25 de fevereiro de 2013
Quem Conta um Conto (Fevereiro) || Comentários
Lulu: Bem, como ficou acordado ao começarmos o projeto do Quem Conta um Conto, além de escrever uma história, faríamos também uma sessão de comentários sobre o processo de escrita e detalhes das histórias e eis, portanto, que chegamos aqui...
Dé: É, vamos ver no que vai dar. Particularmente, não acho que a minha história vai ser muito interessante. =P
Dani: Pelo que li, muito engana-se, meu caro... E antes de falar qualquer coisa, quero deixar bem claro que amei, AMEI as histórias de todos os 3!!!! (TODOS OS 3!!!!). É sério mesmo, quando lancei essa ideia, eu jurava que iria ficar dividida entre um ou outro conto, mas parece que nós 4 falamos realmente a mesma língua, porque me encantei com cada conto igualmente (ou diferentemente, depende de como se olha).
Lulu: Isso é bom, muito bom, Dani! Ficamos felizes certamente que você tenha gostado!
Ísis: Dé, eu também gostei da sua, mas fiquei com uma vontade ENORME de bater na protagonista... Isso, e não sabia que podíamos usar cores no texto...
Dani: Eu disse que vocês podiam escrever o conto do jeito que bem entendessem...
Lulu: Então... até começar a, de fato, escrever minha parte, uma das únicas duas coisas de que eu tinha certeza era o nome da personagem. Isso porque a primeira coisa que pensei ao ver a ilustração foi As Mil e Uma Noites, cujo título em árabe é algo como ‘Alf lailah wa-lailah’, onde Lailah significa noite.
Tive umas três ou quatro idéias, que ia descartando no dia seguinte antes mesmo de começar a escrever (Dé: Been there, done that), porque sentia que não conseguiria escrever um conto com elas. A verdade é que sinto muito mais dificuldade com histórias curtas que longas; gosto de pensar em detalhes e dar mil e uma explicações e não há espaço para fazê-lo num conto.
As idéias originais que tive não conseguiriam ser desenvolvidas em pouco mais de dez páginas (que foi o limite que tentei me impor, até por questões de tempo) e, mesmo que pudessem, elas não me pareciam boas o suficiente.
Ísis: Então, o bom do formato conto é que não precisamos pensar em mil e um detalhes – ou seja, passar dias ou meses polindo tudo –, justamente porque não vamos poder contar todos eles. Se um dia quiser continuar, retoma a ideia. SIMPLIFICA A TUA VIDA, MULHER! (Mas nós “te ama mermo ansim”!)
Lulu: Obrigada, obrigada... E eu não sei viver simplificando minha vida... sabe como é, né?
A segunda coisa de que eu tinha certeza era que a frase inicial seria “A tempestade estava vindo”, porque de alguma forma eu sabia que a tempestade de areia que se parecia adivinhar do horizonte da ilustração seria o catalisador de qualquer que fosse a aventura da personagem.
Ísis: Ou seja, Game of Thrones na cabeça, né?
Lulu: Cara, vou confessar... tava sim...
Quando afinal comecei a escrever, fui pesquisar direitinho o significado do nome ‘Lailah’ (para confirmar se eu não estava fazendo alguma referência maluca demais) e descobri que além de significar noite, essa também era o nome de um anjo que teria servido de guardião de Abraão na Batalha de Siddim.
Como, curiosamente, a idéia que eu tinha para o conto era derivada das estátuas de sal que aparecem na queda de Sodoma e Gomorra (que aconteceu antes da Batalha de Siddim, que é na verdade um desdobramento desse fato), decidi então seguir o tema e pescar quaisquer outros nomes de que eu precisasse dos personagens desse conto – que pode ser encontrado na Bíblia e também em outros escritos dos povos daquela região envolvidos no conflito.
Foi assim que o... cão de Lailah foi batizado de Tidal (segundo minhas pesquisas, seria um rei hitita) e eu decidi chamar os coelhos alados de rapi, sufixo do nome de Hamurábi (aquele do código), que significa algo como cura, curandeiro.
Ísis: Posso jurar que já li alguma coisa em que rapi era nome de algum bicho... E aí, por consequência, podia jurar que era daí que veio o nome disso. Ou isso, ou era de rapid, ou seja, “veloz”, em inglês.
Lulu: Essa é uma explicação que não tinha me passado pela cabeça, mas ta que é mais uma prova de que acertei inconscientemente no que fazer, não é?
Dani: Mamãe, você sempre faz pesquisas para tudo que vai escrever? Era só um continho...
Ísis: Tava me fazendo a mesma pergunta. Me senti uma irresponsável quando li isso...
Dani: E depois ela fala que eu é que sou a masoquista...
Lulu: Depende muito do que eu esteja escrevendo. No caso, como eu tinha na cabeça essa idéia do nome dela, queria que todos os outros elementos da história seguissem o mesmo estilo e aí tive de ir pesquisar os outros nomes e suas relações para poder encontrar o tom que eu queria.
Mas de uma forma geral, eu sempre faço algum tipo de pesquisa quando começo a escrever alguma coisa nova, nem que seja em termos de música (Na sua Estante foi uma história em que não me preocupei muito com a parte de background histórico, porque se passava num cenário contemporâneo, mas em compensação me fez arrancar cabelos com questões musicais... vá entender...).
É uma questão de estilo, não responsabilidade... eu gosto de me situar, de ter um contexto para o que estou escrevendo. Faz parte da minha forma de escrever, como já disse antes.
Ísis: Eu entendi perfeitamente bem, não poderia ser mais óbvio. Você gosta de complicações – nem que seja pra descomplicar depois, mas isso já é uma complicação em si *risos* – e, já que sua complicação normal (a histórica) não estava cumprindo o papel, você precisou de outra complicação, e, então, criou o novo estilo “Complicatus musicalis”. NADA é mais óbvio!
Lulu: É uma boa teoria =D
Em todo caso... toda vez que eu pegava esse conto para começar a escrever, eu tinha de copiar tudo o que já tinha escrito antes de começar um parágrafo novo, de tal forma que devo ter reescrito as três primeiras páginas pelo menos umas quatro vezes. Mas é que toda vez que eu tentava escrever direto no computador, as idéias me fugiam, e eu tinha de ir para o papel e começar tudo de novo... foi uma coisa meio de maluco, mas acho que isso também foi decorrência de como a história foi se desenvolvendo.
Dé: Engraçado como eu também começo a escrever no papel. No início eu comecei por que já passava TANTO TEMPO escrevendo no computador, que tinha medo de esquecer como se usava papel e caneta. Hoje em dia, simplesmente não consigo escrever direto no computador, sem passar pelo papel.
Lulu: Normalmente tenho dificuldade com contos, sou muito prolixa e quero contar mil e uma histórias, chamar a atenção para mil e um detalhes em que pensei... E, fica óbvio da narrativa de Lailah que há muitas histórias ali esperando para serem contadas: o que aconteceu com a cidade na pedra, com os pais de Lailah, com seu irmão...
