29 de dezembro de 2012
A Vertigem das Listas: Os Doze Melhores Livros de 2012
Dani: Olá, leitores queridos! Mal dá para acreditar, mas chegamos mesmo ao fim do ano! Até parece que foi ontem que a Lu nos convidou para participar desse blog que está ficando cada vez mais maluco, mas olha só, já passamos o Fim do Mundo... e ele não acabou!
Dé: Eu voto agora em um apocalipse zumbi! =D
Lu: Eu já estou na expectativa, juntando comida e preparando a mira...
Dani: E então que, para fechar o ano com chave de ouro, o tema desse mês obviamente que será Os 12 Melhores Livros de 2012!
Bom, a minha primeira escolha é um livro que já falei exaustivamente aqui, admito, mas que me tocou tanto que não posso deixar de fora: Garotas de Vidro da Laurie Halse Anderson. O livro é uma verdadeira viagem psicológica dentro da mente de uma pessoa doente. Se você nunca conseguiu entender por que algum amigo, parente se submeteria a machucar-se propositalmente, a machucar os entes queridos, a decidir até jogar tudo para o alto e optar pelo suicídio, sinceramente, leia esse livro. Ele lhe dará uma pequena noção, mas muito sincera e verdadeira da dor insuportável, do vazio, e da maldita desesperança que às vezes parece nunca ir embora da mente.
É um livro forte. Com temas e cenas fortes. Não por conter rios de sangue ou apelações típicas, mas simplesmente por retratar o real. E é bem isso que machuca.
Dé: Nossa. Agora não sei se eu leria, com toda a honestidade. .-.
Lu: Confesso que também não é muito minha praia. Eu já lido e lidei no dia-a-dia com coisas tão cabeludas que ao menos em termo de leituras, prefiro algo que não jogue minha cabeça num lugar onde eu não gostaria de seguir...
Dani: Admito que o livro é bem pesado e não é para todo mundo, mas... não sei. Ele fala de forma muito honesta como é viver em uma situação como essa. Tão... desesperadora. E seria bom, para alguns, tentar entender como é viver assim... talvez não para si, mas em prol de outros que vivem assim e que muitos não conseguem compreender e acabam por ter até preconceito. Mudei muito de opinião sobre diversas pessoas depois de lê-lo. Fora que a linguagem que a autora usa é simplesmente primorosa.
Eu recomendo. Mas com cautela, vai...
Dé: Minha primeira escolha de livro deste ano começa com... TERROR!
Sim, pois meu primeiro livro é O Caso de Charles Dexter Ward, de H.P. Lovecraft. Nunca escondi que sempre gostei de terror, mas apenas ano passado entrei em contato com Lovecraft, e de lá pra cá tenho tentado ler toda a obra do autor.
O livro é significantemente maior que os outros dele, mas mantêm a qualidade do inicio ao fim. Outro detalhe muito interessante, é a quase completa ausência dos horrores cósmicos que levaram Lovecraft à fama. Recomendo.
Lu: Fiquei curiosa. Também gosto de Lovecraft, esse vai para a minha lista do ano que vem...
Dani: Nunca li nada dele, mas também adoro terror. Qual dele você me indicaria para começar?
Lu: Eu gostei muito de O Chamado de Cthulhu, e também As Montanhas da Loucura. Não existe uma cronologia exata, a não ser que você queira ler na ordem de publicação, e a maior parte das obras dele, até onde eu saiba, são contos.
Minha vez agora, não é?
Bem, é claro, óbvio e ululante que eu não podia deixar de enfiar o Pratchett aqui no meio, não é? O cara é meu herói, eu sempre me pergunto como ele consegue, como é capaz de fazer tudo o que faz mesmo na situação em que se encontra...
Mas não é isso que importa aqui. Vamos ao que interessa...
Night Watch é minha primeira indicação. Eu me segurei muito para ler esse livro em maio, que é quando a história se passa, pela importância da data que 25 de maio tem dentro da narrativa (o dia da Revolução Gloriosa de Ankh-Morpork).
Eu tinha absurdas expectativas em relação a esse livro. E o Pratchett não apenas atendeu a todas elas: ele as ultrapassou. E muito.
Uma palavra apenas: genial.
