25 de fevereiro de 2014
180º - Valentine's Day
Olá!!! E FELIZ 2014! \o/
Sim, eu sei que já estamos praticamente em março (nossa, JÁ?!), mas é o primeiro 180º do ano, então eu posso!
Primeiro, um aviso: o 180º esse ano vai pegar turbulência, porque, como é o ano do mestrado, não garanto conseguir escrever as seis edições direitinho... mas farei o que puder! #salvearainha
Segundo, acabo de atualizar minha leitura do mangá Kimi ni Todoke, e, coincidentemente (ou não, já que estamos em fevereiro), os últimos capítulos que li tratam exatamente do tema desse mês!
*Pequena interlúdio: a história tá tão foooooofaaaaaaaa (e também frustrante, mas assim é um shoujo mangá)!
OK, voltando. O tema da vez, e o motivo do porquê de eu ter trocado os meses de publicação, é... Valentine’s Day (ou dia de São Valentino). Tenho certeza que muita gente sabe desse dia (ou pelo menos já ouviu falar), que nós (brasileiros) não temos em nosso calendário oficial. Se bem que eu sempre comemoro lá em casa...
Em vez dele, temos o Dia de Santo Antônio, mais popularmente conhecido como o Dia dos Namorados... e agora que pensei nisso, nem sei qual é a forma tradicional de celebrarmos. Sei que muita gente gosta de se casar nesse dia, mas não sei se temos um costume mesmo.
Bom, mas eu sei como se comemora aqui no Japão, e vou comentar um pouco. Aliás, acho que quem lê essa coluna até já sabe como é comemorado... Basta assistir a qualquer anime shoujo da vida, porque sempre tem o episódio de Valentine’s. Por isso, vou dar uma passada rapidinha pelo básico e vou focar mais em algumas curiosidades sobre o feriado.
Pra começar, assim como nos EUA, Valentine’s Day não é um dia de folga, é um feriado em que tudo funciona normalmente. Quem trabalha, vai pro trabalho, e quem tem aula, vai pra escola. Pra mim, faz sentido, senão como é que dariam(os) os chocolates?
Sim, chocolates, pois o especial desse dia é dar chocolates (ou biscoitos). Aqui temos dois tipos, os chocolates honmei e os giri. O primeiro é o da confissão, é o chocolate que as garotas dão aos garotos para expressarem seus sentimentos (em outras palavras: que ela está a fim dele, e está se declarando). Esses normalmente são feitos em casa (leia-se: compra-se certa quantidade de um tipo/uma marca de chocolate, derrete-se, e depois os deixa esfriar em fôrmas com o formato desejado – normalmente corações) para se expressar amor. Os giri são os que não têm significado especial, os que são dados “por obrigação”, por cortesia. Isso porque virou costume presentear as pessoas que fazem parte do seu dia-a-dia, tipo os colegas de classe, os de trabalho, professores, amigos, familiares etc. Nada impede, contudo, que se dê um honmei para amigos íntimos ou parentes.
Não sei se alguém percebeu o que eu (não tão) indiretamente mencionei, mas, no Japão, só as garotas dão chocolates (ou biscoitos) no Valentine’s Day, o que é totalmente diferente dos EUA, por exemplo. Nos Estados Unidos da América, além de qualquer um poder dar presentes (não necessariamente chocolate, pode ser qualquer coisa), o costume mesmo é dar cartões para amigos, conhecidos, parentes etc. Se você tiver uma pessoa amada, porém, nada impede de dar outras coisas – em ambos os sentidos. #Luluvaimematarpelapiadacretina
O feriado japonês não é igual ao americano, e, na verdade, ele não foi exatamente importado dos EUA, o que explica um pouco a diferença. A ideia foi de um empresário de uma fábrica de chocolates, o qual, logicamente querendo aumentar seus lucros, começou por volta dos anos 50 (salvo engano) uma campanha do tipo “garotas se confessarem nesse dia com chocolates” (isso não é uma citação), ou coisa assim.
O motivo de a campanha ter sido um sucesso, contudo, é totalmente cultural, e nada tem a ver com os EUA. No Japão, na época, uma garota demonstrar seus sentimentos (leia-se, declarar-se) era muito mal visto. Mesmo hoje, acho que essa ideia continua, mas em menor escala. Assim, quando surgiu a proposta de que apenas no Valentine’s Day isso seria permitido, a ideia decolou.
Entretanto, nem tudo são flores (ou doces, no caso). Esse costume é bastante frisado nas escolas, por exemplo, mas não são só pra crianças e adolescentes. Na vida adulta (leia-se, no trabalho), a história tem um pequeno twist: torna-se “obrigatório” uma mulher dar chocolates aos homens com os quais trabalha. Não é obrigatório no sentido de que ela será consequentemente despedida se não o fizer, mas no sentido de que ela se tornará mal vista pelos colegas... e mal falada. Coisas do tipo “ela não é muito amigável”, ou “ela é uma ignorante” provavelmente começarão a aparecer. Por mais que a mulher em questão não ligue para o que pensam dela (coisa que, no Japão, é difícil ocorrer, porque aqui TODO mundo se preocupa com o que os outros pensam de você), ninguém quer um local de trabalho com o ar pesado, né?
