4 de outubro de 2013
180º - Transporte
Olá a todos! Faz um tempinho, hein?
Bom, vou direto ao assunto para combinar com o tema, afinal, um bom meio de transporte tem que ser rápido, prático e, de preferência, barato também. Sim, o tema da vez é transporte (coletivo).
Faz-se necessário, porém, reiterar o fato de que eu não sou especialista no assunto. Essas são meras observações que tenho feito.
Vou começar com os carros particulares. Não sei como fica nas suas respectivas cidades, mas, na minha, a certas horas do dia, o trânsito é um horror. Salvo engano, isso é uma situação recorrente no nosso país.
Em Nagoya, porém, tenho notado uma certa falta de carros, se compararmos o poder de compra, a população e (taxas de) estacionamento. Para começar, embora tudo seja mais caro no Japão, que no Brasil (exceto frutas – acho que vou abrir um 180º só pra esse assunto – e provavelmente uma coisa ou outra), o salário/rendimento dos japoneses (e a estabilidade no emprego) é bem mais alta. Embora a legislação trabalhista aqui seja bem fraca, funcionando mais com base nos costumes, eles ganham bem mais (a quantidade de horas que trabalham é sujeita a comentários à parte, contudo).
O segundo ponto, a população (especificamente de Nagoya), não é assim tão maior que muitas das grandes cidade brasileiras. Rio de Janeiro sozinha tem mais ou menos o triplo da população daqui, Recife tem menos, Fortaleza e Brasília têm um pouco mais (são quase iguais). Por curiosidade, São Paulo tem 6 vezes mais gente que Nagoya, com apenas cerca de 3-4 vezes mais espaço, o que torna injusto comentar uma comparação.
Nessa análise, reter-me-ei às especificidades entre as minhas cidades de estudo: Fortaleza e Nagoya. Ambas têm aproximadamente a mesma população (pouco mais de dois milhões) e a mesma área geográfica (pouco mais de 300km²).
E para completar a lista dos três fatores acima, um pequeno comentário sobre o preço de estacionamentos. Inicialmente eu achava que estacionamento no Japão era caro, justamente pra desencorajar o veículo privado (confesso que, se fosse prefeita, a depender do caso da cidade e das políticas em andamento ou futuras, promoveria essa ideia). Contudo, tenho visto que os preços não são lá tão exorbitantes quanto pensei. Sendo mais específica, em Nagoya paga-se mais ou menos o valor da hora de São Paulo (para estacionamento, que são uns R$6, né?). Embora isso seja o dobro dos shoppings de Fortaleza (com a exceção do Centro, a maioria dos estacionamentos que conheço, dentro e fora de shoppings, são por volta de R$2,00 ou R$3 a hora; corrijam-me se estiver errada), se se considerar que imóvel no Japão, em geral, é caro pra caramba (eis por que muitos apartamentos e casas são minúsculas, comparadas às nossas), esse valor não é assim tão alto.
O último fator que faz de Nagoya ter uma desvantagem nesse aspecto: a (cidade) Toyota é nossa vizinha (chego lá de metrô, inclusive), e eu já visitei a FÁBRICA dessa marca, que é uma das mais eficientes e modernizadas (para não dizer robotizadas) do mundo. Eu nunca vi tantos robôs juntos... e trabalhando com um sistema Ford automatizado... é incrível! E essa produção ocorre montando carros diferentes nas mesmas esteiras, pois os carros são montados por encomenda. Ou seja, se eu quiser um Ísis (conhecido no Brasil como Hilux \o/, salvo engano) rosa, ele pode perfeitamente bem, na fábrica em Toyota, ser montado depois de um Corolla preto e um Etios verde, por exemplo. Tudo isso e carro no Japão é relativamente barato, e o combustível não é tão caro, principalmente porque eles são líderes em carros econômicos (alguns carros elétricos já rodam as estradas aqui – e tem abastecimento pra isso).
Afora a Toyota, três fábricas da Honda ficam relativamente próximas daqui, e a Mitsubishi também tem algumas ações por aqui (como uma sede de pesquisa e desenvolvimento).
Ou seja, se fosse numa cidade como São Paulo, o número de carros seria enorme e o trânsito seria um caos. Todavia, mesmo nos horários de pique, o número de carros não é assim tão grande. E vamos agora a uma análise do porquê.