Ísis: Sim! O que houve com o irmão dela?! A minha maior frustração foi quando ela perdeu a pedra, lembrança do irmão. Eu acho que eu teria definhado ali dentro procurando a pedra...
Lulu: *talvez, dependendo dos próximos desenhos da Dani, algumas dessas histórias acabem sendo reveladas...*
Dani: De fato admito que esse foi o primeiro pensamento que tive quando comecei a ler o seu conto, Lu: “putz, isso aqui tem tantas possibilidade...” ^^
Ísis: Não vale influenciar a desenhista!!!! Isso é suborno! Protesto!!!
Lulu: Aí já não é comigo...
Minha dificuldade com esse conto em específico foi ainda maior porque tinha decidido não lotar a história de personagens e focar-me em minha protagonista... o que acabou se traduzindo em Lailah apenas interagindo com Tidal e o fantasma, algo com que não estou tão acostumada.
Gosto de tecer diálogos, de estabelecer conexões e de espremer um pouco de humor de situações insólitas... e foi um desafio para mim não fazer isso aqui, tentar economizar nas palavras, focar em determinados motivos...
Dani: Sabemos bem disso... também estranhei a falta de personagens.
Lulu: Pois é, teve momentos que eu travava porque não sabia como continuar num ambiente tão... solitário. E a certa altura, estava me sentindo quase tão sufocada e claustrofóbica quanto minha pobre heroína e esse foi um dos principais motivos pelos quais demorei a escrever e tive de começar e recomeçar e recomeçar até atingir o tom certo – ou pelo menos o que soava como o tom certo na minha cabeça.
Certas histórias pulam da sua mente praticamente prontas, só precisando ser um pouco polidas. Outras exigem um pouco mais de labor e reflexão. Creio que por ter tentado fugir do meu lugar comum, tenha passado por essa dificuldade inicial. Eu sabia para onde queria ir, mas desenvolver o meio e criar as sensações que eu queria foram complicados.
Ísis: E quando é que isso foi simples?
Dani: Tava pensando a mesma coisa...
Lulu: O engraçado é que na minha idéia original, o espectro que ajuda a heroína teria alguma ligação com o desaparecimento de seus pais, mas quando cheguei nessa parte da história, descobri que as coisas não iam funcionar da maneira como tinha planejado, que a personagem escapara do meu controle e que aquilo que eu imaginara para a cidade de pedra era muito mais complexo do que minha teoria original.
Não sei como consegui terminar a história com apenas dez páginas...
Dani: Ei! Você não me prometeu uma história de fantasia para o meu próximo aniversário? Continue essa para mim, então!!
Lulu: Vamos ver, vamos ver... Tem tempo ainda e muita água para rolar sob a ponte ;)
Ísis: Dani, querida, boa sorte nessa sua empreitada. Leve dois barris de água e uma sacola de barras de cereal. Vai precisar. (E chocolate, MUUUUUUITOOOOO CHOCOLATE!)
Lulu: Protesto! Eu só não cumpri ainda meu prometido para você porque se passou tanto tempo que eu me esqueci do que tinha planejado para aquela história e não consigo mais entrar no tom daqueles personagens...
Dani: Sério? Então a Ísis também tinha uma promessa dessas?? Agora desanimei um pouquinho...^^”
Lulu: Protesto de novo! O problema da história que a Ísis quer que eu escreva é que é algo com que não estou de forma alguma acostumada a fazer: soft porn. Tudo bem que escrevi alguma coisa na Amaterasu nessa linha, mas nada do jeito que o que essa elefantinha quer...
Chegando a esse ponto, gostaria de observar que gosto muito da Lailah. Minhas personagens femininas às vezes tendem para um certo humor histérico e insólito de que gosto muito. A Lailah, por outro lado, é a pessoa para se ter ao lado numa crise. Ela mantém a cabeça no lugar... mesmo quando está diante do medo do desconhecido, ela não deixa que o pânico a domine.
Ísis: Ela não deixa, mas pela descrição, parecia que o normal dela seria deixar. Pelo que li, pareceu que ela estava lutando fortemente com esse instinto, ou seja, não é que ela naturalmente faça isso, é que ela se treinou pra isso.
Lulu: Mas aí que está, Ísis, o normal de todo mundo é entrar em pânico numa situação daquelas. O fato é que ela tem medo, mas sabe que precisa superá-lo para conseguir se safar. Ela se esforça, não é algo que vem simplesmente do nada.
Dani: Admito que fiquei comparando ela com a Mina! As duas dariam uma boa dupla!! XD
Lulu: Engraçado que também fiz essa comparação na minha cabeça, porque embora a Mina consiga resolver os imbróglios dela, antes de fazê-lo ela se desespera e quer se jogar de janelas...
Igualzinho a uma certa pessoa que todos conhecemos...
Ísis: De quem é ela está falando? *a expressão dripping sarcasm acaba de ganhar um novo significado pra mim... XP
Lulu: Gosto da praticidade da Lailah, dessa forma dela se portar – creio que gostaria de revisitá-la mais velha no futuro, mais madura, porque aqui ela ainda é uma criança, uma vez que não passou pelos rituais de iniciação. Lailah tem muito caminho pela frente.
Para completar os bastidores... eu escutei a trilha sonora de Game of Thrones a não mais poder enquanto escrevia essa história... (Ísis: Tá isso explica) e estava sempre de pijama, conforme ordens de nossa desenhista (rendeu um olhar meio esquisito da minha mãe, me ver colocando pijama depois do almoço num domingo de tarde...).
Ísis: Peraí, alguém me ajuda aqui, porque, que eu saiba, a Dani pediu para NÃO usarmos pijama, não foi? oO
Socorro, estou confusa!
Lulu: Então, que eu sou uma anta... Você falou isso agora e fui olhar o post original que a Dani tinha escrito e DE ONDE FOI QUE EU TIREI QUE A REGRA ERA PARA ESCREVER DE PIJAMA????
Vou ali me jogar da janela porque fiz tudo errado...
Ísis: Insiro aqui minha crise de risos... Ai, como dói!
Dé: E eu ainda tinha comentado contigo, que era SEM pijama...
Dani: Dona Lulu, você quebrou a minha regra primordial!!! Está desclassificada, mocinha! Banida!! Banida da Brincadeira!!!! Cortem lhe a cabeça!!! *momento de realização por poder dizer isso uma vez na vida aqui no Coruja*
Ísis: PARABÉNS, DANI!!! Sempre achei que seria eu, já que aparentemente sou o caos, mas você mostrou que a filha também pode aplicar o golpe de estado! *clap clap clap*
Lulu: Janela, janela, janela...
