11 de junho de 2015
Para ler: Perdido em Marte
Então esta é a situação: estou perdido em Marte. Não tenho como me comunicar com a Hermes nem com a Terra. Todos acham que estou morto. Estou no Hab projetado para durar 31 dias. Se o oxigenador quebrar, vou sufocar. Se o reaproveitador de água quebrar, vou morrer de sede. Se o Hab se romper, vou explodir. Se nada disso acontecer, vou ficar sem alimento e acabar morrendo de fome. Então, é isso mesmo. Estou ferrado.
Creio que desde o ano passado ouço comentários elogiosos sobre o livro de Andy Weir – gente que tenho em alta conta e que entende tanto de literatura quanto de ciência. Um dos principais pontos colocados sobre Perdido em Marte tem sido o quão plausível é a ciência da história e esse é o tipo de detalhe que muito me interessa em ficção científica.
Passei um bom tempo namorando o livro, bem como acompanhando detalhes sobre a produção do filme, previsto para estrear no fim do ano, com Matt Damon no papel do protagonista. Coisa de um mês atrás, consegui o livro numa das minhas trocas habituais e quase que imediatamente me pus a ler.
A história, em capítulos curtos correspondentes às entradas do diário de bordo do astronauta Mark Watney – deixado em Marte em meio a uma tempestade, dado como morto pelo resto da tripulação com que trabalhava – entremeia-se com capítulos que mostram as reações na Terra à sua morte e depois da descoberta de que ele continuava vivo, bem como dos outros astronautas da missão Ares 3.
Acompanhamos os esforços de Watney para sobreviver a condições quase impossíveis, em especial o problema da comida e da comunicação, e ao mesmo tempo assistimos os esforços de um mundo inteiro que se solidariza com a situação do astronauta náufrago.
Perdido em Marte merece, de fato, todos os elogios que lhe têm sido feitos. Watney é engenheiro e botânico, e sabe combinar seus conhecimentos com muito bom senso e humor. Mesmo sabendo que está correndo contra o tempo e quase tudo está contra ele, Watney não desiste – ele faz planos, testa suas engenhocas, tagarela sobre ciência, escuta música disco, lê Agatha Christie e planta batatas no solo estéril de Marte.
Considerando o quão desesperadora é a situação do protagonista, é curioso perceber o quão divertido é o livro – e isso se deve principalmente à personalidade de Mark Watney. Existe bastante tensão, especialmente da parte do pessoal que está às voltas com montar a missão de resgate, bem verdade. Mas esquecemos por vezes o fato de que ele está completamente sozinho num planeta inóspito, sem comida suficiente para sobreviver até que uma missão possa ser montada para seu resgate, sem condições de se comunicar com seus colegas ou com a NASA para dizer que está vivo, tudo porque ele faz digressões sobre Aquaman e sobre séries antigas de TV, reclama que não aguenta mais ouvir música disco e, de uma forma geral, fala de si mesmo e de seu caso com boas doses de ironia e disposição para fazer o que tem de ser feito.
Ainda que Watney roube a cena, todo o elenco do livro é bastante simpático. Talvez uma das grandes sacadas da história seja a forma como as circunstâncias do astronauta perdido ecoam na Terra e mobilizam uma grande rede de solidariedade – esperança e humanidade são peças-chaves no livro.
Já estava bem ansiosa pelo filme, porque gosto muito da atuação do Matt Damon e, com alguns senões, também admiro o trabalho do Ridley Scott. Após ter lido o livro e assistido o trailer, fiquei ainda mais empolgada. Quero crer que será um dos grandes filmes desse ano. Vamos ver no que vai dar...
Nota:
(de 1 a 5, sendo: 1 – Não Gostei; 2 – Mais ou Menos; 3 – Gostei; 4 – Gostei muito; 5 – Excelente)
Ficha Bibliográfica
Título: Perdido em Marte
Autor: Andy Weir
Tradução: Marcello Lino
Editora: Arqueiro
Ano: 2014
Número de páginas: 336
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