21 de julho de 2010
Do pé-de-moleque ao pé de moleque
Bem-aventurados os pintores escorrendo luz
Que se expressam em verde
Azul
Ocre
Cinza
Zarcão!
Bem-aventurados os músicos...
E os bailarinos
E os mímicos
E os matemáticos...
Cada qual na sua expressão!
Só o poeta é que tem de lidar com a ingrata linguagem alheia...
A impura linguagem dos homens!
Mário Quintana
Quem me acompanha pelo twitter já deve ter visto semana passada minhas invectivas, de novo, contra o acordo ortográfico. Vou me repetir aqui um pouco, porque quero deixar bem registrada minha indignação.
Volta e meia eu tenho pego para estudar as regras dessa ortografia - aí chego a alguma parte que ataca particularmente minha sensibilidade e então, antes de cometer um bibliocídio, largo o livro e vou procurar algo mais ameno com que me ocupar. Como controle de constitucionalidade, por exemplo...
Finalmente, consegui passar pela obliteração do trema (meu pobre trema...) e fui para as regras do hífen, onde então me deparei com a seguinte norma: pé-de-moleque deixara de receber o hífen por que "nas loucções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso". Dessa forma, pé-de-moleque, bicho-de-sete-cabeças, entre outras expressões, perderam o hífen... mas pé-de-meia, água-de-colônia, cor-de-rosa (que, aliás, eu nem usava com hífen...) mantiveram-no por serem "exceções já consagradas pelo uso".
Sabe, tudo o que eu queria entender era o que faz de pé-de-meia, por exemplo, uma expressão consagrada pelo uso e pé-de-moleque, que virou pé de moleque (e nesse ponto, não posso deixar de pensar nos pés do meu irmão quando ele volta da quadra) não o ser.
Do jeito que a coisa está, acho que terei de tomar uma decisão drástica: ou deixo de comer pé-de-moleque pé de moleque ou abandono a gramática. Resta-me descobrir qual será minha escolha, mas, ao menos no momento, pendo para a abstenção da gramática...
Arquivado em
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Sobre
Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
Só digo uma coisa: Não como aquele treco faz uns 15 anos, e não sinto falta... com ou sem hífen! =P
ResponderExcluirAcordo ortográfico? Que acordo ortográfico? Eu, einh? Mas que IDÉIA! XD
ResponderExcluirOlha, nem o povo da minha faculdade se entende com o acordo ortográfico... Da minha parte, só entendi mezzo-mezzo a parte da acentuação - ah, se eu pego o infeliz que aboliu o acento diferencial... - e a queda do pobre do trema. Quanto ao hífen, eu desisti de entender na primeira página do manual do acordo, hehehehe...
ResponderExcluir