Dani: Você não quer dizer guilhotina, guilhotina, guilhotina? XD
Lulu: Você não conhece aquelas janelas que têm um mecanismo de guilhotina?
Ísis: Ainda bem que arranjei uma solução prática pra escrever conforme as regras em qualquer dos casos...
Dé: Escrever com a “roupa de dormir”? (seja lá qual for)
Dani: Classifico roupa de dormir também como pijama, então também é proibido!!
Ísis: Não, e nem vou dizer qual é pra não correr riscos...
Vem cá, Lulu, é impressão minha, ou não tem UMA só história em que VOCÊ esteja no controle? Toda vida que vais escrever qualquer coisa, os personagens te tomam as rédeas e TCHAM! A história muda. *risos*
Lulu: É que sou uma pessoa descontrolada (hein?)
Dani: Hein mesmo, Pensei que você fosse a monarca paranóica...
Ísis: Peraí que, depois dessa resposta, vou ali me recuperar de uma (segunda) crise de risos... (já tô toda dolorida, e ela ainda me apronta uma dessas...)
Bem, eu também tenho essa tendência a querer escrever histórias quilométricas, cheias de detalhes, uns seis a dez personagens (Dé: PEDERASTIA!!!) – mais que isso fica difícil de “keep track” (não faço ideia de como dizer isso em português direito) etc. Obviamente, todavia, nem de longe chego aos níveis da Rainha.
Só que, por serem contos, desde o momento em que topei o desafio, já tinha decidido que iria me desafiar a escrever histórias que não tinham suas pontas ligadas, as coisas não teriam explicação etc. Iria escrever aquilo que já detesto (so to speak) há algum tempo: contos. Eu não gosto deles justamente porque são curtos e, muitas vezes (pelo menos os que eu li), deixam mais perguntas do que dão qualquer resposta.
Aí resolvi que meu desafio não seria escrever (isso não é desafio, é prazer), mas escrever um conto.
Dani: Cara, adorei saber que foi um desafio para todos vocês a coisa do conto... Mas não foi algo sem intenção não, queridos. Eu escolhi “conto” primeiro porque histórias longas podem acabar se estagnando após um tempo (perdoe-me Lu, mas tenho de fazer referência ao Ases), e segundo porque algo curto faria com que vocês pudessem escrever com certa frequência e praticarem esse talento divino que todos têm.
Dé: Na verdade, filhinha, meu problema é que eu COMEÇO tentando escrever um conto. Não é minha culpa de termino com alguma coisa entre um conto e um romance...
Ísis: Não se preocupe, Dani, já tínhamos entendido o porquê do formato ‘conto’.
Dani: Aliás, até a história do pijama tem um motivo bem racional, acreditem se quiser. ^^
Lulu: Eu agora fiquei curiosa em relação ao motivo racional do não uso de pijamas...
Dé: Realmente, deve haver uma história bem interessante por trás disso... Aliás, essa regra vai se manter pelos demais desafios?
Ísis: Porque pijama é algo que se veste quando está perto da hora de dormir, ou seja, já está com sono, e os níveis de concentração estão baixos, ou, pelo menos, reduzidos. Incluo nisso quem tem insônia.
Assim, escrever de pijama = escrever sem pensar muito. A Dani escolheu contos pra que não precisássemos passar dias ou semanas com isso, mas também escrever half-heartedly (por que é que tem tantas palavras sem tradução em português?!) é covardia com ela, né?
Dé: Na verdade, a tradução seria “meia-boca”.
Lulu: Gostei da sua teoria, Ísis.
Dani: Não é exatamente esse o motivo não, Ísis (apeguem-se ao “exatamente”), mas não vou revelar o verdadeiro também não. Quero poder ter o benefício da dúvida como boa rainha suplente que sou aqui no Quem Conta um Conto. ;)
Lulu: E Dani, não há que se pedir desculpas. Meu problema com Ases é que a falta de tempo me força a passar muito tempo de escrita entre um capítulo e outro. Com isso, eu acabei perdendo o fio da meada. Para conseguir terminar essa história, eu teria de sair reescrevendo ela do início para conseguir entrar do novo no tom dela – e depois continuar escrevendo de um fôlego só até o final.
Um dia eu ainda retornarei a Ases...
Ísis: Amém!
Bem, por tudo aquilo que já expliquei, resolvi que o primeiro seria algo bem anônimo: a personagem não revela nomes, o nome dessa Terra, nada. Só para constar que se trata de algo um pouco diferente do nosso mundo, fi-la citar os nomes de animais, e só. Porque eu já sabia o que queria disso, escrever não foi tão difícil. Pode não ter ficado bom, também, mas, considerando que é meu primeiro conto, não estou tão preocupada. Sempre há espaço para melhorar.
Lulu: Olha, Ísis, devo dizer que eu gostei muito do seu conto. Gostei do fato de ser em primeira pessoa, gostei da forma como você trabalhou a idéia de destruição de recursos e desertificação e apesar de ter me deixado curiosa sobre o significado da ‘matadora’ (ela seria a Morte?), eu achei que ele se basta em si mesmo e ficou muito legal.
Ísis: Depende de como se analisar. Olhando simplesmente a história, brusca e seca, ela é uma jovem desligada das consequências de seus atos e do contato com uma sociedade, e, por isso, suas atividades trazem a morte. Mas se formos olhar como uma metáfora ao nosso mundo, ela é, sim, a morte... A morte criada pelas nossas próprias ações.
Dé: Por que será que eu nunca faço essas análises filosóficas do conto? Eu só aceitei que ela estava matando tudo e ponto final. Tem horas que eu acho que fica melhor assim, sabe? Por que ela está matando tudo? Por que ela não envelhece? Por que? Por que? No fundo, sempre acho que o que se passa na cabeça do leitor vai ser bem pior (para a pessoa) do que o autor realmente tinha em mente.
Lulu: De onde você tirou os nomes dos animais? Foi uma das partes que achei mais interessantes, porque foi um dos fatores com que mais me digladiei, que foi o de achar nomes... batizei a espécie dos coelhos alados, mas não sabia do que chamar o ‘cão-hiena’ que a moça carrega pela coleira.
Ísis: Pelos sons, e pelos nomes que vagamente me recordava esses animais terem em outras histórias/línguas/lugares etc. Misturei tudo numa sopa inconsciente e saíram esses nomes. Em outras palavras, diferentemente da Rainha, eu não fui pesquisar. Admito que estou envergonhada agora, mas com a quantidade de sarna aqui, tenho que escolher onde coçar e por quanto tempo.
Lulu: Não tem porque ficar envergonhada, eu adorei a sonoridade dos nomes, achei bem interessante a idéia!
Dani: Eu também adorei a forma diversa que você fez o conto, tirando a menina da ilustração como personagem principal, e criando um mistério logo de cara. Você meio que inverteu as coisas, pois quando se começa a ler, logo se pensa que quem está narrando é ela, e no fim ela na verdade é a “vilã”. Adorei isso, adorei mesmo!