Dani: Ok, para a minha segunda escolha um livro mais feliz (ou nem tanto), Cartas a Théo de Vicent Van Gogh. O livro é uma compilação de todas as cartas que Van Gogh enviou para o irmão Théo. Já foi editado diversas e diversas vezes desde que esse homem sensacional passou a ser considerado um gênio. Sendo que essa última edição vem com muitas cartas adicionais, encontradas até 2002.
Essa versão reúne as 200 mais importantes onde ele descreve sua vida, as cidades em que morou, as viagens, e principalmente suas obras. De fato ele detalha tão minuciosamente ao irmão como cada quadro, paisagem, pessoa ou mesmo um pensamento o influencia, de uma forma tão dedicada e apaixonada, que é simplesmente impossível não amar ainda mais esse gênio!
Para quem não sabe (duvido muito que exista alguém aqui assim), Van Gogh teve uma vida muito triste, sofreu praticamente toda ela e não deixou de retratar uma lágrima, uma gota de sangue sequer em suas obras. Foi um solitário que encontrou na arte uma amiga leal e paciente, e em quase todas as suas cartas ele descreve como praticamente só vivia para isso, para pintar. Para registrar tudo o que pudesse. Muitas vezes chegou a passar fome, ao usar o dinheiro que o irmão mandava para comida, para comprar tintas e telas.
Se há algo que consegui entender lendo esse livro foi que, ele amava as artes. Ele as amava, não porque pintava, ou por sua beleza, mas porque era o único lugar onde ele podia se sentir vivo. Onde ele podia “falar” com o mundo. Apesar de só termos começado a ouvir muito depois dele ter-se ido.
Lu: Esse me deixou interessada. Na época do colégio, fiz um trabalho de feira de ciências sobre esquizofrenia e assistimos (meu grupo e eu) um filme sobre a vida do Van Gogh quando estávamos fazendo nossas pesquisas. Fiquei bastante impressionada (e acabei chorando feito bebê, mas eu choro feito bebê com muita coisa...)
Dé: O segundo livro da minha lista chegou em minhas mãos por conta do Clube do Livro que Lu e eu fazemos parte, por intermédio de um booktour.
Ficção de Polpa, Vol 01 nos traz uma coletânea de contos de fantasia, muitos deles sem pé nem cabeça, mas todos muito divertidos de ler. Pra mim, foi uma leitura bastante agradável e, como vários autores participam da coletânea, as mudanças de estilo de escrita acabam passando uma sensação maior de estranheza, já que não se parecem em nada com o anterior.
E termina com um conto do Lovecraft...
Lu: O Ficção de Polpa está na minha lista dos dez mais e estou ansiosa para ler os próximos volumes, inclusive o novo que foi lançado agora em dezembro, uma edição especial com contos de aventura.
Ok, o próximo título da minha lista eu comecei a ler em Paris, encomendei quando estava em Portugal e devorei em meu retorno... e depois comecei a reler, dessa vez de forma mais devagar, para aproveitar ao máximo a poesia dos contos.
Me apaixonei pelo livro de forma tão formidável que decidi fazer a Dani lê-lo e providenciei uma cópia para lavagem cerebral no aniversário dela. Como o livro trabalha muito a relação de texto e ilustração, lembrei-me constantemente dela, e não consegui resistir à tentação (não que eu resista muito à tentação de cumular a Dani de presentes sempre que tenho uma oportunidade...).
Estou falando de Contos de Lugares Distantes, de Shaun Tan.
Dani: E que amei de tal forma que nem mesmo consigo explicar por aqui. Você, Lu, vai entender melhor daqui um tempinho quando receber o seu presente de natal (que muito provavelmente vai chegar atrasado, desculpe... - -“)
Lu: Não se preocupe com isso, você está entrando no espírito da tradição da Régis – ela nunca dá presentes de natal, mas sim presentes de dia de reis!
Qualquer dia desses, a Régis me processa por bullying...
Dani: Para o meu terceiro livro, escolho um que, como muitos outros, comprei por impulso apenas pela capa (tenho esse defeito, admito), mas que me surpreendeu bastante e me levou a uma bela crise de consciência: Ratos, de Gordon Reece.
