26 de agosto de 2011

Na sua estante: amor





#079: Amor
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- Você só pode estar brincando comigo.

Ele suspirou, apertando o botão para encerrar a chamada.

- Eu não estou atendendo.

- Ótimo. Quando amanhecer, vamos providenciar uma troca de número para você. Temos de trocar o número de casa também? As chaves? Pedir uma ordem de restrição?

- Bia, não começa.

- Como não vou começar? Como é que você vai ficar bem se essa vaca não pára de encher? Será que ainda não caiu a ficha dela? Ou a sua? Pelo amor de Deus, André, não me diz que você vai falar com ela.

- Será que dá para você parar com isso! – o rapaz explodiu – Eu estou bem. Ou vou ficar bem. Não importa agora, semânticas. – ele balançou a cabeça – Eu não quero ouvir você destilando veneno, certo? Já basta o que aconteceu, não preciso que em cima de tudo você surte também.

Beatriz o observou enquanto ele voltava a se largar no sofá, um braço sobre os olhos. Um pequeno suspiro lhe escapou.

- Ela não merece que você fique se lamentando e alimentando dor-de-cotovelo, André. Eu juro que não consigo entender o que diabos você viu naquela louca.

Foi a vez dele de suspirar, virando-se para encarar a irmã.

- Você sabe que não é assim que funciona. Seria muito bom, muito conveniente se pudéssemos escolher de quem gostar. Mas não funciona assim. Amor não é essa coisa brilhante e cor-de-rosa dos romances. É confuso, enervante como um trem desgovernado e na maior parte do tempo, incapaz de caber sob um único rótulo. Mas, independente de ser a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa... é a coisa mais importante a acontecer na sua vida.

Ela deu um meio sorriso.

- Mesmo quando você se apaixona por uma psicopata?

Ele aquiesceu.

- Mesmo quando eu me apaixono por uma psicopata.

Bia balançou a cabeça, deslizando no sofá até encostar na cabeça no ombro dele.

- Um dia, nós vamos rir um bocado de toda essa situação e comentar sobre seu péssimo gosto em questão de mulheres. Até lá... da próxima vez que você sentir que está gostando de uma garota... me avise para que eu possa providenciar o interrogatório e avaliação mental, combinado?

André apenas a encarou com um meio sorriso resignado.

- Combinado.

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A Coruja


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