Fora que o seu conto tem um ar bem mais pesado, mais sombrio... como uma lenda. Já o da Lulu me pareceu mais como algo de um livro (exatamente por poder ter uma continuação). O do Dé então, me lembrou muito um conto de fadas. Uma história cheia de morais e magia, que é contada de geração para geração...
Dé: Acho que a primeira coisa que me veio na cabeça foi o ponto-chave da história: a motivação da protagonista. Ela teve o nome roubado por uma bruxa, e agora vaga procurando reavê-lo.
Como aconteceu com a Lu, eu também imaginei uma história gigantesca! Para vocês terem uma idéia, o que acabou indo pro ar estava com o mesmo tamanho do primeiro rascunho... e que não chegou nem perto da metade de tudo que eu tinha pensado. Isso não é de hoje, e na verdade foi um tremendo problema.
Lulu: Somos pessoas realmente muito prolixas...
Dé: Acontece que quando eu ia escrevendo o rascunho inicial, janeiro passou e chegamos em fevereiro. E como andei indo para o laboratório, logo, acabei escrevendo muito pouco...
Por conta disso, não gostei nem pouco do resultado final, embora tenha seguido a linha que eu já havia determinado. Reescrevi o conto quase todo no domingo de carnaval, e o finalzinho na madrugada de segunda para terça, por isso o clima corrido do conto (Dani: Fico feliz em saber que se dedicou tanto assim! ^^). Eu gostaria de ter conseguido escrever com calma, para ir corrigindo aonde precisasse e tudo... Bem, o estrago já está feito. Farei melhor nos próximos.
Mas quanto à história... Sim, TODOS os personagens tem nomes, até os que não apareceram na história (uns 6 ou 7, incluindo os pais da andarilha). Pensei em desenvolver mais a personalidade da principal, e o desenvolvimento dela. Do começo como uma garota mimada e egoísta, para uma jovem humilde e honesta. O relacionamento entre ela e Ofélia/a Bruxa. As dificuldades que enfrentaram no começo da jornada... enfim, muita coisa.
Vamos ver se acerto a mão para o próximo...
Lulu: Eu não acho que tenha ficado com um clima corrido, Dé. A idéia do conto é justamente que tenhamos de dar rédeas a nossa unânime necessidade de descomedida verbosidade...
Dani: Falou tudo, mamãe.
Lulu: E o Ofélia é por causa de Hamlet, Dé? Essa parte da escolha dos nomes foi uma das coisas que mais me chamou a atenção nos nossos contos e o fato de que a questão do nome é central para sua história foi genial.
Dé: Inicialmente, todas as mulheres, inclusive o estranho animal, teriam nomes de flores, de acordo com os significados. Acontece que na pressa pra reescrever, acabei perdendo as anotações com os nomes das personagens... e “Ofélia” foi então o primeiro nome que me veio na cabeça, e não tirado de Hamlet... até porque eu não li essa peça.
Ísis: Eu fiquei me perguntando se foi ela que batizou a criatura de Ofélia, ou se esse nome é realmente o nome da bruxa, ou ainda se esse foi o nome que a bruxa se deu na cabeça da menina.
Dé: Nunca saberemos... *expressão indefinida, contemplando o horizonte*
Dani: Malvado. Fiquei curiosa, pô!
Lulu: Gostei muito da idéia de roubando um nome, roubar um passado. Não simpatizei com sua heroína – nesse ponto, um pouco mais de tempo com ela talvez me fizesse superar a primeira impressão do encontro com a velha (que garotinha mimada!). Em compensação, tive grandes calafrios com as conseqüências que se seguiram.
Cá entre nós, foi melhor para ela escapar do tal EX-noivo, porque o cara definitivamente não era boa bisca.
Dé: Que bom que consegui passar essa impressão, de que ela era uma garotinha mimada! Porque é exatamente o que ela era! Quanto ao ex-noivo, espero que não tenha ficado pesado demais, mas a ideia era realmente chocar, mostrando que ele não era flor que se cheire.
Dani: Eu particularmente gostei dela. Apesar do jeitinho irritante, me pareceu que havia muito mais no fundo a se descobrir...
Ísis: Eu também tive vontade de passar uns bons tabefes nela...
Mas fiquei mais frustrada com o “gracinha” do que com o noivo em si... Ô, vocativo irritante! >.< (Dani: Concordo com você nessa ¬ ¬)
Dé, cuidado com os vocativos em excesso, eles tiram a atenção do leitor.
Lulu: Gostei bastante de como os contos se concentraram em detalhes tão diferentes do desenho. Para mim, foi a tempestade e a impressão de altura, de estar no alto de uma montanha, que decidiu sobre o que eu ia escrever; para a Ísis foi o próprio deserto e para o Dé o centro da ação foi realmente a moça.
Dani: O mais engraçado é que, para mim, (quando desenhei a ilustração e, invariavelmente, também fui tecendo algum tipo de história na cabeça) o que mais se concentrou foi no animal que ela arrasta. Porque sim, na minha mente ela teria encontrado aquele animal, ou o estava procurando e o estava arrastando para o vilarejo à força, talvez para um sacrifício ou alimento. Olha só como 4 mentes podem pensar diferentes!!
Ísis: Realmente...
Dani: Apesar de que tivemos uma coisa em comum: na minha cabeça ela também era alguém sozinha no mundo.
Mas, águas passadas já moeram moinhos demais! Vamos em frente com o próximo desafio. Dessa vez decidi pegar mais leve com vocês, meus queridos, já que sei que esse é um tema que todos dominam muito bem: Comédia.
Vocês já conhecem todas as regras, lembrem-se sem contato sobre as histórias. E sim, Ísis, pode usar cores. Pode usar até emoticons, se quiser. ^^ E Dona Lulu... SEM PIJAMA, hein!!
Lulu: Usarei roupa de ginástica dessa vez...
Dani:E aqui segue o desenho. Divirtam-se e nos vemos daqui a 2 meses!
Dé: É, vamos ver no que vai dar. Particularmente, não acho que a minha história vai ser muito interessante. =P
Dani: Pelo que li, muito engana-se, meu caro... E antes de falar qualquer coisa, quero deixar bem claro que amei, AMEI as histórias de todos os 3!!!! (TODOS OS 3!!!!). É sério mesmo, quando lancei essa ideia, eu jurava que iria ficar dividida entre um ou outro conto, mas parece que nós 4 falamos realmente a mesma língua, porque me encantei com cada conto igualmente (ou diferentemente, depende de como se olha).
Lulu: Isso é bom, muito bom, Dani! Ficamos felizes certamente que você tenha gostado!
Ísis: Dé, eu também gostei da sua, mas fiquei com uma vontade ENORME de bater na protagonista... Isso, e não sabia que podíamos usar cores no texto...