O mais importante, provavelmente, é a fantástica linha ferroviária japonesa, incluindo em Nagoya. Dentro da cidade rodam carros particulares, taxis, ônibus (com ar-condicionado, mas quase sempre vazios), metrô e trens (urbanos e interurbanos), afora as várias bicicletas e algumas motocicletas/motonetas. Os trens e ônibus, não sei COMO, chegam e partem no exato horário em que está previsto – aliás, a única vez em que o metrô atrasou comigo (é claro que terremotos também abrem exceções, como já aconteceu há uns dois meses, por exemplo) foi quando tinha um assediador sexual no metrô.
Aliás, vou abrir um parêntesis aqui. Assédio sexual no metrô é uma coisa recorrente aqui no Japão. Como tem horários em que o metrô fica lotado, ao ponto de às vezes precisar que os funcionários fiquem na plataforma para empurrar os passageiros pra dentro do vagão, fica impossível não encostar uns nos outros – coisa que os japoneses verdadeiramente detestam, pelo visto. Ao mesmo tempo, parece que o índice de tarados aqui também é maior; nunca li nada científico sobre o assunto, mas a quantidade de casos de calcinhas roubadas (por sinal, aconteceu com uma amiga minha) e garotas tendo as saias levantadas é grande.
O número de mulheres atacadas nos vagões de metrô também cresceu ao ponto de que alguns vagões, no horário pré-determinado (de pique), são destinados APENAS a mulheres. Sim, só mulheres podem entrar nesses vagões em determinado horário; logicamente, se não for durante esse período, é um vagão normal em que homens, mulheres e godzillas entram com os mesmos direitos.
Fora esses vagões, há uma campanha PESADA contra o assédio. O que ocorre na maioria das vezes é que as assediadas não dizem nada, não delatam, e, assim, contribuem ainda mais para a ocorrência desse crime (sim, é crime agora). Assim, há pôsteres em TODAS as estações (pelo menos as de metrô, que é o meio que mais uso) avisando para não cometer, pois é crime, e, se alguém for vítima, não ficar calada.
Nesse dia em que vi acontecer, o assediador (que visivelmente tinha alguma deficiência mental) estava bulinando a menina a minha frente. Só que tinha tanta gente que não dava para ver, mas notei que ela estava desconfortável e, por isso, mantive o olhar direto no cara pra ver se via alguma coisa que pudesse justificar alguma ação de minha parte. Porém, enquanto ele estava próximo, era apenas a bolsa que estava encostando na traseira dela – e isso eu não posso acusar, né? Só que depois a menina deslocou-se no trem, e eu notei ele ir pouco depois no mesmo sentido.
Próxima coisa que eu sei, o operador do trem, na estação seguinte, entrou furioso pela porta ao meu lado, e, antes de ele voltar com o assediador pela gola e empurrá-lo pra fora do vagão, já haviam juntado dois ou três funcionários do metrô na plataforma, os quais detiveram-no. Ficamos uns sete minutos parados lá, e, nesse meio tempo, surgiram mais garotas dizendo que haviam sido bulinadas, inclusive uma cuja traseira ele apalpou mesmo.
Me arrependi de não ter ajudado a menina na hora, mas pelo menos agora já sei pelo que ficar alerta. A próxima garota que sofrer isso perto de mim não ficará sem ajuda... >.< Mas nunca vi um japonês – que não estivesse bêbado – com tanta raiva. Enfim, voltando ao assunto em pauta. Com tantos meios de transporte pontuais, rápidos e relativamente baratos (o ônibus custa uns R$5 e uma passagem de metrô não passa de R$6 – e nos fins de semana/feriados, a ecopassagem que vale para uso do metrô e do ônibus custa mais ou menos R$15, podendo ser usada o dia inteiro), não é tão difícil se deslocar pela cidade – e pelo país, em geral – sem veículo próprio. É claro que nem tudo é as mil maravilhas. Tantos trens e respectivas estações, por outro lado significa que os moradores sofrem com todo o barulho. A diferença no Japão, entretanto, é que não se reclama disso, posto que é um benefício para o coletivo. Aliás, um costume forte do japonês pode ser resumido em “não quero incomodar ninguém”; ou seja, se é bom para todos (inclusive para si), não se reclama – pelo menos não tanto quanto em outros países. Quando tiver um pouco mais de observações, farei uma edição sobre a psique dos japoneses. Se você quiser ir mais longe, contudo, é óbvio que as passagens ficarão mais caras (exceção na Europa, por causa das companhias low cost, que são realmente baixo custo mesmo entre países. Enfim, para ir mais longe, embora possa-se fazer a viagem de trem interurbano, seriam necessárias inúmeras trocas (ou norikae, em japonês) e muitas horas, a depender de quão longe. Assim, é preferível trem-bala (shinkansen) ou avião. Andar de trem-bala é uma experiência e tanto; é rápido, mas você mal sente, e é super-confortável, e eles vão de norte ao sul, embora ainda haja muito a se construir (e o governo/as companhias férreas estejam trabalhando duro nisso). A desvantagem, é claro, é que é caro, mas só para quem mora no Japão.