Imagine duas pessoas que a vida inteira viveram acuadas e submissas, sendo sempre empurradas a ceder à vontade e às necessidades dos outros em lugar de si próprias, sempre fugindo, sempre sendo maltratadas e agredidas por todo mundo sem nunca conseguir se defender, apenas fugindo e se escondendo. Como ratos. O que acontece a essas pessoas quando finalmente encontram um lugar para viver em paz, mas um intruso aparece e ameaça suas vidas mais uma vez?
Até os ratos tem um limite.
Esse livro realmente me espantou. Não pelo tema ou a trama, mas pelo dilema moral que ele nos coloca. Até agora não sei bem o que pensar sobre as protagonistas. Elas mereciam uma punição? Elas deveriam ser pegas? Ou elas realmente merecem uma nova oportunidade na vida, mesmo que para isso tenham de cometer um crime grotesco? Quando podemos considerar alguém culpado por um crime? Podemos torcer por alguém que sabemos estar completamente errado? Condenaríamos alguém assim, tão... normal como qualquer um de nós? E até: seriamos capazes de fazer o mesmo?
Vítimas inocentes podem mesmo acabar se tornando os verdadeiros vilões?
Essas foram apenas algumas das muitas perguntas que pipocaram em minha mente enquanto lia e me surpreendia cada vez mais com esse livro...
Lu: E depois disso a Dani vem me dizer que "não sei escrever resenhas". Tá, tá bom, acredito...
Bem, eu gostei dessa temática... nem se pode sempre fechar-se maniqueísmos, confiar que não existem justificativas, fazer de conta que tudo é preto no branco...
Dé: O meu terceiro livro, não deve ser lá grande surpresa, levando em conta o quanto eu (e a Lu) falo desse autor.
Dead Beat é, sem nenhum medo de exagerar, o mais épico livro da série Dresden Files até agora. O clímax do livro é o momento mais famoso de Dresden, basta procurar no Google por imagens do Dresden que ESSA em específico vai chamar a atenção.
Continuando: Aqui acontecem algumas mudanças significativas na série, e foram muito bem escritas por Jim Butcher. Vale a pena ler.... Mas como eu disse antes, sou suspeito para falar... =P
Dani: Outro que também ainda não tive oportunidade de ler... Estou precisando de mais lavagens cerebrais. Aceito de leitores também!!!
Lu: Isso me lembra que também tenho de voltar a ler a série do Dresden... mas tem sido tanta coisa por aqui, tanto para ver, fazer, ler e... ele acabou perdendo prioridade... O bom é que toda vez que leio um livro novo da série, me surpreendo de novo em como o Butcher consegue te surpreender.
Minha vez de novo agora?
O terceiro livro que me conquistou em 2012 foi O Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald. A narrativa dele me prendeu completamente, eu sentia o tempo todo como se estivesse dentro do quadro que ele pinta, no meio da ação, das festas regadas a champanhe no gramado da casa de Gatsby.
Nunca tinha lido nada do Fitzgerald, mas a impressão que o livro me deixou fez com que eu o colocasse na lista de autores que preciso ler mais.
Dani: Ah, O Grande Gatsby! Eu amo esse livro, é fantástico! E soube que já fizeram filme também, para lançar ano que vem, ou esse ainda, não sei bem... mas parece ser muito bom.
Lu: O filme ia estrear esse ano, Dani, mas sei lá porque cargas d’água é que jogaram ele para as férias do ano que vem... acho que ele está previsto para julho.
Dé: O último livro da minha lista foi cortesia da Lu. Protocolo Bluehand: Alienígenas foi uma leitura muito diferente do que estou habituado, uma vez que leio poucos manuais de sobrevivência (o outro foi O Guia de Sobrevivência a Zumbis, que estaria nesta lista, se eu o tivesse lido esse ano).
Não confie em ninguém. Vigilância constante. Se proteja como pode. Estas e dezenas de outras preciosas lições estão espalhadas nas páginas do manual.
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Lu: Eu terminei de ler esses dias o segundo volume do Protocolo Bluehand... o mundo pode até não ter acabado dia 21, mas estar prevenido nunca é demais, não é mesmo?
Dani: Lembrei do Olho-Tonto Moody agora “VIGILÂNCIA CONSTANTE!!!” XD
Lu: Boa lembrança! E é bem por aí mesmo...
Ok, então, o último título da minha lista... caramba, agora estou na dúvida de qual indicar, porque li alguns muito bons livros esse ano. Deixe-me pensar...
