17 de novembro de 2015

180º - Sinais de tráfego loucos no Japão


Bem-vindos ao 180º! Essa edição relata uma curiosidade que notei pelas autoestradas daqui.

Certa vez, creio que ainda em 2013, estava de carona com uma amiga para uma cidade próxima de Nagoya, onde moro. Pela minha experiência hoje, provavelmente foi na estrada para Koube (Kobe) e Kyouto (Quioto), mas não tenho certeza. E, claro, como estávamos na autoestrada, tudo passava muito rápido.

Mesmo, assim, vi uma placa ao longe, a qual não conseguia entender. Mesmo aproximando, nada de eu conseguir decifrar aquilo. Num total de, digamos, trinta segundos, a placa apareceu, aproximamo-nos dela e depois a passamos, mas continuava sem saber para onde ir!

Isso, sem ter a pressão de estar dirigindo.

Já passei mais algumas vezes por essas estradas, e, numa dessas, consegui bater essas fotos aqui:


Perdoem a péssima (falta de) clareza, mas, como disse, estávamos na estrada, a uns 100km/h. Creio, porém, que dê para ter uma noção do porquê isso me marcou. Olhar para ela agora e decifrá-la é divertido, mas para quem está dirigindo, especialmente se nunca pegou aquele caminho, deve ser um horror. Até porque não se pode ficar olhando muito tempo para cima, onde fica a placa, e ignorar o movimento de carros embaixo, vez que é perigoso.

Nesse ponto, acho interessante observar que os japoneses têm uma educação toda especial de trânsito, mas isso não significa que se pode tirar os olhos das vias, especialmente na estrada. Um exemplo dessas normas: é regra de trânsito um motorista agradecer ao outro que o tenha permitido ultrapassar. Salvo engano, tal agradecimento se dá na forma de ligar o pisca-alerta (aquele botão vermelho com dois triângulos concêntricos) por duas ou três piscadas.

Não importa a onde você vá, haverá péssimos motoristas em qualquer lugar do mundo, e aqui não é diferente. Já ouvi vários colegas, normalmente os ciclistas, comentarem que já quase foram atropelados inúmeras vezes. Eu creio, contudo, que o “quase” já indique muita coisa.

A minha impressão geral é que o trânsito aqui é mais calmo. Talvez porque eu more em Nagoya, uma cidade que, após os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, foi reerguida em vários aspectos, sendo um deles o alargamento de muitas de suas ruas, as quais foram então projetadas para um fluxo maior de carros. O fato de ficar ao lado da cidade de Toyota, onde fica a sede da empresa de mesmo nome, provavelmente faz com que haja um número considerável de automóveis por aqui. Ainda assim, embora o centro continue apertado, não vejo muitos engarrafamentos; os poucos que vi, na verdade, foram na estrada, normalmente por conta de acidentes.

E a maioria dos motoristas pára diante das faixas brancas de pedestres.

Em resumo, eu me sinto muito mais segura aqui que no Brasil – ou em qualquer outro lugar que já tenha ido, na verdade. Ainda assim, há certos cuidados que acredito nunca serem demais termos, e isso vale tanto para pedestres, quanto para motoristas.

Um carro é uma arma.”

Jamais esquecerei esse aviso de meu instrutor no Brasil. Quando você pega num volante, essencialmente, é como se estivesse carregando uma pistola. O uso de qualquer um dos dois para machucar alguém depende inteiramente de você, e isso pode se dar quer por ação, quer por omissão (falta de ação).

Assim, voltando ao assunto da vez, uma sinalização para a qual seja necessário olhar por muito tempo não me parece ser condizente com as regras de segurança de trânsito.

Curiosa, fui atrás de mais na internet, e descobri que isso ocorre com certa frequência, tendo sido inclusive alvo de reformas alguns anos atrás. Não sei no que deu essa discussão quanto a essas placas, mas, graças ao debate, boa parte daquelas que indicam distâncias e cidades, no Japão, têm uma espécie de tradução: o nome do lugar, em japonês, está também escrito no alfabeto romano (o nosso).

As estradas aqui também são bem cuidadas, e, portanto, é gostoso dirigir nas mesmas, mas acho que essas sinalizações precisam ser repensadas. Não sei se os japoneses talvez as entendam mais rápido, mas não creio que seja uma boa ideia mantê-las, pelos motivos explicados acima.

Antes de finalizar, deixo vocês com mais algumas que achei na internet. Por coincidência (talvez?), todas são da metrópole de Toukyou (Tóquio)... Será que isso diz alguma coisa?



A Elefanta


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