Sim, é isso mesmo, para quem mora aqui. Interessantemente, se você não mora na Terra do Sol Nascente, e vem como turista ou residência curta (salvo engano), você pode adquirir um Japan Rail Pass. Foi-me dito que apenas se pode adquiri-lo fora do Japão, mas, pelo que andei lendo, basta mostrar o visto aqui no balcão da JR (Japan Railways). Pelo sim, pelo não, recomendo comprar antes de vir pra cá. Existe três tipos: de uma, duas ou três semanas, salvo engano, e custa mais ou menos trezentos dólares o de uma semana. Se a intenção é viajar pelo menos umas 5x se excluir o trecho Tokyo-Kyoto, ou uma ida e volta Tokyo-Kyoto mais uma terceira viagem, já vale a pena adquiri-lo. O JRP só não compensa mesmo pra quem não pretende sair pelo Japão. Ele também pode ser usado nos trens locais e regionais da JR, além de outros serviços da companhia, como linhas de ônibus e barcas. Há exceções (três ou quatro, se não me engano), mas são poucas, e estão inumeradas no site e mesmo na “passagem”.
Em alguns casos, sai mais barato viajar de trem-bala do que avião (um exemplo é se tiver o JRP, por exemplo), mas o contrário também ocorre. Recentemente criaram-se companhias low cost por aqui, como a Jetstar, que faz voos tradicionalmente caros (como daqui de Nagoya para Sapporo, capital da maior ilha do Japão, Hokkaidou, no norte do arquipélago). Viajei há pouco tempo por essa companhia para a grande ilha do sul (Kyuushuu), e foi mais barato que ir de ônibus, meio usualmente mais barato.
A respeito dos ônibus interurbanos, viajar neles é relativamente tranquilo também, posto que as rodovias são bastante bem cuidadas e os ônibus relativamente confortáveis. Digo “relativamente”, porque é como ir de classe supereconômica num avião, ou seja, o espaço é bem limitado (a menos que se pague mais por um ônibus mais caro). Porém, costumam parar a cada 1 ou 2 horas (a depender do trecho) nas incontáveis ilhas de descanso ao longo das estradas, onde sempre há banheiros bem cuidados (não necessitam pagamento), lixeiras e alguma loja aberta para comprar-se bebidas ou lanches.
E, para fechar essa seção, voltando para as linhas férreas, um pequeno fato que não poderia deixar de comentar. Se alguém pretende ir a Tokyo, prepare-se para se perder, mesmo com um mapa do metrô/trens urbanos.
Dêem uma olhada no mapa acima (que nem em japonês está, só para entenderem que não falo da língua), e me digam se não ficaram tontos só de ver. Vou complicar ainda mais: na mesma plataforma do metrô, pode passar mais de uma linha.
Tokyo é do tipo da cidade em que você pode ir a qualquer esquina dela usando a linha férrea. Para tanto, contudo, provavelmente será necessário fazer pelo menos uma troca, mesmo porque existem duas companhias de metrô que, embora tenham algumas estações conectadas, não permitem que você use a mesma passagem. Em outras palavras, se eu estiver em Ikebukuro, por exemplo (onde eu normalmente fico mesmo), terei de fazer pelo menos uma troca de empresa/meio (e pagar outra passagem):
É mole?
A Elefanta
Bom, vou direto ao assunto para combinar com o tema, afinal, um bom meio de transporte tem que ser rápido, prático e, de preferência, barato também. Sim, o tema da vez é transporte (coletivo).
Faz-se necessário, porém, reiterar o fato de que eu não sou especialista no assunto. Essas são meras observações que tenho feito.
Vou começar com os carros particulares. Não sei como fica nas suas respectivas cidades, mas, na minha, a certas horas do dia, o trânsito é um horror. Salvo engano, isso é uma situação recorrente no nosso país.
