19 de julho de 2012
Para ler: A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça
Tinha separado esse livro para ler para o DL 2012 mês que vem, mas quando comecei a folhear, percebi que estava meio às voltas com propaganda enganosa. Afinal, quando você se depara com um título que fala de alguém sem cabeça, você normalmente espera medo, sangue, cães do inferno e outras variações do tema. Aliás, tendo assistindo o filme com o Johnny Depp, eu esperava no mínimo algumas mortes.Pelo lânguido sossego desse lugar e a personalidade peculiar de seus habitantes, descendentes dos colonizadores holandeses originais, esse isolado vale há muito é conhecido pelo nome de Sleepy Hollow, o Vale Sonolento, e seus garotos rústicos são chamados de Garotos de Sleepy Hollow nas terras vizinhas. Um influência soporífera, sonolenta, parece depositar-se sobre a terra e penetrar a própria atmosfera. Alguns dizem que o lugar foi enfeitiçado por um médico alemão nos primeiros dias da colonização; outros, que um velho cacique indígena, profeta ou mago de sua tribo, fazia suas cerimônias lá antes de a terra ser descoberta por Mestre Hendrick Hudson. Mas com certeza, o local permanece sob a influência de certo poder mágico, que coloca um feitiço nas mentes do bom povo, fazendo-o caminhar num devaneio contínuo.
Nada disso aparece no livro de Washington Irving – meu volume, que comprei no stand da Leya na Bienal do Rio ano passado, vem com algumas ilustrações bem sombrias e primorosas, que foram a única coisa que me causou algum arrepio na história.
Mas, bem, a culpa é minha, que não fiz a tarefa de casa direito e achando que o filme dizia tudo o que eu precisava saber, separei o livro na estante de horror, quando ela ficaria mais bem posicionada entre os livros de ‘causos’, folclore e histórias de trancoso.
Todo esse resmungar pode fazer parecer que não gostei do livro. Não é verdade. A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça tem um ritmo e uma voz que me fez lembrar de ouvir histórias de fantasmas na calçada da casa da minha avó quando pequena e só por isso já teria valido à pena. Mas é também uma história divertida, uma peça bem pregada, que te deixa ao final se rindo sozinho da tolice de uns e esperteza de outros.
Ela vai estabelecendo aos poucos o clima macabro que terminará com a aparição do cavaleiro do título – começamos conhecendo Sleepy Hollow, a cidadezinha parada no tempo, onde os habitantes são orgulhosos de suas lendas e fantasmas, em especial da aparição do Sem Cabeça que, dizem, foi soldado nos tempos da Guerra Civil, e vaga depois de morto à procura de seu crânio, enterrado separado do resto do corpo.
Para lá acaba indo Ichabod Crane, a fim de servir como professor na pequena escola do vilarejo. Supersticioso e amante de lendas assombradas, Crane se apaixona por Katrina Van Tassel, filha de um rico fazendeiro da região, mas tem como rival o valentão do lugar, Abraham "Brom Bones" Van Brunt. E é no meio da corte que esses dois fazem à jovem que a figura do Cavaleiro acaba surgindo.
Não vou falar mais que isso para não entregar todo o outro de uma vez... O caso é que, ainda que não fosse exatamente o que eu esperava, gostei do livro – ele é bem curto, e por isso não chega a explorar bem os assombrosos acontecimentos de Sleepy Hollow, mas em compensação dá uma abertura para você imaginar muito mais – como, aliás, o Burton fez em seu filme. Leitura de meia hora, sessão da tarde, ideal para uma tarde chuvosa sem nada de útil pra fazer.
A Coruja
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Quando li também achei que fosse mais macabro devido ao filme, mas gostei da leitura no geral.
ResponderExcluirAdoro essa edição da Leya com a Barba Negra, as ilustrações são incríveis!
Pois é, eu achava que era um livro de terror... parece que todo mundo teve essa impressão, né? Mas tudo bem, o livro ainda assim valeu à pena, a história é bem divertida... só não tem quase nada a ver com o filme... XD
ExcluirTambém tive a mesma impressão... não é um horror, como eu até preferiria, mas é bom, mesmo assim. E a edição é linda mesmo!
ResponderExcluirSim, sim, as edições dessa coleção são muuuuuuuuuuuuuito lindas!
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