10 de setembro de 2012

360º: As Férias da Coruja – Parte I: Introdução e os Jardins

Então que… estou de volta! Depois de quase um mês batendo perna para cima e para baixo – no dizer de minha avó, ‘andou mais que notícia ruim’ – retornei ao lar, já desarrumei as malas, hibernei para compensar todo o sono que não dormi para poder passear mais (‘dorme quando estiver de volta’ foi um dos motes da viagem...) e agora... bem, agora é partilhar com vocês as coisas que vi, aventuras que vivi e escadas que subi.

Porque acho que subi mais escadas nessas últimas semanas do que em todo o resto do ano junto...

Dani: Bom, moro em prédio sem elevador, então acho que te entendo. ^^"

Lu: Eu imagino o que seria subir mais de vinte andares todo dia para chegar em casa se meu prédio não tivesse elevador... bem, ao menos eu seria exercício XD

Mas tá, tô enrolando demais, só para variar, e não é bem do meu joelho dolorido que vocês querem saber...

Dé: Vá tratar de colocar gelo, antes de continuar a escrever. =P

Lu: Ok, ok...

Estive ao longo do mês em Paris e em Lisboa (Dani: nenhuma inveja, com certeza - -...) com paradas estratégicas por outras cidades no caminho. Fiquei pensando em como organizar minhas memórias e impressões desse tempo de forma mais interessante para vocês e decidi que iria escrever sobre a França reunindo lugares com temas parecidos num mesmo post e falaria de Portugal em separado e ordem cronológica.

Bem, se eu tivesse escrito enquanto estava lá, teria feito isso todo dia, como um diário (na verdade, eu escrevi um diário, mas foi no papel e o caderno meio que não fecha mais... Dé: Me impressiona que ainda dê pra carregar... =P). Como estou fazendo isso depois de voltar, então terei de exercer meus poderes de síntese (ahan) e tentar resumir tudo a um ou dois posts por semana durante o mês de setembro.

Vejamos no que isso vai dar...

Dé: Provavelmente, em 4 ou 5 posts por semana, até o final do mês.

Lu: Sua fé em mim me impressiona...

Dani: Já vi que vamos ter trabalho... *chicote estalando*

Agora, por onde começar, por onde começar? Hum... Já sei!

“Os homens cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim e não encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa.”

PARIS! A cidade luz, a cidade do amor, dos croissants, do Corcunda e dos Mosqueteiros, dos brioches, de reis e rainhas, da Revolução, de Napoleão. Por onde posso começar? Como organizar esses escritos?

Como o primeiro lugar que visitei ao chegar em Paris foi um jardim, essa primeira parte será toda dedicada aos jardins que visitei durante a viagem na França – por isso a frase de Saint-Exupéry ali em cima...


Dani: Que foto poética, amei!!!

Após desembarcar, chegar no hotel, organizar malas e tomar um bom banho, e a despeito de termos – eu e Carol, que viajou comigo e foi, por assim dizer, minha fotógrafa oficial – passado um dia inteiro viajando (saímos do Recife às onze da noite, chegamos em Paris às quatro e meia da tarde), decidimos dar uma volta pelo quarteirão e conhecer nossas vizinhanças.

Primeira surpresa: hei, não é que somos vizinhas da Sorbonne? Aqui é a Faculdade de Biologia (Dé: Uhu!), ali é a de Farmácia, atravessa a rua e estarás na escola de artes e arqueologia (cuja arquitetura parecia saída de um delírio babilônico) e logo adiante tens a escola de administração (que primeiro confundi com uma mesquita por conta do desenho do prédio e que me deixou tão boba que... esqueci de tirar foto?).


Conversa vai, conversa vem, anda de cá, anda de lá, eis que encontramos a entrada principal do Jardim de Luxemburgo – que tinha também outra entrada bem de frente para nosso hotel, mas que passou despercebida quando saímos de primeira e que viríamos a descobrir no dia seguinte.

Dani: São os efeitos de Paris, você perde a noção de tempo, espaço, nível de baba escorrendo pelo queixo...

O que falar do Jardim de Luxemburgo? Durante as três semanas que estivemos em Paris, caminhamos muitas vezes por ele, nos perdendo entre suas aléias e bosques e flores e vistas incríveis. O parisiense, chegamos à conclusão, gosta de parques. Eles gostam de se sentar nos bancos para ler, colocar os pés para dentro das fontes em dias de calor, fazer piqueniques na grama (onde foram parar as formigas???), correr, dançar e desfrutar de seus jardins.

