14 de outubro de 2011

Meme Literário: Dia 14 - Se você pudesse fazer uma pergunta para o seu escritor preferido, qual seria o escritor e qual seria a pergunta?



Dia 14 – Se você pudesse fazer uma pergunta para o seu escritor preferido (vivo ou morto), qual seria o escritor e qual seria a pergunta?

The author can always delve into his own personality and find aspects of himself with which he can dress his characters. If you pushed me I would say that ever since I stood up and talked about my Alzheimer’s I have been a public figure; I visited Downing Street twice, wrote angry letters to the Times, got into debates in the House of Commons, and generally became a geezer to the extent that I sit here sometimes bewildered and think to myself, “Actually, your job is to sit here writing another book. Changing the world is for other people...” and then I come back to myself with, “No it isn’t!” And so, bearing in mind that these days, people call a kid from the council houses “Sir” allows me to create a mindset for Vimes.

Terry Pratchett (salve, salve) seria meu “entrevistado”. Além de ser apaixonada por suas histórias, acho ele um ser humano incrível, admirável em sua coragem, em seu trato com a vida e as pessoas.


Para quem não sabe, o Pratchett foi diagnosticado em 2007 com um tipo raro de Alzheimer e, desde então, tem divulgado a questão da doença, tendo feito doações para instituições de pesquisa, entrevistas e até mesmo um documentário em duas partes sobre o assunto – o que é realmente importante considerando que não existe assim tanta pesquisa e investimento nessa área.

Ele também tem falado sobre e defendido a posição do ‘suicídio assistido’. É o desejo dele morrer antes que a doença atinja um estado mais crítico, quando ele não terá mais capacidade de agir e pensar por si próprio.

Ele já tem tido alguma dificuldade com coordenação motora e, pelo que entendi de algumas reportagens que li, já não é mais capaz de escrever, em vez disso ditando para seu assistente ou usando um programa de computador para continuar criando suas histórias.

O cara é um gênio, um humanista no verdadeiro sentido da palavra, e passou a vida inteira usando (muito bem) a cabeça. Escreve praticamente desde que se entende por gente, sendo dono de um humor inteligente e forte senso crítico. Então, de repente, viram para ele e dizem “olha, você tem um tipo raro de Alzheimer que faz seu cérebro encolher e enrugar e dentro de alguns anos você estará completamente dependente, sem poder lidar sozinho com as suas mais básicas funções cotidianas, sem reconhecer ninguém, tão vulnerável e incapaz quanto um bebê”.

E depois disso ele tem a coragem de ir a público, admitir a doença e ainda completar dizendo ‘vamos manter as coisas alegres’, passando então a chamar atenção para um problema que nem sempre é tratado com a amplitude que merece.

Eu me sinto deprimida de pensar nas conseqüências que o Alzheimer traz – e não apenas para o doente, mas também para sua família e aqueles que se relacionam com ele. Não sei o que eu faria se fosse diagnosticada com ela, mas não acho que teria a mesma força que o Pratchett tem demonstrado desde então.

Minha pergunta então seria ‘como você consegue?’. Como consegue se manter tão ativo, como consegue se envolver em tantos novos projetos, como consegue continuar criando histórias maravilhosas, histórias que são, sobretudo, bem humoradas, considerando tudo?



A Coruja


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3 comentários:

  1. A senhora leu a regra da brincadeira? UMA pergunta,mas tem que encher o homem com tantas KKKKKKKKKKKKKK só você mesmo. Bjs.

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  2. Sério agora, depois quero indicações de livros dele, preciso conhecer, nunca li nada dele.

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  3. Báh me emocionei demais com esse post... acompanho a história do Pratchett muito antes de ler seus livros e sempre me emociono com o quão humano ele é. Adorei a pergunta que tu farias para ele.
    estrelinhas coloridas...

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