16 de março de 2012

Na sua estante: somewhere a clock is ticking





#111: Somewhere a Clock is Ticking
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Beatriz respirou aliviada enquanto terminava de organizar os documentos na pasta que trazia consigo. Trâmites oficiais terminados, tudo devidamente encaminhado e confirmado... Não dissera nada antes a ninguém para não criar expectativas, mas agora...

Ela sorriu consigo mesma. Primeira coisa seria falar para os pais... e depois para André. O irmão provavelmente ficaria aliviado. E surpreso. Bastante surpreso de ela ter conseguido guardar um segredo por tanto tempo.

Bia estava ansiosa para ver a cara que o irmão faria quando revelasse suas novas.

Depois havia Sofia, Penélope, e outros tantos amigos... Tantos queridos, maravilhosos amigos de quem se despedir...

Mas havia tempo para isso. Colocando a pasta debaixo do braço, ela deixou o prédio da reitoria, avançando pelas avenidas do campus, sentindo o sol de final de tarde ainda ardendo em suas costas enquanto caminhava. Teria de pegar o metrô – André estava no estágio e não havia ninguém àquela hora com quem pudesse pegar uma carona.

Foi quando ouviu alguém chamá-la.

Parando, Beatriz se virou para encontrar a figura de Davi, a bata na mão enquanto tentava equilibrar a mochila pesada para abrir o zíper.

- Boa tarde. O que você está fazendo ainda por aqui a essa hora? – ele perguntou, terminando de arrumar as coisas na bolsa, jogando-a de qualquer jeito sobre o ombro – Pesquisa?

- Resolvendo papelada de um projeto de extensão. – ela respondeu sorrindo – Eu poderia perguntar o mesmo para você, exceto que minha surpresa seria vê-lo tão cedo aqui fora. Toda vez que vou na Sofia, você parece que está de plantão.

- Ossos do ofício. – Davi deu de ombros, embora também sorrisse – Está indo pra casa?

- Vou pegar o metrô. Você está indo pra casa também?

O rapaz assentiu.

- Eu acompanho você.

Beatriz mal se apercebeu enquanto caminhavam lado a falando, falando milhas a minuto, sobre absolutamente tudo e nada ao mesmo tempo. Ela gostava do primo de Sofia – ele era calmo, na dele, mas sempre sabia o que dizer, conseguia acompanhar qualquer conversa e mostrava um interesse confortável em tudo o que ela dizia.

Os dois seguiram juntos, absortos nas improbabilidades da literatura gótica (e ela jamais saberia dizer, se perguntada, como é que tinham ido cair naquele específico assunto), até entrarem no metrô cheio.

Na segunda estação, logo após a deles, uma multidão entrou e, por um instante, Beatriz segurou a respiração enquanto se sentia empurrada de um lado para o outro por dezenas de corpos tentando ocupar o mesmo lugar no espaço – um espaço que, incidentalmente, ela já ocupava.

Estando prestes a perder o equilíbrio – àquela altura, realmente parecia inevitável e posterior a uma queda no meio da multidão ela acabaria pisoteada e adeus, mundo cruel – Beatriz fechou os olhos.

Em vez de um estouro de boiada, contudo, o que ela sentiu foi um braço segurá-la cuidadosamente, impedindo sua trajetória direto para o chão, seguido da voz junto ao seu ouvido.

- Peguei você.

Por um segundo, ela se sentiu transportada para outra ocasião em que seu equilíbrio lhe faltara e o resgate apareceu no momento certo, com exatamente a mesma voz e as mesmas palavras.

Inclinando ligeiramente a cabeça, ela encarou o rosto ligeiramente sorridente de Davi.

- Tudo bem aí? – ele perguntou, ajudando-a a se reequilibrar, ao mesmo tempo em que abria os braços em torno dela, criando uma ‘zona de segurança’.

Beatriz respirou fundo.

- Obrigada.




A Coruja


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2 comentários:

  1. Ai que fofo! Adorei! Por que foi que tive a sensação de que ela está indo embora? Qual o segredo?

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    Respostas
    1. Bem, o segredo já foi revelado no capítulo seguinte ;) Já vi que achou o índice, qualquer dúvida, só escrever!

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