Dani: Eu disse que vocês podiam escrever o conto do jeito que bem entendessem...
Lulu: Então... até começar a, de fato, escrever minha parte, uma das únicas duas coisas de que eu tinha certeza era o nome da personagem. Isso porque a primeira coisa que pensei ao ver a ilustração foi As Mil e Uma Noites, cujo título em árabe é algo como ‘Alf lailah wa-lailah’, onde Lailah significa noite.
Tive umas três ou quatro idéias, que ia descartando no dia seguinte antes mesmo de começar a escrever (Dé: Been there, done that), porque sentia que não conseguiria escrever um conto com elas. A verdade é que sinto muito mais dificuldade com histórias curtas que longas; gosto de pensar em detalhes e dar mil e uma explicações e não há espaço para fazê-lo num conto.
As idéias originais que tive não conseguiriam ser desenvolvidas em pouco mais de dez páginas (que foi o limite que tentei me impor, até por questões de tempo) e, mesmo que pudessem, elas não me pareciam boas o suficiente.
Ísis: Então, o bom do formato conto é que não precisamos pensar em mil e um detalhes – ou seja, passar dias ou meses polindo tudo –, justamente porque não vamos poder contar todos eles. Se um dia quiser continuar, retoma a ideia. SIMPLIFICA A TUA VIDA, MULHER! (Mas nós “te ama mermo ansim”!)
Lulu: Obrigada, obrigada... E eu não sei viver simplificando minha vida... sabe como é, né?
A segunda coisa de que eu tinha certeza era que a frase inicial seria “A tempestade estava vindo”, porque de alguma forma eu sabia que a tempestade de areia que se parecia adivinhar do horizonte da ilustração seria o catalisador de qualquer que fosse a aventura da personagem.
Ísis: Ou seja, Game of Thrones na cabeça, né?
Lulu: Cara, vou confessar... tava sim...
Quando afinal comecei a escrever, fui pesquisar direitinho o significado do nome ‘Lailah’ (para confirmar se eu não estava fazendo alguma referência maluca demais) e descobri que além de significar noite, essa também era o nome de um anjo que teria servido de guardião de Abraão na Batalha de Siddim.
Como, curiosamente, a idéia que eu tinha para o conto era derivada das estátuas de sal que aparecem na queda de Sodoma e Gomorra (que aconteceu antes da Batalha de Siddim, que é na verdade um desdobramento desse fato), decidi então seguir o tema e pescar quaisquer outros nomes de que eu precisasse dos personagens desse conto – que pode ser encontrado na Bíblia e também em outros escritos dos povos daquela região envolvidos no conflito.
Foi assim que o... cão de Lailah foi batizado de Tidal (segundo minhas pesquisas, seria um rei hitita) e eu decidi chamar os coelhos alados de rapi, sufixo do nome de Hamurábi (aquele do código), que significa algo como cura, curandeiro.
Ísis: Posso jurar que já li alguma coisa em que rapi era nome de algum bicho... E aí, por consequência, podia jurar que era daí que veio o nome disso. Ou isso, ou era de rapid, ou seja, “veloz”, em inglês.
Lulu: Essa é uma explicação que não tinha me passado pela cabeça, mas ta que é mais uma prova de que acertei inconscientemente no que fazer, não é?
Dani: Mamãe, você sempre faz pesquisas para tudo que vai escrever? Era só um continho...
Ísis: Tava me fazendo a mesma pergunta. Me senti uma irresponsável quando li isso...
Dani: E depois ela fala que eu é que sou a masoquista...
Lulu: Depende muito do que eu esteja escrevendo. No caso, como eu tinha na cabeça essa idéia do nome dela, queria que todos os outros elementos da história seguissem o mesmo estilo e aí tive de ir pesquisar os outros nomes e suas relações para poder encontrar o tom que eu queria.
Mas de uma forma geral, eu sempre faço algum tipo de pesquisa quando começo a escrever alguma coisa nova, nem que seja em termos de música (Na sua Estante foi uma história em que não me preocupei muito com a parte de background histórico, porque se passava num cenário contemporâneo, mas em compensação me fez arrancar cabelos com questões musicais... vá entender...).
É uma questão de estilo, não responsabilidade... eu gosto de me situar, de ter um contexto para o que estou escrevendo. Faz parte da minha forma de escrever, como já disse antes.
Ísis: Eu entendi perfeitamente bem, não poderia ser mais óbvio. Você gosta de complicações – nem que seja pra descomplicar depois, mas isso já é uma complicação em si *risos* – e, já que sua complicação normal (a histórica) não estava cumprindo o papel, você precisou de outra complicação, e, então, criou o novo estilo “Complicatus musicalis”. NADA é mais óbvio!
Lulu: É uma boa teoria =D
Em todo caso... toda vez que eu pegava esse conto para começar a escrever, eu tinha de copiar tudo o que já tinha escrito antes de começar um parágrafo novo, de tal forma que devo ter reescrito as três primeiras páginas pelo menos umas quatro vezes. Mas é que toda vez que eu tentava escrever direto no computador, as idéias me fugiam, e eu tinha de ir para o papel e começar tudo de novo... foi uma coisa meio de maluco, mas acho que isso também foi decorrência de como a história foi se desenvolvendo.
Dé: Engraçado como eu também começo a escrever no papel. No início eu comecei por que já passava TANTO TEMPO escrevendo no computador, que tinha medo de esquecer como se usava papel e caneta. Hoje em dia, simplesmente não consigo escrever direto no computador, sem passar pelo papel.
Lulu: Normalmente tenho dificuldade com contos, sou muito prolixa e quero contar mil e uma histórias, chamar a atenção para mil e um detalhes em que pensei... E, fica óbvio da narrativa de Lailah que há muitas histórias ali esperando para serem contadas: o que aconteceu com a cidade na pedra, com os pais de Lailah, com seu irmão...
Ísis: Sim! O que houve com o irmão dela?! A minha maior frustração foi quando ela perdeu a pedra, lembrança do irmão. Eu acho que eu teria definhado ali dentro procurando a pedra...
Lulu: *talvez, dependendo dos próximos desenhos da Dani, algumas dessas histórias acabem sendo reveladas...*
Dani: De fato admito que esse foi o primeiro pensamento que tive quando comecei a ler o seu conto, Lu: “putz, isso aqui tem tantas possibilidade...” ^^
Ísis: Não vale influenciar a desenhista!!!! Isso é suborno! Protesto!!!
Lulu: Aí já não é comigo...
Minha dificuldade com esse conto em específico foi ainda maior porque tinha decidido não lotar a história de personagens e focar-me em minha protagonista... o que acabou se traduzindo em Lailah apenas interagindo com Tidal e o fantasma, algo com que não estou tão acostumada.