Em Nagoya, porém, tenho notado uma certa falta de carros, se compararmos o poder de compra, a população e (taxas de) estacionamento. Para começar, embora tudo seja mais caro no Japão, que no Brasil (exceto frutas – acho que vou abrir um 180º só pra esse assunto – e provavelmente uma coisa ou outra), o salário/rendimento dos japoneses (e a estabilidade no emprego) é bem mais alta. Embora a legislação trabalhista aqui seja bem fraca, funcionando mais com base nos costumes, eles ganham bem mais (a quantidade de horas que trabalham é sujeita a comentários à parte, contudo).
O segundo ponto, a população (especificamente de Nagoya), não é assim tão maior que muitas das grandes cidade brasileiras. Rio de Janeiro sozinha tem mais ou menos o triplo da população daqui, Recife tem menos, Fortaleza e Brasília têm um pouco mais (são quase iguais). Por curiosidade, São Paulo tem 6 vezes mais gente que Nagoya, com apenas cerca de 3-4 vezes mais espaço, o que torna injusto comentar uma comparação.
Nessa análise, reter-me-ei às especificidades entre as minhas cidades de estudo: Fortaleza e Nagoya. Ambas têm aproximadamente a mesma população (pouco mais de dois milhões) e a mesma área geográfica (pouco mais de 300km²).
E para completar a lista dos três fatores acima, um pequeno comentário sobre o preço de estacionamentos. Inicialmente eu achava que estacionamento no Japão era caro, justamente pra desencorajar o veículo privado (confesso que, se fosse prefeita, a depender do caso da cidade e das políticas em andamento ou futuras, promoveria essa ideia). Contudo, tenho visto que os preços não são lá tão exorbitantes quanto pensei. Sendo mais específica, em Nagoya paga-se mais ou menos o valor da hora de São Paulo (para estacionamento, que são uns R$6, né?). Embora isso seja o dobro dos shoppings de Fortaleza (com a exceção do Centro, a maioria dos estacionamentos que conheço, dentro e fora de shoppings, são por volta de R$2,00 ou R$3 a hora; corrijam-me se estiver errada), se se considerar que imóvel no Japão, em geral, é caro pra caramba (eis por que muitos apartamentos e casas são minúsculas, comparadas às nossas), esse valor não é assim tão alto.
O último fator que faz de Nagoya ter uma desvantagem nesse aspecto: a (cidade) Toyota é nossa vizinha (chego lá de metrô, inclusive), e eu já visitei a FÁBRICA dessa marca, que é uma das mais eficientes e modernizadas (para não dizer robotizadas) do mundo. Eu nunca vi tantos robôs juntos... e trabalhando com um sistema Ford automatizado... é incrível! E essa produção ocorre montando carros diferentes nas mesmas esteiras, pois os carros são montados por encomenda. Ou seja, se eu quiser um Ísis (conhecido no Brasil como Hilux \o/, salvo engano) rosa, ele pode perfeitamente bem, na fábrica em Toyota, ser montado depois de um Corolla preto e um Etios verde, por exemplo. Tudo isso e carro no Japão é relativamente barato, e o combustível não é tão caro, principalmente porque eles são líderes em carros econômicos (alguns carros elétricos já rodam as estradas aqui – e tem abastecimento pra isso).
Afora a Toyota, três fábricas da Honda ficam relativamente próximas daqui, e a Mitsubishi também tem algumas ações por aqui (como uma sede de pesquisa e desenvolvimento).
Ou seja, se fosse numa cidade como São Paulo, o número de carros seria enorme e o trânsito seria um caos. Todavia, mesmo nos horários de pique, o número de carros não é assim tão grande. E vamos agora a uma análise do porquê.
O mais importante, provavelmente, é a fantástica linha ferroviária japonesa, incluindo em Nagoya. Dentro da cidade rodam carros particulares, taxis, ônibus (com ar-condicionado, mas quase sempre vazios), metrô e trens (urbanos e interurbanos), afora as várias bicicletas e algumas motocicletas/motonetas. Os trens e ônibus, não sei COMO, chegam e partem no exato horário em que está previsto – aliás, a única vez em que o metrô atrasou comigo (é claro que terremotos também abrem exceções, como já aconteceu há uns dois meses, por exemplo) foi quando tinha um assediador sexual no metrô.
Aliás, vou abrir um parêntesis aqui. Assédio sexual no metrô é uma coisa recorrente aqui no Japão. Como tem horários em que o metrô fica lotado, ao ponto de às vezes precisar que os funcionários fiquem na plataforma para empurrar os passageiros pra dentro do vagão, fica impossível não encostar uns nos outros – coisa que os japoneses verdadeiramente detestam, pelo visto. Ao mesmo tempo, parece que o índice de tarados aqui também é maior; nunca li nada científico sobre o assunto, mas a quantidade de casos de calcinhas roubadas (por sinal, aconteceu com uma amiga minha) e garotas tendo as saias levantadas é grande.