Mas há outro problema também: a diferença salarial entre sexos. No Brasil, também, isso é proibido por lei, mas, aqui, ainda há significativa diferença de salários entre homens e mulheres ocupando o mesmo cargo. Os motivos são diversos (tempo de trabalho na companhia, por exemplo, é um fator muito importante em questões salariais), mas existe, mesmo sendo ilegal (apesar da legislação trabalhista aqui não ser tão forte ou tão diversificada). O Japão é um dos países onde há grande diferença salarial entre pessoas de diferentes sexos exercendo o mesmo cargo.
Em outras palavras, quem já recebe menos é forçada a despender uma quantia razoável para comprar chocolates. Minha senpai, por exemplo, disse que gastava de meio até 1man, equivalente a mais ou menos 115 a 230 reais (conversão de fevereiro de 2014)... e olha que nem eram chocolates caros! Se não fosse unilateral, eu não teria me indignado tanto. Tudo bem que, em 14 de março, tem o White Day, mas, de acordo com ela, boa parte dos homens que receberam os chocolates não devolvem a delicadeza.
Então, explicando rapidinho. White Day, que eu saiba, é uma invenção japonesa... ou seja, não existe nos EUA ou na Inglaterra, por exemplo. Tecnicamente, é o dia em que os garotos (e homens) que receberam chocolates no dia de São Valentino devem dar algo para quem os presenteou – e isso vale tanto pra quem recebeu chocolates honmei, quanto giri. Inicialmente, dever-se-ia retribuir com algo doce, tipo marshmellow, mas, hoje, qualquer presente vale. Biscoitos, chocolates brancos, bichos de pelúcia, colares e flores aparentemente são bastante populares...
Mesmo aqui no Japão, contudo, o White Day não tem, nem de longe, a mesma importância do Valentine’s Day. Nas empresas, menos ainda, já que, como disse minha senpai a maioria dos homens não retribuem. Eu acho um disparate, e é um dos mil e um motivos do porquê de eu não querer trabalhar aqui... >.>
Para não terminar esse 180º num tom azedo, esqueçam meus comentários amargos e, mesmo que atrasado, tenham um doce VALENTINE’S DAY! Façam de conta que estou desejando feliz Dia dos Namorados (que é só em julho), ne?
Até o próximo 180º! o/
A Elefanta
Sim, eu sei que já estamos praticamente em março (nossa, JÁ?!), mas é o primeiro 180º do ano, então eu posso!
Primeiro, um aviso: o 180º esse ano vai pegar turbulência, porque, como é o ano do mestrado, não garanto conseguir escrever as seis edições direitinho... mas farei o que puder! #salvearainha
Segundo, acabo de atualizar minha leitura do mangá Kimi ni Todoke, e, coincidentemente (ou não, já que estamos em fevereiro), os últimos capítulos que li tratam exatamente do tema desse mês!
*Pequena interlúdio: a história tá tão foooooofaaaaaaaa (e também frustrante, mas assim é um shoujo mangá)!
OK, voltando. O tema da vez, e o motivo do porquê de eu ter trocado os meses de publicação, é... Valentine’s Day (ou dia de São Valentino). Tenho certeza que muita gente sabe desse dia (ou pelo menos já ouviu falar), que nós (brasileiros) não temos em nosso calendário oficial. Se bem que eu sempre comemoro lá em casa...
Em vez dele, temos o Dia de Santo Antônio, mais popularmente conhecido como o Dia dos Namorados... e agora que pensei nisso, nem sei qual é a forma tradicional de celebrarmos. Sei que muita gente gosta de se casar nesse dia, mas não sei se temos um costume mesmo.
Bom, mas eu sei como se comemora aqui no Japão, e vou comentar um pouco. Aliás, acho que quem lê essa coluna até já sabe como é comemorado... Basta assistir a qualquer anime shoujo da vida, porque sempre tem o episódio de Valentine’s. Por isso, vou dar uma passada rapidinha pelo básico e vou focar mais em algumas curiosidades sobre o feriado.
Pra começar, assim como nos EUA, Valentine’s Day não é um dia de folga, é um feriado em que tudo funciona normalmente. Quem trabalha, vai pro trabalho, e quem tem aula, vai pra escola. Pra mim, faz sentido, senão como é que dariam(os) os chocolates?
Sim, chocolates, pois o especial desse dia é dar chocolates (ou biscoitos). Aqui temos dois tipos, os chocolates honmei e os giri. O primeiro é o da confissão, é o chocolate que as garotas dão aos garotos para expressarem seus sentimentos (em outras palavras: que ela está a fim dele, e está se declarando). Esses normalmente são feitos em casa (leia-se: compra-se certa quantidade de um tipo/uma marca de chocolate, derrete-se, e depois os deixa esfriar em fôrmas com o formato desejado – normalmente corações) para se expressar amor. Os giri são os que não têm significado especial, os que são dados “por obrigação”, por cortesia. Isso porque virou costume presentear as pessoas que fazem parte do seu dia-a-dia, tipo os colegas de classe, os de trabalho, professores, amigos, familiares etc. Nada impede, contudo, que se dê um honmei para amigos íntimos ou parentes.