Bem, acho que vou indicar... A Casa da Seda, do Anthony Horowitz. Eu li esse livro na minha peregrinação literária por pastiches de Sherlock Holmes e esse livro é simplesmente fora de série, excelente, sério mesmo. Eu indico!
Dani: E para o último livro, escolho a consequência do maravilhoso presente que Lulu me mandou. Assim que li Contos de Lugares Distantes, me apaixonei de tal forma por ele, mas de tal forma, que, imediatamente, encomendei para mim o outro único livro em português que temos de Shaun Tan aqui no Brasil, A Chegada (pelo menos até onde eu sei. Já lançaram algum outro em português????)
Lu: Até onde eu saiba, não, Dani, mas se lançarem, eu te aviso... se bem que, havendo outros livros como A Chegada, não faz muita diferença se foi lançado em português ou chinês, não é mesmo?
Dani: Se uma vez eu disse que Contos de Lugares Distantes é escrito com letras e traços simultaneamente; esse é escrito unicamente em traços. Sem uma única palavra sequer o livro é inteiramente feito com as mais incríveis ilustrações que eu já vi, contando a história apenas por imagens, sem narração, sem diálogo, sem nada, somente desenhos.
Esse livro me emocionou absurdamente, nem sei bem porque, mas acabei chorando feito um bebê no final (e olha que é difícil eu chorar.). A história é belíssima e o universo que o autor cria para contá-la é tão maravilhoso que me fez desejar o tempo todo poder morar num lugar como aquele, misturando muitas referências com nosso mundo normal e cotidiano com algo de fantástico e fantasioso, quase como um sonho. Recomendadíssimo, com toda certeza!
Lu: Então... é isso... nossos livros favoritos de 2012. Foi um ano bastante produtivo, ao meu ver, a despeito de algumas pequenas correrias e confusões...
Dani: E bota correria nisso...
Lu: 2013 está batendo à porta e é hora de zerar a lista e fazer novas metas. E talvez, porque não, reler o que deixou já saudade em 2012...
E vocês? O que lerão em 2012 que vai lhes deixar saudades?
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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Esse ano foi bastante conturbado, mas até que consegui ler alguns livros que há tempos eu deveria ter terminado. Dentre os principais, estão:
ResponderExcluirO Guia do Mochileiro das Galáxias, um dos mais sarcásticos, irônicos, engraçados e bem-humorados livros que eu já li. Sem exagero! Como bom nerd, consegui pegar várias referências que Douglas Adams fez. O livro é fantástico. Continuarei lendo a série, sem dúvida.
A Batalha do Apocalipse, um livro nacional que me surpreendeu em muitos sentidos. Confesso que fiquei muito relutante em começar a leitura, porque acho enfadonho esses livros que apelam para temas polêmicos, tentando alavancar vendas. Mas este foi diferente! O enredo é interessante, o cenário criado ficou na medida certa, sem exageros, sem firulas, sem a pretensão de mudar o mundo que tanto me irrita (como Dan Brown e seu Código DaVinci). Enfim, um livro como há tempos eu não via na literatura nacional. Palmas para Eduardo Spohr.
Duna. Este eu ainda estou terminando, mas já está entre as maiores séries de ficção científica que eu já li. A leitura é cansativa, reconheço, até porque a quantidade de informações novas a cada página é gigante, e de uma natureza que a maioria dos leitores não está acostumada. Mas as tramas, os personagens, as culturas, os planetas, os diálogos, tudo é muito muito muito bem elaborado. É extremamente gratificante conhecer um novo universo e se descobrir fissurado em cada história que é contada ali.
Bom, esses foram, dos livros que li em 2012, as três experiências mais ricas que eu tive.
Espero que gostem!
Abraço!
Que bom que compartilhou conosco sua lista, Hugo!
ExcluirDouglas Adams é definitivamente fantástico. A série é legal, mas sendo bastante sincera, O Guia do Mochileiro das Galáxia é o melhor livro dela; os outros decaem um pouco... mas ainda são muito bons.
Também me surpreendi com a Batalha do Apocalipse. Eu gostei do cenário, gostei da pesquisa, tenho algumas críticas, mas ainda o acho interessante.
Duna está na minha lista de futuras leituras, então não posso dizer muito sobre ele... mas é bom saber o que me espera quando me propor o desafio.
Abraços!