Gosto de tecer diálogos, de estabelecer conexões e de espremer um pouco de humor de situações insólitas... e foi um desafio para mim não fazer isso aqui, tentar economizar nas palavras, focar em determinados motivos...
Dani: Sabemos bem disso... também estranhei a falta de personagens.
Lulu: Pois é, teve momentos que eu travava porque não sabia como continuar num ambiente tão... solitário. E a certa altura, estava me sentindo quase tão sufocada e claustrofóbica quanto minha pobre heroína e esse foi um dos principais motivos pelos quais demorei a escrever e tive de começar e recomeçar e recomeçar até atingir o tom certo – ou pelo menos o que soava como o tom certo na minha cabeça.
Certas histórias pulam da sua mente praticamente prontas, só precisando ser um pouco polidas. Outras exigem um pouco mais de labor e reflexão. Creio que por ter tentado fugir do meu lugar comum, tenha passado por essa dificuldade inicial. Eu sabia para onde queria ir, mas desenvolver o meio e criar as sensações que eu queria foram complicados.
Ísis: E quando é que isso foi simples?
Dani: Tava pensando a mesma coisa...
Lulu: O engraçado é que na minha idéia original, o espectro que ajuda a heroína teria alguma ligação com o desaparecimento de seus pais, mas quando cheguei nessa parte da história, descobri que as coisas não iam funcionar da maneira como tinha planejado, que a personagem escapara do meu controle e que aquilo que eu imaginara para a cidade de pedra era muito mais complexo do que minha teoria original.
Não sei como consegui terminar a história com apenas dez páginas...
Dani: Ei! Você não me prometeu uma história de fantasia para o meu próximo aniversário? Continue essa para mim, então!!
Lulu: Vamos ver, vamos ver... Tem tempo ainda e muita água para rolar sob a ponte ;)
Ísis: Dani, querida, boa sorte nessa sua empreitada. Leve dois barris de água e uma sacola de barras de cereal. Vai precisar. (E chocolate, MUUUUUUITOOOOO CHOCOLATE!)
Lulu: Protesto! Eu só não cumpri ainda meu prometido para você porque se passou tanto tempo que eu me esqueci do que tinha planejado para aquela história e não consigo mais entrar no tom daqueles personagens...
Dani: Sério? Então a Ísis também tinha uma promessa dessas?? Agora desanimei um pouquinho...^^”
Lulu: Protesto de novo! O problema da história que a Ísis quer que eu escreva é que é algo com que não estou de forma alguma acostumada a fazer: soft porn. Tudo bem que escrevi alguma coisa na Amaterasu nessa linha, mas nada do jeito que o que essa elefantinha quer...
Chegando a esse ponto, gostaria de observar que gosto muito da Lailah. Minhas personagens femininas às vezes tendem para um certo humor histérico e insólito de que gosto muito. A Lailah, por outro lado, é a pessoa para se ter ao lado numa crise. Ela mantém a cabeça no lugar... mesmo quando está diante do medo do desconhecido, ela não deixa que o pânico a domine.
Ísis: Ela não deixa, mas pela descrição, parecia que o normal dela seria deixar. Pelo que li, pareceu que ela estava lutando fortemente com esse instinto, ou seja, não é que ela naturalmente faça isso, é que ela se treinou pra isso.
Lulu: Mas aí que está, Ísis, o normal de todo mundo é entrar em pânico numa situação daquelas. O fato é que ela tem medo, mas sabe que precisa superá-lo para conseguir se safar. Ela se esforça, não é algo que vem simplesmente do nada.
Dani: Admito que fiquei comparando ela com a Mina! As duas dariam uma boa dupla!! XD
Lulu: Engraçado que também fiz essa comparação na minha cabeça, porque embora a Mina consiga resolver os imbróglios dela, antes de fazê-lo ela se desespera e quer se jogar de janelas...
Igualzinho a uma certa pessoa que todos conhecemos...
Ísis: De quem é ela está falando? *a expressão dripping sarcasm acaba de ganhar um novo significado pra mim... XP
Lulu: Gosto da praticidade da Lailah, dessa forma dela se portar – creio que gostaria de revisitá-la mais velha no futuro, mais madura, porque aqui ela ainda é uma criança, uma vez que não passou pelos rituais de iniciação. Lailah tem muito caminho pela frente.
Para completar os bastidores... eu escutei a trilha sonora de Game of Thrones a não mais poder enquanto escrevia essa história... (Ísis: Tá isso explica) e estava sempre de pijama, conforme ordens de nossa desenhista (rendeu um olhar meio esquisito da minha mãe, me ver colocando pijama depois do almoço num domingo de tarde...).
Ísis: Peraí, alguém me ajuda aqui, porque, que eu saiba, a Dani pediu para NÃO usarmos pijama, não foi? oO
Socorro, estou confusa!
Lulu: Então, que eu sou uma anta... Você falou isso agora e fui olhar o post original que a Dani tinha escrito e DE ONDE FOI QUE EU TIREI QUE A REGRA ERA PARA ESCREVER DE PIJAMA????
Vou ali me jogar da janela porque fiz tudo errado...
Ísis: Insiro aqui minha crise de risos... Ai, como dói!
Dé: E eu ainda tinha comentado contigo, que era SEM pijama...
Dani: Dona Lulu, você quebrou a minha regra primordial!!! Está desclassificada, mocinha! Banida!! Banida da Brincadeira!!!! Cortem lhe a cabeça!!! *momento de realização por poder dizer isso uma vez na vida aqui no Coruja*
Ísis: PARABÉNS, DANI!!! Sempre achei que seria eu, já que aparentemente sou o caos, mas você mostrou que a filha também pode aplicar o golpe de estado! *clap clap clap*
Lulu: Janela, janela, janela...
Dani: Você não quer dizer guilhotina, guilhotina, guilhotina? XD
Lulu: Você não conhece aquelas janelas que têm um mecanismo de guilhotina?
Ísis: Ainda bem que arranjei uma solução prática pra escrever conforme as regras em qualquer dos casos...
Dé: Escrever com a “roupa de dormir”? (seja lá qual for)
Dani: Classifico roupa de dormir também como pijama, então também é proibido!!
Ísis: Não, e nem vou dizer qual é pra não correr riscos...
Vem cá, Lulu, é impressão minha, ou não tem UMA só história em que VOCÊ esteja no controle? Toda vida que vais escrever qualquer coisa, os personagens te tomam as rédeas e TCHAM! A história muda. *risos*
Lulu: É que sou uma pessoa descontrolada (hein?)
Dani: Hein mesmo, Pensei que você fosse a monarca paranóica...
Ísis: Peraí que, depois dessa resposta, vou ali me recuperar de uma (segunda) crise de risos... (já tô toda dolorida, e ela ainda me apronta uma dessas...)