O número de mulheres atacadas nos vagões de metrô também cresceu ao ponto de que alguns vagões, no horário pré-determinado (de pique), são destinados APENAS a mulheres. Sim, só mulheres podem entrar nesses vagões em determinado horário; logicamente, se não for durante esse período, é um vagão normal em que homens, mulheres e godzillas entram com os mesmos direitos.
Fora esses vagões, há uma campanha PESADA contra o assédio. O que ocorre na maioria das vezes é que as assediadas não dizem nada, não delatam, e, assim, contribuem ainda mais para a ocorrência desse crime (sim, é crime agora). Assim, há pôsteres em TODAS as estações (pelo menos as de metrô, que é o meio que mais uso) avisando para não cometer, pois é crime, e, se alguém for vítima, não ficar calada.
Nesse dia em que vi acontecer, o assediador (que visivelmente tinha alguma deficiência mental) estava bulinando a menina a minha frente. Só que tinha tanta gente que não dava para ver, mas notei que ela estava desconfortável e, por isso, mantive o olhar direto no cara pra ver se via alguma coisa que pudesse justificar alguma ação de minha parte. Porém, enquanto ele estava próximo, era apenas a bolsa que estava encostando na traseira dela – e isso eu não posso acusar, né? Só que depois a menina deslocou-se no trem, e eu notei ele ir pouco depois no mesmo sentido.
Próxima coisa que eu sei, o operador do trem, na estação seguinte, entrou furioso pela porta ao meu lado, e, antes de ele voltar com o assediador pela gola e empurrá-lo pra fora do vagão, já haviam juntado dois ou três funcionários do metrô na plataforma, os quais detiveram-no. Ficamos uns sete minutos parados lá, e, nesse meio tempo, surgiram mais garotas dizendo que haviam sido bulinadas, inclusive uma cuja traseira ele apalpou mesmo.
Me arrependi de não ter ajudado a menina na hora, mas pelo menos agora já sei pelo que ficar alerta. A próxima garota que sofrer isso perto de mim não ficará sem ajuda... >.< Mas nunca vi um japonês – que não estivesse bêbado – com tanta raiva. Enfim, voltando ao assunto em pauta. Com tantos meios de transporte pontuais, rápidos e relativamente baratos (o ônibus custa uns R$5 e uma passagem de metrô não passa de R$6 – e nos fins de semana/feriados, a ecopassagem que vale para uso do metrô e do ônibus custa mais ou menos R$15, podendo ser usada o dia inteiro), não é tão difícil se deslocar pela cidade – e pelo país, em geral – sem veículo próprio. É claro que nem tudo é as mil maravilhas. Tantos trens e respectivas estações, por outro lado significa que os moradores sofrem com todo o barulho. A diferença no Japão, entretanto, é que não se reclama disso, posto que é um benefício para o coletivo. Aliás, um costume forte do japonês pode ser resumido em “não quero incomodar ninguém”; ou seja, se é bom para todos (inclusive para si), não se reclama – pelo menos não tanto quanto em outros países. Quando tiver um pouco mais de observações, farei uma edição sobre a psique dos japoneses. Se você quiser ir mais longe, contudo, é óbvio que as passagens ficarão mais caras (exceção na Europa, por causa das companhias low cost, que são realmente baixo custo mesmo entre países. Enfim, para ir mais longe, embora possa-se fazer a viagem de trem interurbano, seriam necessárias inúmeras trocas (ou norikae, em japonês) e muitas horas, a depender de quão longe. Assim, é preferível trem-bala (shinkansen) ou avião. Andar de trem-bala é uma experiência e tanto; é rápido, mas você mal sente, e é super-confortável, e eles vão de norte ao sul, embora ainda haja muito a se construir (e o governo/as companhias férreas estejam trabalhando duro nisso). A desvantagem, é claro, é que é caro, mas só para quem mora no Japão.