Dé: Lembrei do Tiergarten, agora...

Bem, por mim, se houvesse um jardim como esse aqui no Recife, com tanta sombra e tantas coisas para descobrir escondidas por dentre as árvores, acho que passaria dias inteiros enfiada lá dentro.


Dani: Mas também, com jardins desses... O_O Eu e meu caderno de desenhos montaríamos uma barraquinha permanente lá.

De longe, dá para ver a pontinha da Torre Eiffel, quando você se vira para o outro lado, eis o domo do Panteão e ali mais para a frente tem o próprio museu de Luxemburgo. Entre as muitas estátuas e fontes que encontramos espalhadas pelo parque, vale bem lembrar a Estátua da Liberdade (a original, que serviu como ‘esboço’ para Bartholdi fazer aquela que seria dada aos Estados Unidos), Minerva, a Fonte dos Médicis e (ai, que caí de amores) Fídias, o principal escultor da Era de Ouro de Atenas.


Dani: *____* Queres mesmo me matar do coração, não é Lu?

Lu: Se serve de consolo, você esteve o tempo todo em minha mente “you’re always on my mind...”

Dani: Sou inesquecível, eu sei. XD

Foi no Jardim de Luxemburgo também que tivemos uma de nossas mais deliciosas programações da viagem: assistir uma apresentação de uma banda de jazz, ao ar livre, com todo mundo dançando empolgado ao nosso redor.



Dani: Deus do céu... sem comentários...

Dé: Pra banda, pro parque ou pra dancinha? XD

Se você terminou de se acabar de rir do vídeo acima, permitam-me contar a primeira aventura que vivemos logo no primeiro dia de viagem. Lá na Europa estávamos no verão, amanhece e anoitece mais tarde do que estamos acostumados por aqui – especialmente nas bandas perto do Equador.

Dé: Ih! Isso aconteceu comigo também. Quase perco o voo em Madrid... e era outono!

Nem eu nem Carol estávamos com relógio e perdidas em contemplação, exclamações e meias corridas de um lado para o outro, meio que perdemos completamente noção de hora.

Ao sairmos do Jardim, saímos procurando um mercado onde pudéssemos providenciar água e uma cafeteria ou coisa parecida para comermos alguma coisa. Observávamos curiosamente as ruas, surpresas em como estavam vazias e como quase tudo parecia fechado. Finalmente encontramos um supermercado, mas entramos para sermos quase expulsas em seguida, o rapaz nos mostrando a hora e dizendo que estavam fechando por aquele dia.

Passava das nove e meia da noite e o sol continuava firme no céu (Dani: NOVE E MEIA??? Lu: Sim, eu sei, é bizarro...). Minha barriga roncava e não havia nada aberto a perder de vista. E de volta no hotel também não tinha nada para comer.

Dé: Aparentemente, na Europa, tudo fecha por volta das 22h.

Dani: Mas que desperdício de tempo... ¬¬

Primeira providência que teríamos de adotar nos próximos dias: colocar o alarme no celular para nos acostumarmos com o fato de que independente de dia claro, a partir de seis horas era noite e era hora de começar a procurar comida.

Por sorte, o restaurante do lado do hotel ainda estava aberto, mas o pessoal já começava a recolher as cadeiras. Nos emburacamos para dentro assim mesmo e, felizmente, dessa feita não fomos colocadas para fora. Eles ficaram abertos até terminarmos de comer...

Dé: Morrendo de raiva de vocês, com certeza. =P

Lu: O importante é que ele nem foi grosso, nem nos colocou pra fora e esperou terminarmos numa boa... mereceu gorjeta.

Dani: Provavelmente porque cuspiram na comida... XP

Luxemburgo foi onde passamos a maior parte de nosso tempo livre quando não estávamos batendo perna pela cidade. Mas não foi o único jardim pelo qual passamos. Na verdade, o meu lugar favorito de toda a viagem, aquele em que pensei o tempo todo ‘um dia quero voltar aqui’ foram os Jardins de Monet, em Giverny.


Giverny é uma cidade há uns quarenta minutos, uma hora de Paris, com uma parte do antigo vilarejo medieval preservada, uma igreja que parece um presépio, o museu de impressionistas e, mais importante, a casa onde Monet viveu e cujos jardins pintou quase obsessivamente – em especial o lago das ninféias.