Bem, eu também tenho essa tendência a querer escrever histórias quilométricas, cheias de detalhes, uns seis a dez personagens (Dé: PEDERASTIA!!!) – mais que isso fica difícil de “keep track” (não faço ideia de como dizer isso em português direito) etc. Obviamente, todavia, nem de longe chego aos níveis da Rainha.
Só que, por serem contos, desde o momento em que topei o desafio, já tinha decidido que iria me desafiar a escrever histórias que não tinham suas pontas ligadas, as coisas não teriam explicação etc. Iria escrever aquilo que já detesto (so to speak) há algum tempo: contos. Eu não gosto deles justamente porque são curtos e, muitas vezes (pelo menos os que eu li), deixam mais perguntas do que dão qualquer resposta.
Aí resolvi que meu desafio não seria escrever (isso não é desafio, é prazer), mas escrever um conto.
Dani: Cara, adorei saber que foi um desafio para todos vocês a coisa do conto... Mas não foi algo sem intenção não, queridos. Eu escolhi “conto” primeiro porque histórias longas podem acabar se estagnando após um tempo (perdoe-me Lu, mas tenho de fazer referência ao Ases), e segundo porque algo curto faria com que vocês pudessem escrever com certa frequência e praticarem esse talento divino que todos têm.
Dé: Na verdade, filhinha, meu problema é que eu COMEÇO tentando escrever um conto. Não é minha culpa de termino com alguma coisa entre um conto e um romance...
Ísis: Não se preocupe, Dani, já tínhamos entendido o porquê do formato ‘conto’.
Dani: Aliás, até a história do pijama tem um motivo bem racional, acreditem se quiser. ^^
Lulu: Eu agora fiquei curiosa em relação ao motivo racional do não uso de pijamas...
Dé: Realmente, deve haver uma história bem interessante por trás disso... Aliás, essa regra vai se manter pelos demais desafios?
Ísis: Porque pijama é algo que se veste quando está perto da hora de dormir, ou seja, já está com sono, e os níveis de concentração estão baixos, ou, pelo menos, reduzidos. Incluo nisso quem tem insônia.
Assim, escrever de pijama = escrever sem pensar muito. A Dani escolheu contos pra que não precisássemos passar dias ou semanas com isso, mas também escrever half-heartedly (por que é que tem tantas palavras sem tradução em português?!) é covardia com ela, né?
Dé: Na verdade, a tradução seria “meia-boca”.
Lulu: Gostei da sua teoria, Ísis.
Dani: Não é exatamente esse o motivo não, Ísis (apeguem-se ao “exatamente”), mas não vou revelar o verdadeiro também não. Quero poder ter o benefício da dúvida como boa rainha suplente que sou aqui no Quem Conta um Conto. ;)
Lulu: E Dani, não há que se pedir desculpas. Meu problema com Ases é que a falta de tempo me força a passar muito tempo de escrita entre um capítulo e outro. Com isso, eu acabei perdendo o fio da meada. Para conseguir terminar essa história, eu teria de sair reescrevendo ela do início para conseguir entrar do novo no tom dela – e depois continuar escrevendo de um fôlego só até o final.
Um dia eu ainda retornarei a Ases...
Ísis: Amém!
Bem, por tudo aquilo que já expliquei, resolvi que o primeiro seria algo bem anônimo: a personagem não revela nomes, o nome dessa Terra, nada. Só para constar que se trata de algo um pouco diferente do nosso mundo, fi-la citar os nomes de animais, e só. Porque eu já sabia o que queria disso, escrever não foi tão difícil. Pode não ter ficado bom, também, mas, considerando que é meu primeiro conto, não estou tão preocupada. Sempre há espaço para melhorar.
Lulu: Olha, Ísis, devo dizer que eu gostei muito do seu conto. Gostei do fato de ser em primeira pessoa, gostei da forma como você trabalhou a idéia de destruição de recursos e desertificação e apesar de ter me deixado curiosa sobre o significado da ‘matadora’ (ela seria a Morte?), eu achei que ele se basta em si mesmo e ficou muito legal.
Ísis: Depende de como se analisar. Olhando simplesmente a história, brusca e seca, ela é uma jovem desligada das consequências de seus atos e do contato com uma sociedade, e, por isso, suas atividades trazem a morte. Mas se formos olhar como uma metáfora ao nosso mundo, ela é, sim, a morte... A morte criada pelas nossas próprias ações.
Dé: Por que será que eu nunca faço essas análises filosóficas do conto? Eu só aceitei que ela estava matando tudo e ponto final. Tem horas que eu acho que fica melhor assim, sabe? Por que ela está matando tudo? Por que ela não envelhece? Por que? Por que? No fundo, sempre acho que o que se passa na cabeça do leitor vai ser bem pior (para a pessoa) do que o autor realmente tinha em mente.
Lulu: De onde você tirou os nomes dos animais? Foi uma das partes que achei mais interessantes, porque foi um dos fatores com que mais me digladiei, que foi o de achar nomes... batizei a espécie dos coelhos alados, mas não sabia do que chamar o ‘cão-hiena’ que a moça carrega pela coleira.
Ísis: Pelos sons, e pelos nomes que vagamente me recordava esses animais terem em outras histórias/línguas/lugares etc. Misturei tudo numa sopa inconsciente e saíram esses nomes. Em outras palavras, diferentemente da Rainha, eu não fui pesquisar. Admito que estou envergonhada agora, mas com a quantidade de sarna aqui, tenho que escolher onde coçar e por quanto tempo.
Lulu: Não tem porque ficar envergonhada, eu adorei a sonoridade dos nomes, achei bem interessante a idéia!
Dani: Eu também adorei a forma diversa que você fez o conto, tirando a menina da ilustração como personagem principal, e criando um mistério logo de cara. Você meio que inverteu as coisas, pois quando se começa a ler, logo se pensa que quem está narrando é ela, e no fim ela na verdade é a “vilã”. Adorei isso, adorei mesmo!
Fora que o seu conto tem um ar bem mais pesado, mais sombrio... como uma lenda. Já o da Lulu me pareceu mais como algo de um livro (exatamente por poder ter uma continuação). O do Dé então, me lembrou muito um conto de fadas. Uma história cheia de morais e magia, que é contada de geração para geração...
Dé: Acho que a primeira coisa que me veio na cabeça foi o ponto-chave da história: a motivação da protagonista. Ela teve o nome roubado por uma bruxa, e agora vaga procurando reavê-lo.
Como aconteceu com a Lu, eu também imaginei uma história gigantesca! Para vocês terem uma idéia, o que acabou indo pro ar estava com o mesmo tamanho do primeiro rascunho... e que não chegou nem perto da metade de tudo que eu tinha pensado. Isso não é de hoje, e na verdade foi um tremendo problema.
Lulu: Somos pessoas realmente muito prolixas...
Dé: Acontece que quando eu ia escrevendo o rascunho inicial, janeiro passou e chegamos em fevereiro. E como andei indo para o laboratório, logo, acabei escrevendo muito pouco...
