14 de setembro de 2012

360º: As Férias da Coruja – Parte III: Contatos Imediatos em Terceiro Grau

De uma forma geral, estou tentando escrever em separado minhas aventuras na França e em Portugal, mas como esse post vai também para o site da JASBRA e os contatos em terceiro grau de que vou tratar aqui estão intimamente ligados, nessa parte vou juntar as histórias e depois volto à cronologia temática que organizei mentalmente para fazer isso aqui...

Dani: Acho que falo por todos quando digo... Hã?

Lu: Não tente entender...

Ok, então...

Para quem não sabe, minha carreira como representante da JASBRA cá em Pernambuco começou quando a Adriana Zardini me pediu que recebesse a Terry Hubener, membro e representante da JASNA na Flórida. A família da Terry é aqui do Recife e ela estava vindo para encontrá-los e, se possível, visitar também uma turma de leitores de Austen no Brasil.

Receber e conhecer a Terry foi um enorme prazer. E, aparentemente, me deu também um gosto por ser relações públicas, porque quando estava terminando de providenciar tudo o que precisava para a viagem, escrevi para a Adriana e perguntei se ela conhecia alguém da comunidade francesa de janeites.

Ela me colocou em contato com a Claire, do Jane Austen Lost in France, e começamos a trocar algumas mensagens e assim fechei meu primeiro compromisso oficial em Paris: encontrar a Claire, passear, e no entretempo trocar informações sobre nossos respectivos grupos e idolatrar a querida Jane.

Dé: Não necessáriamente nessa ordem.

Dani: Ainda bem. ^^

O encontro foi marcado para o dia seguinte à nossa chegada, na frente da livraria Shakespeare and Co. e vamos todos concordar que a coisa já começou muito bem a partir desse preciso ponto.


Dani: O legal é que você também foi meio “a caráter”. Adorei essa camiseta! XD

Lu: Às ordens ;)

A Claire estava lá nos esperando com uma sacola imensa de presentes e bastante preparada para passar a tarde batendo perna conosco. Dizer que nosso passeio foi uma delícia é redundante. Que a conversa – num misto de inglês, francês e português – foi ininterrupta e que voltei pra casa ligeiramente rouca também é quase um pleonasmo. Eu já nem sou tagarela, imagine quando encontro alguém predisposto a dividir as mesmas paixões que eu?

Após apresentações, abraços, trocas de presentes e demonstrações de boa vontade, pegamos um ônibus para nos enfiar pelos bairros mais afastados e menos turísticos de Paris, atrás de nosso objetivo do dia: uma rua chamada Darcy.

Pois é, existe em Paris uma rua chamada Darcy.

Dé: Só de curiosidade: Como diabos tu soube dessa rua mesmo?

Dani: Boa pergunta. Como?

Lu: Eu não sabia. Foi a Claire que contou quando combinávamos os detalhes para nos encontrar.

A Claire também não conhecia esse ponto tão peculiar de sua cidade e nos usou como desculpa para ir até lá. Uma excelente desculpa, vamos concordar...

Conversa vai, conversa vem, qual a sua heroína favorita, por qual mocinho você se derrete, quando-onde-porque Austen, outros vícios literários, volta para Austen, clube do livro, debate, assim e assado, chegamos ao nosso destino.


Não existe nada demais na rue Darcy, a não ser que você conte a Companhia de Água. É uma rua pela qual você passa quase despercebida que ela está lá, pequena, numa área residencial. Como a Claire bem observou, pessoal que nos viu tirando fotos deve ter ficado espantado – fomos, muito provavelmente, as primeiras pessoas que foram lá para fazer isso.

Dani: Situações típicas que todo fanático passa...^^”

E tirar fotos nós fizemos... com todas as placas de ambos os lados da rua. Eu até me abracei com um dos postes no caminho, com cara de maluca, ao mesmo tempo que ríamos como se não houvesse amanhã.


Depois disso, a Claire nos convidou para a casa dela, onde tivemos o prazer de conhecer outras duas pessoas do grupo, a Anne e a Lila. A essa altura eu acho que nem tínhamos mais muita consciência de que em que língua estávamos nos comunicando – o importante é que havia comunicação e muitos risos e também conversa séria.

Dé: Engraçado como isso acontece. Mas no meu caso envolvia cerveja...

Dani: Entendo o que quer dizer, Dé. Surge uma terceira língua: a dos bêbados. Não importa país, etnia, condição social... E só eles se entendem!

