhamos muita preocupação em acordar extremamente cedo como nos outros dias...

DOMINGO, dia 8 de maio

Lulu: Eis então que chega o domingo, dia das mães e… lá estávamos nós, à distância de metade do país das nossas respectivas genitoras.

(A mãe da Ísis deve ter ficado danada da vida comigo, porque a filha veio lá do outro lado do mundo e em vez de ficar em casa para passar o dia das mães com ela, foi viajar comigo…)


Ísis: E quando liguei pra mamãe, Lulu ainda deu feliz dias das mães a ela antes que eu! Como ousas?!?! XP

Lulu: Não havia uma programação específica para o dia, então nos aproveitamos, pela manhã, do transporte oferecido gratuitamente para o Dreamland, um edifício repleto de atrações, onde visitamos o Vale dos Dinossauros e salão das Maravilhas do Mundo.

Fomos mais pelo fato de que tinha a possibilidade do transporte do que por vontade mesmo, mas, caramba, foi uma das paradas mais divertidas da viagem e rendeu as fotos mais hilárias da semana.



Ísis: Inegável. Esse provavelmente seria o passeio dos sonhos do Dé, que é fã de Jurassic Park. Como ele não estava, aproveitamos por ele… Eu adorei a sensação que o parque cria! Claro que os dinossauros não são de verdade - são autômatos cuja maioria moviam alguma(s) parte(s) do corpo. Para aumentar a imersão na experiência, a mata era verdadeira, e densa o suficiente para separar cada um, e todos tinham algum som característico. Muito bom!



Já o Maravilhas do Mundo, Kolory e Sortudo que aproveitaram mais. HUAHUAHUAHUA!


Lulu: Fotos que aparentemente sumiram do meu computador, mas eu acho depois... Ou talvez sejam os vídeos, mas nossos vídeos ficaram uma pagação de mico maior do mundo e esses nós não vamos deixar públicos.

Em suma… Dreamland é um negócio pelo qual, inicialmente, tu não dás nada (exceto se você vai com criança), mas acaba sendo extremamente divertido se você vai de espírito aberto.

Terminado nosso passeio no Dreamland, voltamos para o hotel, ficamos lagarteando um pouco, esperando a chuva que começara passar e então partimos numa grande aventura pelas ruas de uma cidade fantasma.

Não, tô falando sério.... Não sei se porque era domingo, se por ser dia das mães, se por estar chovendo ou se porque tinha acontecido um show do Safadão na noite anterior (informação que nos foi dada por um taxista quando estávamos já retornando ao fim do dia) - o fato é que não havia viva alma no percurso que fizemos entre nosso hotel e o centro da cidade.

Não tinha nem cachorros vira-latas andando por ali! Não sei se a questão foi o percurso que fizemos tentando encontrar o centro (sim, fomos a pé e sim, nos perdemos algumas vezes) ou se foi a ocasião ou se de fato a cidade é parada daquela maneira nos fins de semana. O fato é que foi uma caminhada meio estranha.

Mas, felizmente, chegamos ao centro (e a uma Pizza Hut) tranquilamente, nos enchemos de pizza, enfrentamos a garoa para ficar subindo e descendo a rua para ver se encontrávamos algo de diferente… e finalmente, quando nos demos conta de que talvez estivéssemos nos expondo demais, especialmente pela chuva que ia e voltava, pegamos um táxi e voltamos para o hotel, para aproveitar um pouco a preguiça…


Ísis: Fazia tanto tempo que não comia na Pizza Hut que até hoje sonho em voltar naquela loja e pedir aquele mesmo sabor, de tão bom que estava!!!!

Quando voltamos ao hotel, Lulu arrumou as malas pela milésima vez, e eu também comecei a organizar a minha, para que não perdesse a cabeça com isso no dia seguinte. Isso porque ainda faríamos passeio de dia, e estávamos previstas para partir partir para o aeroporto à tarde, então quanto menos coisas para fazer nesse ínterim, melhor.

Aliás, fica a dica: nunca deixe para arrumar suas malas perto da hora de viajar, pois corre o grande risco de você atrasar ou esquecer algo… E aí imagina a dor de cabeça para recuperar… SE é que é possível…

Bem, deu tudo certo, e eu dei baixa em um alfajor nessa mesma noite.


SEGUNDA, dia 9 de maio

Lulu: Nosso último dia em Foz começou tranquilo. Tomamos café, terminamos de nos arrumar e fomos para a recepção esperar o receptivo que nos levaria para fazer o city tour por Ciudad del Este.