Não sei se alguém percebeu o que eu (não tão) indiretamente mencionei, mas, no Japão, só as garotas dão chocolates (ou biscoitos) no Valentine’s Day, o que é totalmente diferente dos EUA, por exemplo. Nos Estados Unidos da América, além de qualquer um poder dar presentes (não necessariamente chocolate, pode ser qualquer coisa), o costume mesmo é dar cartões para amigos, conhecidos, parentes etc. Se você tiver uma pessoa amada, porém, nada impede de dar outras coisas – em ambos os sentidos. #Luluvaimematarpelapiadacretina
O feriado japonês não é igual ao americano, e, na verdade, ele não foi exatamente importado dos EUA, o que explica um pouco a diferença. A ideia foi de um empresário de uma fábrica de chocolates, o qual, logicamente querendo aumentar seus lucros, começou por volta dos anos 50 (salvo engano) uma campanha do tipo “garotas se confessarem nesse dia com chocolates” (isso não é uma citação), ou coisa assim.
O motivo de a campanha ter sido um sucesso, contudo, é totalmente cultural, e nada tem a ver com os EUA. No Japão, na época, uma garota demonstrar seus sentimentos (leia-se, declarar-se) era muito mal visto. Mesmo hoje, acho que essa ideia continua, mas em menor escala. Assim, quando surgiu a proposta de que apenas no Valentine’s Day isso seria permitido, a ideia decolou.
Entretanto, nem tudo são flores (ou doces, no caso). Esse costume é bastante frisado nas escolas, por exemplo, mas não são só pra crianças e adolescentes. Na vida adulta (leia-se, no trabalho), a história tem um pequeno twist: torna-se “obrigatório” uma mulher dar chocolates aos homens com os quais trabalha. Não é obrigatório no sentido de que ela será consequentemente despedida se não o fizer, mas no sentido de que ela se tornará mal vista pelos colegas... e mal falada. Coisas do tipo “ela não é muito amigável”, ou “ela é uma ignorante” provavelmente começarão a aparecer. Por mais que a mulher em questão não ligue para o que pensam dela (coisa que, no Japão, é difícil ocorrer, porque aqui TODO mundo se preocupa com o que os outros pensam de você), ninguém quer um local de trabalho com o ar pesado, né?
Mas há outro problema também: a diferença salarial entre sexos. No Brasil, também, isso é proibido por lei, mas, aqui, ainda há significativa diferença de salários entre homens e mulheres ocupando o mesmo cargo. Os motivos são diversos (tempo de trabalho na companhia, por exemplo, é um fator muito importante em questões salariais), mas existe, mesmo sendo ilegal (apesar da legislação trabalhista aqui não ser tão forte ou tão diversificada). O Japão é um dos países onde há grande diferença salarial entre pessoas de diferentes sexos exercendo o mesmo cargo.
Em outras palavras, quem já recebe menos é forçada a despender uma quantia razoável para comprar chocolates. Minha senpai, por exemplo, disse que gastava de meio até 1man, equivalente a mais ou menos 115 a 230 reais (conversão de fevereiro de 2014)... e olha que nem eram chocolates caros! Se não fosse unilateral, eu não teria me indignado tanto. Tudo bem que, em 14 de março, tem o White Day, mas, de acordo com ela, boa parte dos homens que receberam os chocolates não devolvem a delicadeza.
Então, explicando rapidinho. White Day, que eu saiba, é uma invenção japonesa... ou seja, não existe nos EUA ou na Inglaterra, por exemplo. Tecnicamente, é o dia em que os garotos (e homens) que receberam chocolates no dia de São Valentino devem dar algo para quem os presenteou – e isso vale tanto pra quem recebeu chocolates honmei, quanto giri. Inicialmente, dever-se-ia retribuir com algo doce, tipo marshmellow, mas, hoje, qualquer presente vale. Biscoitos, chocolates brancos, bichos de pelúcia, colares e flores aparentemente são bastante populares...
Mesmo aqui no Japão, contudo, o White Day não tem, nem de longe, a mesma importância do Valentine’s Day. Nas empresas, menos ainda, já que, como disse minha senpai a maioria dos homens não retribuem. Eu acho um disparate, e é um dos mil e um motivos do porquê de eu não querer trabalhar aqui... >.>
Para não terminar esse 180º num tom azedo, esqueçam meus comentários amargos e, mesmo que atrasado, tenham um doce VALENTINE’S DAY! Façam de conta que estou desejando feliz Dia dos Namorados (que é só em julho), ne?
Até o próximo 180º! o/
A Elefanta
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