22 de abril de 2014

Para ler: Hyperbole and a Half - Unfortunate Situations, Flawed Coping Mechanisms, Mayhem, and Other Things That Happened

Eu não planejava investigar a origem do barulho, porque, como vocês já sabem de assistir filmes de terror, pessoas que investigam barulhos morre.

Mas então o cachorro do vizinho começou a rosnar e ganir. Eu olhei para Duncan e disse “Você está escutando isso?” Ele disse “escutando o quê?” E eu disse a ele que eu achava que o cachorro do vizinho estava sendo morto por alguma coisa. Ele me disse para parar de ser boba – o cão provavelmente estava apenas brincando.

Mas eu tinha certeza de que havia alguma coisa errada.
Eu vi esse livro numa lista de sugestões de presentes de natal no io9 e o título me chamou enormemente a atenção. Na mesma hora, eu estava indo atrás dele e não demorou muito uma vez que eu o tivesse conseguido, para que eu começasse a ler.

Hyperbole and a Half é um livro absolutamente HILARIANTE. Combinados com as ilustrações que parecem ter sido feitas por uma criança de dez anos no Paint, os textos curtos e recheados de sarcasmo são narrados num tom que convida à intimidade.

O (longo) título diz tudo o que você precisa saber sobre o livro e o tipo de humor um tanto auto-depreciativo que permeia todo o volume – um humor que me é muito familiar na minha lide diária de tentar me manter mais ou menos sã em meio a todos os compromissos e complicações com que tenho de conviver.

Os capítulos se alternam entre memórias (variando de se embebedar de bolo e açúcar, até cartas mandadas pelo seu eu de dez anos, até aquela ocasião em que você, sua mãe e sua irmã se perderam na floresta), mecanismos de sobrevivência (desde convencer a si mesmo a fazer alguma coisa até a convivência com a depressão) e a confusão causada pelos dois cães da autora – o cão simples e o cão ajudante, que são tão neuróticos e absurdos quanto a dona e toda vez que eles apareciam eu não sabia se era para rir ou chorar com a loucura dos dois.

Após minha leitura descobri que a autora mantém um blog, que foi a inspiração e pontapé original do livro. Lá estão as minhas histórias favoritas na coletânea, como a The Good of Cake e Adventures in Depression.

Aliás, é interessante como a autora trabalha temas sérios, como a questão da depressão. Há humor, sim, mas não é um humor crasso, nem nada que aperte algum botão de alerta – pelo contrário, existe empatia e mesmo enquanto deixava escapar risinhos maníacos eu tinha consciência de estar vendo naquelas páginas algo com que eu mesma me identificava, que eu podia perfeitamente compreender.

Enfim, eu recomendo esse livro (ou o blog) para qualquer um que esteja querendo dar risadas, para todos que percebem que a vida muitas vezes é insana e bizarra e temos de seguir em frente da forma que der – seja com uma autocrítica madura, seja se chantageando para levantar do sofá e ir lavar a pilha de pratos sujos que você deixou acumular.


A Coruja


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