Foi um intercâmbio – e um dia – absolutamente maravilhoso.


Também em Paris, na semana seguinte, encontramos o pessoal do Le Cercle Holmésian de Paris. Pensem numa turma animada! Fomos encontrá-los num pub irlandês chamado Le Galway (Dani: Num pub irlandês, difícil não ficar animado! XP) e chegamos antes de todo mundo (saímos uma meia hora antes de quando tínhamos de estar lá para termos tempo de nos perder... mas não nos perdemos e por isso chegamos muito cedo...). Quando os primeiros membros do grupo começaram a chegar, o rapaz que estava no bar apontou para nossa mesa e disse “aquelas ali são de vocês”.

Nosso contato com o Cercle era a Laurence, que está vindo para o Brasil agora no final de setembro e vai participar de um encontro no Rio (queria estar lá... tenho certeza que vai ser muito bom!), mas ela ia chegar um pouco mais tarde, então estávamos meio perdidas... foi uma sorte o rapaz ter tomado a iniciativa de nos apresentar e assim é que fomos primeiro recepcionadas pelo Jean-Christophe, que não apenas foi muito simpático como imediatamente nos encheu de material do Jeremy Brett.

Pelo que a Laurence explicou depois, ficamos sabendo que alguns dos encontros do Cercle eram temáticos, que tínhamos chegado naquele dia para um encontro centrado na série Granada com Brett no papel de Sherlock e que não havia ninguém mais alucinado pelo Brett que o próprio Jean-Christophe. O que é completamente compreensível, porque Brett não apenas interpretou Holmes, ele foi Holmes até o último fio de cabelo.


A única parte triste da história é que depois de ver todo o material disponível na França para os fãs do detetive – inclusive a fantástica enciclopédia em fascículos sobre a série Granada vendidas junto com os DVD’s (conhecem aquelas coleções que vendem em bancas com objetos colecionáveis?) – eu fiquei morrendo de inveja. Eu queeeeeeeeeeeeeeero!!!!!!!!!!!!!!!!


Dani: Eu quero também!!!!!!!!!!!!!*__________*

Enfim, adorei participar do encontro com o pessoal do Cercle. Eu me diverti pra caramba com a farra que eles fizeram durante o quizz e algumas das rotinas deles me deram idéias para implantar no clube do livro aqui de Recife...

Para terminar, vamos agora dar um pulinho em Lisboa.

Ao chegarmos em Portugal, também já estávamos de encontro marcado com a Paula, do Jane Austen Portugal. Ficamos de nos encontrar perto do hotel onde estávamos hospedadas, logo de manhã cedo, porque, segundo nossa cicerone, teríamos um dia inteiro de passeio pela frente.

Não fazíamos idéia, contudo, do que realmente a Paula nos estava aprontando.

Dé: Já imaginei ela com iluminação dramática e soltando a risada “MUAHAHAHAH”

Dani: Eu imagino é você, Dé, fazendo isso. E dá medo!

Primeira surpresa foi quando ela nos colocou no carro – porque pensei que íamos pegar o metrô ou mesmo ir andando para onde quer que ela queria nos levar – afinal, estávamos no centro histórico de Lisboa. Mas, tudo bem, sem problemas, toca pra frente.

Começamos uma conversa animada (e que conversa dessas não foi animada?), e eu ia silenciosamente tentando adivinhar para onde estávamos indo. Subimos e descemos Lisboa. E, oi? Saímos da cidade? Hum, talvez haja um desvio, ou um retorno que ela tenha de pegar e... peraí, estamos na auto-estrada!

A essa altura eu já chegara à conclusão de que estava sendo seqüestrada e nem podia avisar nada para a Carol, que estava sentada do lado de trás, sem me fazer perceber por nossa seqüestradora... então continuei a conversa (que estava muito boa e eu não via razão para interromper) e comecei a prestar atenção nas placas.

Depois da terceira placa com o mesmo nome, eu finalmente perguntei à Paula: “estamos indo para Sintra, não é?”.

Sim, esse era exatamente nosso destino. De acordo com nossa seqüestradora/cicerone/guia turística, Sintra era um vilarejo romântico, tanto na arquitetura como na sensação passada a seus visitantes, tendo encantado diversos escritores britânicos – incluindo aí o sedutor Lorde Byron – sendo assim o local perfeito para fazermos nosso encontro.