Vou dizer que quando vi os famosos painéis do lago no Orangerie, eu quase chorei. Fiquei toda arrepiada e ia e voltava olhando para aquela imensidão e relembrando o lugar que aqueles quadros retratavam, pensando com meus botões com algo de incrédula ‘eu estive lá’.


Foi uma sensação meio de sonho, de irreal. Eu passava os dedos pelas flores no caminho, olhava para tudo aquilo e imaginava o que seria acordar todos os dias naquela casa, caminhar todos os dias por aquelas aléias, olhar aquela vista todos os dias pela janela.

Dani: Meu Deus, realmente parece o paraíso na terra!!! Que lugar mais lindo! *____________*

Giverny não é apenas bela... é mágica. Um dos lugares mais incríveis pelos quais tive o prazer de caminhar. É, definitivamente, um lugar para onde quero voltar. Quando fui, estávamos no final do verão; conseguem imaginar o que é isso na primavera?


Dani: Eu definitivamente nasci no lugar errado... T.T

Terminarei essa primeira parte de nosso agradável passeio com outro surpreendente jardim: o do museu de Rodin, cercando a antiga residência do artista (se entendi certo as placas, tratava-se de um hotel à época dele).

Fomos ao museu do Rodin (Dani: Aaah...Rodin...) no final de semana da canícula – ondas de calor francamente bizarras que do dia para a noite aumentaram a temperatura a ponto daquele ser considerado o mais quente fim de semana do verão europeu, com previsões para máxima de até 41º C. Sorte nossa que lá era bem sombreado e ventilado e estávamos com nossas garrafinhas de água na bolsa.

Dé: QUARENTA E UM?!?!?!?!!?!?!?!?!?!?! O_O

Lu: E aí você leve em consideração que, aparentemente, não existe ar-condicionado na França... Pelo menos, não em todos os lugares onde fomos nesse fim de semana... Só o museu d’Orsay tinha...

Dani: Esquece o que eu disse, é o Inferno na terra.

Os jardins são mais interessantes que a casa propriamente dita, porque nele estão espalhadas esculturas como o famosíssimo ‘O Pensador’ (que é também, segundo me informaram, o túmulo de Rodin e da esposa), e os grandiosos ‘Portões do Inferno’.


De junto do Pensador, dá para ver o domo da Igreja onde está a tumba do Napoleão.


Agora, embora eu goste do Rodin, das esculturas dele, o que realmente explodiu minha cabeça, me deixou tonta e embasbacada e me fez pular no mesmo lugar como uma maluca foi dar de cara com essa plaquinha aí embaixo:


Rilke é um dos meus escritores favoritos. Um dos meus poetas favoritos também e isso é algo estupendo, porque nem sou assim tão fã de poesia. Gosto dele o suficiente para saber poemas seus de cor. E ele foi SECRETÁRIO DO RODIN. Ele VIVEU NAQUELE LUGAR TAMBÉM!

Como é que só vim descobrir isso depois de chegar lá e ser surpreendida pela modesta plaquinha para a qual ninguém parecia estar dando atenção?

Dani: Coincidências não existem, minha cara, é o destino!

Lu: Claro, claro, tudo o que você disser, minha querida ;)


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6 comentários:

  1. Respostas
    1. Céus, como eu fiquei encantada... e não apenas com os jardins, mas, sério... a casa do Monet é... sem palavras...

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    2. não me fale, eu amo Monet! acho que se visitar o velho mundo um dia, gastarei um mês inteiro percorrendo a França!

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    3. Me leva junto. ;) Eu passei três semanas e achei pouco...

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  2. Quando eu era criança, ganhei um livrinho chamado Linéia nos Jardins de Monet, sobre uma menina apaixonada por flores que viajar com um amigo e vizinho, um velho jardineiro, pra conhecer o jardim e a casa de Monet na França... Ler sobre as suas experiências por lá me fez lembrar de como era bom ler aquele livro e ficar imaginando um lugar bonito daqueles :) Acho que vou ver se tiro o livrinho da prateleira depois ;D E que bom que você aproveitou ao máximo a sua experiência na Europa, lá é cheio de lugares fascinantes assim

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    1. Não conhecia esse livro, mas se fala sobre os jardins de Monet... é um lugar lindo, lindo, lindo demais... hei de voltar lá um dia.

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