Por conta disso, não gostei nem pouco do resultado final, embora tenha seguido a linha que eu já havia determinado. Reescrevi o conto quase todo no domingo de carnaval, e o finalzinho na madrugada de segunda para terça, por isso o clima corrido do conto (Dani: Fico feliz em saber que se dedicou tanto assim! ^^). Eu gostaria de ter conseguido escrever com calma, para ir corrigindo aonde precisasse e tudo... Bem, o estrago já está feito. Farei melhor nos próximos.
Mas quanto à história... Sim, TODOS os personagens tem nomes, até os que não apareceram na história (uns 6 ou 7, incluindo os pais da andarilha). Pensei em desenvolver mais a personalidade da principal, e o desenvolvimento dela. Do começo como uma garota mimada e egoísta, para uma jovem humilde e honesta. O relacionamento entre ela e Ofélia/a Bruxa. As dificuldades que enfrentaram no começo da jornada... enfim, muita coisa.
Vamos ver se acerto a mão para o próximo...
Lulu: Eu não acho que tenha ficado com um clima corrido, Dé. A idéia do conto é justamente que tenhamos de dar rédeas a nossa unânime necessidade de descomedida verbosidade...
Dani: Falou tudo, mamãe.
Lulu: E o Ofélia é por causa de Hamlet, Dé? Essa parte da escolha dos nomes foi uma das coisas que mais me chamou a atenção nos nossos contos e o fato de que a questão do nome é central para sua história foi genial.
Dé: Inicialmente, todas as mulheres, inclusive o estranho animal, teriam nomes de flores, de acordo com os significados. Acontece que na pressa pra reescrever, acabei perdendo as anotações com os nomes das personagens... e “Ofélia” foi então o primeiro nome que me veio na cabeça, e não tirado de Hamlet... até porque eu não li essa peça.
Ísis: Eu fiquei me perguntando se foi ela que batizou a criatura de Ofélia, ou se esse nome é realmente o nome da bruxa, ou ainda se esse foi o nome que a bruxa se deu na cabeça da menina.
Dé: Nunca saberemos... *expressão indefinida, contemplando o horizonte*
Dani: Malvado. Fiquei curiosa, pô!
Lulu: Gostei muito da idéia de roubando um nome, roubar um passado. Não simpatizei com sua heroína – nesse ponto, um pouco mais de tempo com ela talvez me fizesse superar a primeira impressão do encontro com a velha (que garotinha mimada!). Em compensação, tive grandes calafrios com as conseqüências que se seguiram.
Cá entre nós, foi melhor para ela escapar do tal EX-noivo, porque o cara definitivamente não era boa bisca.
Dé: Que bom que consegui passar essa impressão, de que ela era uma garotinha mimada! Porque é exatamente o que ela era! Quanto ao ex-noivo, espero que não tenha ficado pesado demais, mas a ideia era realmente chocar, mostrando que ele não era flor que se cheire.
Dani: Eu particularmente gostei dela. Apesar do jeitinho irritante, me pareceu que havia muito mais no fundo a se descobrir...
Ísis: Eu também tive vontade de passar uns bons tabefes nela...
Mas fiquei mais frustrada com o “gracinha” do que com o noivo em si... Ô, vocativo irritante! >.< (Dani: Concordo com você nessa ¬ ¬)
Dé, cuidado com os vocativos em excesso, eles tiram a atenção do leitor.
Lulu: Gostei bastante de como os contos se concentraram em detalhes tão diferentes do desenho. Para mim, foi a tempestade e a impressão de altura, de estar no alto de uma montanha, que decidiu sobre o que eu ia escrever; para a Ísis foi o próprio deserto e para o Dé o centro da ação foi realmente a moça.
Dani: O mais engraçado é que, para mim, (quando desenhei a ilustração e, invariavelmente, também fui tecendo algum tipo de história na cabeça) o que mais se concentrou foi no animal que ela arrasta. Porque sim, na minha mente ela teria encontrado aquele animal, ou o estava procurando e o estava arrastando para o vilarejo à força, talvez para um sacrifício ou alimento. Olha só como 4 mentes podem pensar diferentes!!
Ísis: Realmente...
Dani: Apesar de que tivemos uma coisa em comum: na minha cabeça ela também era alguém sozinha no mundo.
Mas, águas passadas já moeram moinhos demais! Vamos em frente com o próximo desafio. Dessa vez decidi pegar mais leve com vocês, meus queridos, já que sei que esse é um tema que todos dominam muito bem: Comédia.
Vocês já conhecem todas as regras, lembrem-se sem contato sobre as histórias. E sim, Ísis, pode usar cores. Pode usar até emoticons, se quiser. ^^ E Dona Lulu... SEM PIJAMA, hein!!
Lulu: Usarei roupa de ginástica dessa vez...
Dani:E aqui segue o desenho. Divirtam-se e nos vemos daqui a 2 meses!
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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Que lindo o desenho Dani!
ResponderExcluirObrigada Angélica! ^^ Eu me diverti fazendo esse. Apesar que a anatomia da menina foi complicada de fazer...
ExcluirAdorei ler o processo de produção dos Contos, apesar de não tê-los lido ainda [o que me proporcionou belos spoilers, mas abafa o caso, porque a curiosidade foi maior... :-"]. Muito interessante descobrir como a mente de cada um elaborou história a partir de um mesmo tema e em cima de perspectivas distintas [e me senti envergonhada, porque nem sempre vou tão a fundo em pesquisas como a Lu...].
ResponderExcluirTambém me perguntou de onde a Rainha tirou a ideia de que deveria, religiosamente, escrever o Conto de pijamas. o.O. Huahahahahahhaha.
Eu cheguei a pensar no conto, as bases da ideia estava toda na minha mente [apesar de eu ter digladiado comigo mesma pelas proporções que a ideia estava tomando, no objetivo de resumi-las para caber em um conto], mas acabei não passando para o papel, por motivo de forças maiores [estudos]. E, se serve como um tipo de consolo(?), Dani, o meu conto era todo pelo ponto de vista do animal... [e nenhum dos personagens tinha nome, ainda].
Mas, bem... Adorei o tema desse mês e a imagem!! Mal posso esperar pelos próximos contos!
Beijos!!
Não posso comentar do desenho novo (por motivos óbvios...), mas posso falar do processo de escrita passado.
ExcluirJá disse que não há porque se envergonhar, o processo de escrita de cada um é diferente e faz parte do meu essa questão de pesquisa, não é sempre uma necessidade, é mais uma compulsão mesmo...
Pois é, não faço a menor idéia de onde tirei o pijama... E essa frase soou algo ambígua...
Eu fiquei curiosa para ver um conto sob o ponto de vista do animal. Lety, acho que você deveria escrever!
Agora eu também fiquei curiosa! Escreva sim, por favor!!!!!!! *_____*
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