Dani: Isso é que é 1º encontro. O.O

Eu gostaria de ser seqüestrada mais vezes se fosse para ter um dia como o que tivemos em Sintra... O vilarejo é realmente encantador – fizemos uma bela caminhada até o Palácio da Pena, um lugar tão diferente e tão lindo que, não sei, dá uma sensação de paz, de absoluto contentamento com o resto do mundo.


O Parque e Palácio da Pena foram obra do rei D. Fernando II, marido de D. Maria II, filha do nosso Dom Pedro I. Servia como residência de verão para a família real e tudo o que poderia haver de belo, de agradável aos olhos – vitrais, pinturas, meu deus, as paredes de cada sala que entramos... – tem lá. É muito diferente dos palácios que visitamos na França, como Versalhes e Fontainebleau, onde o amor à ostentação é quase opressivo. O Palácio da Pena é estranhamente... aconchegante. Tanto que a certa altura da visita eu já estava perguntando quando podia me mudar...

O quê? Sonhar não custa nada, oras!

Dani: Uau! Parece até cenário de conto de fadas! E... ei!! O seu vestido bonito de novo!!!

Lu: Estou já para te dar um igual de presente... problema é só saber exatamente onde foi que comprei ele...

Do Palácio da Pena seguimos para o Castelo dos Mouros, uma fortaleza medieval do período de dominação árabe da Península Ibérica. Após andarmos um pouco pelas muralhas, voltamos a descer para a cidade e depois de um almoço delicioso de bacalhau (a semana que passamos em Portugal fizemos uma dieta de bacalhau... Dé: E sobrou pra mim procurar a receita... Dani: Quem mandou cozinhar bem. :P), fizemos um passeio de charrete pelas ruelas de Sintra, subindo e descendo entre casas e jardins maravilhosos.


Dani: E teve até carruagem??

Nessa brincadeira a Paula ainda nos apresentou a um manjar divino: uma sobremesa típica das bandas de lá chamada ‘travesseiro’, que eu tanto elogiei para minha mãe que ela providenciou a receita e está planejando fazê-los essa semana.

Espero que eles fiquem iguais aos que experimentamos em Sintra.

Dani: E que já podemos incitar para cima do Dé também, né Dé? Hein? Hein??

Dé: Não dá idéias, Dani...

Lu: Já era... Se eu aprovar os que mamãe fizer, mando a receita que ela encontrou para o Dé ;)

Enfim, depois de toda essa farra, voltamos a Lisboa com ainda mais assunto do que tínhamos conversado na ida (porque nosso assunto aparentemente nunca se acaba...) e passamos pela livraria Bertrand onde se realizam os encontros da turma do Jane Austen Portugal.


Na véspera de voltarmos, a Paula nos pegou de novo para tomar um legítimo chá inglês no centro de Lisboa ^^ Nessa ocasião eu acabei dando uma entrevista para ela, ganhamos mais presentes e fizemos ela prometer que viria em alguma ocasião para o Brasil, quando poderíamos paparicá-la tanto quanto ela nos paparicou.


Aliás, o convite é extensivo a todos, tanto do Cercle Holmésian, do Jane Austen Lost in France quanto do Jane Austen Portugal quanto para quaisquer outros fãs de Austen e Sherlock pelo mundo que venham parar do meu lado aqui no Brasil: terei o mais prazer em recebê-los todos, com a mesma gentileza e carinho com que nos receberam.

Dani: E conhecendo a minha mamãe como conheço, eles não irão mais querer ir embora depois disso! XDD

Resta agora apenas agradecer pela oportunidade de ter conhecido esse povo maravilhoso, pelos mimos, presentes, pela companhia, pela paciência e pela conversa sempre maravilhosa. Espero ter oportunidade de reencontrar vocês, meninas! MUITO OBRIGADA!


____________________________________

 

4 comentários:

  1. Luciana,

    está muito giro! :-))) Desculpa o susto que vos preguei, foi sem intenção. :-D

    Beijinhos,

    Paula

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    Respostas
    1. Huahuhauha... não chegou a ser um susto, e como já disse no texto, bem que gostaria de ser 'sequestrada' nesses termos mais vezes... não se preocupe que em nenhum momento me passou pela cabeça que você pudesse ser uma psicopata disfarçada ;)

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  2. auhsuashuash li este texto no blog da JASBRA, mas li de novo aqui, fica muito mais engraçado com os comentários do Dé e da Dani!!

    e eu também, gostaria de ser "sequestrada" nestes termos muitas vezes

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    Respostas
    1. Pois é, os comentários cretinos desses dois fazem tudo mais divertido, não é ;)

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