A Ponte da Amizade

Na fronteira, pegamos um bocado de trânsito, afinal, era manhã cedo de uma segunda, o que significa que muita gente estava indo para o trabalho do outro lado ou para fazer compras ou outra coisa do tipo. Foi mais de uma hora para um percurso que, sem trânsito, não levaria vinte minutos. Mas creio que essa demora já estava dentro da expectativa, porque conseguimos começar o city tour no horário previsto.

Tenho de dizer que Ciudad del Este me conquistou. Passada a agonia do distrito comercial, a cidade se revela com avenidas amplas, limpas e bem cuidadas. Continua não tendo semáforos, mas de alguma forma isso funciona para eles, então, quem sou eu para entrar em parafuso?


Ísis: O lugar é charmoso, tranquilo, e tem uma sopa deliciosa! Lu, explica aí!

Lulu: Ok, então… aparentemente, o prato nacional do Paraguai é a sopa… só que a sopa paraguaia é mais parecida com o nosso cuscuz que com a nossa sopa (que lá eles chamam de caldo). Conta a história que o prato surgiu por um erro da cozinheira de um dos presidentes, que largou farinha de milho no caldo e, bem, ficou por isso mesmo.


Sopa que não é sopa

Enfim… visitamos duas igrejas no caminho - a Catedral São Brás, toda de pedra, parecida com um barco (o de Noé), e a Igreja São Lucas, onde tem a imagem da nossa senhora padroeira do mate - a erva, não o verbo - que decidimos adotar como nossa padroeira já que somos duas viciadas em chá mate.



Também fomos a uma mesquita, onde tivemos de tirar sapatos, colocar véu e saia, e fomos muito bem recebidos e responderam todas as nossas perguntas.



Mas o lugar que mais gostei fica um pouquinho fora da cidade: o parte do Salto Monday. Isso porque, embora as cataratas no parque do Iguaçu sejam mais imponentes… o parque é um pouco mais isolado, e nosso grupo ficou praticamente sozinho para explorar. E, caramba, eu, pelo menos, ficaria horas sentada por ali, entre o verde e a água. É um lugar que passa uma tranquilidade maravilhosa.



Se tivéssemos mais tempo, seria um lugar em que eu teria passado o dia, tirado um caderno da bolsa e me posto a escrever. Porque é o tipo de lugar que te convida a se inspirar.

Terminamos nosso city tour e pegamos o transporte de volta para o hotel quase em cima da hora do checkout… mas ainda deu tempo para tomar banho, fechar mala de vez e depois foi só esperar para voltar pra casa.

Pegamos bastante turbulência no voo de Foz a São Paulo e eu enjoei e tive que tomar remédio… A Ísis achou companhia na vizinha de cadeira, que, salvo engano, era uma canadense (ou uma australiana)?


Ísis: Canadense, salvo engano. Não esperava por essa, mas foi legal conversar com alguém que veio ao nosso país pela primeira vez, que estava mochilando e que estava gostando. Demos dicas como pudemos! :)

Lulu: O fato é que no voo de São Paulo para Recife eu apaguei profundamente e só acordei quando já estávamos chegando. Duas da manhã estávamos em casa e assim terminou nossa aventura por Foz...

TERÇA, dia 10 de maio

Ísis: Lulu havia me prometido que iríamos pra piscina do novo prédio dela (piscina infinita!!!), mas o dia começou chovendo e estávamos super cansadas da viagem, então passamos a manhã dando uma de gatos... e lendo fanfics.

Porém, outra coisa que a Coruja prometeu à Elefanta foi caminhadas (quase) todos os dias durante a viagem… E, mesmo com chuva (DE NOVO!?), lá fomos nós Recife a fora. Os últimos três dias do nosso encontro em 2016, na verdade, resumem-se a: andar, cafés (para comer doces), encontro com velhos amigos (ou novos, a depender de qual das duas se toma como referência), sessão de pilates, assistir a Norte e Sul (do qual há tempos Lulu me fala… e eu AMEI) e muita choradeira. Nesse interim, encaixam-se: pés feridos (Ísis), queda (Lulu), jantar com diálogos quase 100% em inglês e tentativa de nos enganar com cartão de loja… Essa foi última foi triste… >.< No último dia… A gente já acorda sentindo o ar mais pesado… A tristeza da despedida iminente sempre é um fardo até o momento em que chega. Porém, aproveitamos o quanto pudemos, e nada pode ser melhor que isso. Aliás, Lulu me deu um pacote cheio de deliciosos brindes, e uma carta… que preciso responder ainda… e vou saindo de fininho antes que a Rainha mande cortar minha cabeça. Espero que tenham aproveitado nosso relato. Abraços, e até a próxima! ^_____^ /



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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.

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