5 de julho de 2014

Gazeta de Longbourn Apresenta: As Memórias Perdidas de Jane Austen

Concluí que era melhor ser considerada solteirona sem história de amor do que uma figura trágica, insensata. Que ousara amar alguém acima de sua posição, e perdera.
Meu muito querido tio Fafa me deu esse livro de presente pouco depois da publicação. Demorei um pouco para ler, considerando meu atual cronograma de leituras austenianas para essa coluna, mas finalmente estamos aqui.

As Memórias Perdidas de Jane Austen começa revelando que alguns papéis foram encontrados durante uma renovação em Chawton, a casa em que Jane Austen viveu por último antes de morrer – papéis esses que seriam uma espécie de diário da autora (o que me lembrou um pouco a série que a transforma em detetive, escrita por Stephanie Barron).

Esse diário conta a história do grande romance que Austen teria vivido pouco antes de se mudar definitivamente para Chawton. A premissa parte de afirmações feitas em cartas de familiares da autora, de que Austen teria se apaixonado por um cavalheiro à época, um clérigo, mas que ele teria morrido antes que qualquer coisa pudesse acontecer.

Só que esse comentário (e importante observar que isso não é uma invenção da ficção do presente romance, mas algo real) esconderia uma outra relação, intensa e passional com Mr. Frederick Ashford, herdeiro e filho de um baronete, que ela teria conhecido num passeio a Lyme, numa situação muito parecida com aquela de Persuasão.

Aliás, para o leitor habitual de Austen, o livro é um prato cheio de referências às obras da autora – sua corte com Ashford e as diversas situações retratadas no livro servem de inspiração especialmente para Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito, que estavam sendo revisados e às vezes quase completamente reescritos à época.

Sendo bastante sincera, a despeito das situações que se refletem das obras originais pra cá, não acho que As Memórias Perdidas de Jane Austen tenha o mesmo estilo, a mesma genialidade de escrita de Austen. E nem é esse seu propósito. Mas se não existe a sutileza irônica original, há um romance bem desenvolvido e açucarado.

Eu tive um certo problema em acreditar em Mr. Ashford, porque ele me parece perfeito demais, talhado sob medida para Jane, mas dentro da proposta do livro, ele funciona – ele está ali, afinal, para ser o ideal romântico por trás dos grandes heróis criados por Austen. De uma forma geral, As Memórias Perdidas de Jane Austen é um bom divertimento ‘sessão da tarde’, que rende suspiros e sorrisos e, ao final, nos deixa um tantinho melancólicos.

A Coruja


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5 comentários:

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    1. Oi, Maria! Por mim, tudo bem, não vejo problemas, pode postar as duas resenhas, sim. Agora, quanto a Lu Campelo vender o livro dela... Acho pouco provável, considerando o ciúme que ela tem dele e o fato de que é uma edição-tesouro... Mas já ouvi dizer que tem editora interessada em publicar Cranford em português. Negócio é ter um pouco de paciência e esperar para ver se vai dar certo.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. A Logon fechou, mas chegou a lançar aqui os DVD's tanto de Norte e Sul quanto de Cranford. Quem publicou Norte e Sul foi a Landmark. Mas ouvi dizer que a Editora Pedra Azul, que é nova, pretende trazer outras obras da Gaskell, incluindo Cranford.

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  2. Oi, Lulu!
    Já publiquei as resenhas de Cranford, Northanger Abbey e as três de Persuasão, agora vou para a Syrie James. O blog mudou de endereço: http://escritorasinglesas.com. Suas resenhas estão lá com muito orgulho e com os devidos créditos.

    Obrigada por me permitir publicar!

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