Sim, é isso mesmo, para quem mora aqui. Interessantemente, se você não mora na Terra do Sol Nascente, e vem como turista ou residência curta (salvo engano), você pode adquirir um Japan Rail Pass. Foi-me dito que apenas se pode adquiri-lo fora do Japão, mas, pelo que andei lendo, basta mostrar o visto aqui no balcão da JR (Japan Railways). Pelo sim, pelo não, recomendo comprar antes de vir pra cá. Existe três tipos: de uma, duas ou três semanas, salvo engano, e custa mais ou menos trezentos dólares o de uma semana. Se a intenção é viajar pelo menos umas 5x se excluir o trecho Tokyo-Kyoto, ou uma ida e volta Tokyo-Kyoto mais uma terceira viagem, já vale a pena adquiri-lo. O JRP só não compensa mesmo pra quem não pretende sair pelo Japão. Ele também pode ser usado nos trens locais e regionais da JR, além de outros serviços da companhia, como linhas de ônibus e barcas. Há exceções (três ou quatro, se não me engano), mas são poucas, e estão inumeradas no site e mesmo na “passagem”.
Em alguns casos, sai mais barato viajar de trem-bala do que avião (um exemplo é se tiver o JRP, por exemplo), mas o contrário também ocorre. Recentemente criaram-se companhias low cost por aqui, como a Jetstar, que faz voos tradicionalmente caros (como daqui de Nagoya para Sapporo, capital da maior ilha do Japão, Hokkaidou, no norte do arquipélago). Viajei há pouco tempo por essa companhia para a grande ilha do sul (Kyuushuu), e foi mais barato que ir de ônibus, meio usualmente mais barato.
A respeito dos ônibus interurbanos, viajar neles é relativamente tranquilo também, posto que as rodovias são bastante bem cuidadas e os ônibus relativamente confortáveis. Digo “relativamente”, porque é como ir de classe supereconômica num avião, ou seja, o espaço é bem limitado (a menos que se pague mais por um ônibus mais caro). Porém, costumam parar a cada 1 ou 2 horas (a depender do trecho) nas incontáveis ilhas de descanso ao longo das estradas, onde sempre há banheiros bem cuidados (não necessitam pagamento), lixeiras e alguma loja aberta para comprar-se bebidas ou lanches.
E, para fechar essa seção, voltando para as linhas férreas, um pequeno fato que não poderia deixar de comentar. Se alguém pretende ir a Tokyo, prepare-se para se perder, mesmo com um mapa do metrô/trens urbanos.
Dêem uma olhada no mapa acima (que nem em japonês está, só para entenderem que não falo da língua), e me digam se não ficaram tontos só de ver. Vou complicar ainda mais: na mesma plataforma do metrô, pode passar mais de uma linha.
Tokyo é do tipo da cidade em que você pode ir a qualquer esquina dela usando a linha férrea. Para tanto, contudo, provavelmente será necessário fazer pelo menos uma troca, mesmo porque existem duas companhias de metrô que, embora tenham algumas estações conectadas, não permitem que você use a mesma passagem. Em outras palavras, se eu estiver em Ikebukuro, por exemplo (onde eu normalmente fico mesmo), terei de fazer pelo menos uma troca de empresa/meio (e pagar outra passagem):
1) Posso ir pelo trem regional da JR (linha Yamanote, que é a linha circular da cidade) e trocar na estação Ueno (outro ponto turístico) pela linha Ginza, da Tokyo Metro. Serão duas passagens, pagas separadamente.Complicado, né? Kyoto é mais fácil, para quem não gosta desse tipo de complicação. Mas quem é que tem coragem de dizer que foi ao Japão e não passou pela Torre de Tokyo, a Skytree ou a estação mais movimentada do mundo (eu achava que era Shibuya, mas é Shinjuku)? Por sinal, é nessa última onde regularmente, num certo horário, alguns funcionários da estação dirigem-se às plataformas para empurrar os passageiros dentro dos vagões.
2) Posso pegar a Marunouchi, da Tokyo Metro, e trocar em Kourakuen/Kasuga (duas estações de empresas/linhas diferentes, mas que são conectadas por um corredor) pela linha Ooedo, da Toei, e outra vez em Kuramae, pela linha Asakusa, também da Toei. Também serão duas passagens nesse caso, pagas separadamente.
3) E outras inúmeras combinações menos rápidas, mas talvez mais baratas ou mais custosas.
É mole?
A Elefanta
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Sobre
Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
E aih semana passada tive uma aula sobre transporte sustentavel... >.<
ResponderExcluirUm bocado de temas que eu podia ter colocado aqui apareceram... Eita, vida legal... XP
Nossa! q tema interessante, simplesmente AMO essa coluna <3
ResponderExcluirNossa, Helen, muito obrigada pelo comentário. :D
ExcluirAguarde que vem mais. ^^