18 de novembro de 2011

Na sua estante: nono círculo do inferno






#093: Nono Círculo do Inferno
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André gostaria de saber exatamente em qual esquina ele tinha errado no caminho para ter perdido completamente a festa e ido parar direto no nono círculo do inferno. Sim, porque nada mais poderia explicar sua “sorte” em colocar o pé dentro do lugar e bater imediatamente de frente com Júlia.

Mas não com qualquer Júlia... e sim com Júlia Cleópatra, exatamente quando ele estava vestido como o grande perseguidor da rainha, o próprio Imperador Augusto. Aquilo só podia ser uma piada. Alguém definitivamente não gostava dele lá em cima.

O maior problema de todos, contudo, é que Júlia não o reconhecera... E que, na falta de um César ou um Marco Antônio para seduzir, ela decidira que seria no mínimo engraçado ver Cleópatra ao lado do arquiinimigo e o estava perseguindo pela festa para cima e para baixo!

- Então, quando é que você vai deixar de ser tímido e aceitar dançar comigo, ó grande imperador? – a voz dela soou logo às suas costas, sem dar mostras de ter se cansado do jogo de gato e rato que tinham começado desde que ele chegara.

O rapaz respirou fundo, controlando-se para não responder. Se ele continuasse calado, uma hora Júlia ia se dar conta de que ele não estava interessado e pararia de infernizá-lo, não? Ele só precisava passar tempo suficiente de boca fechada para que ela não reconhecesse sua voz.

Aquele, decididamente, não era seu dia de sorte. Um bárbaro se interpôs em seu caminho, e, pelo bafo, um bárbaro já completamente bêbado.

- Oh, imperador... você não ouviu a mocinha? Não seja mal educado!

Era tudo o que ele precisava: um bárbaro cavalheiresco.

A criatura o empurrou para trás, e, aparentemente, sem noção da própria força também, porque ele tropeçou e foi cair direto na pessoa que estava logo atrás dele. Direto em cima de Júlia.

Os dois foram ao chão, enquanto o bárbaro gargalhava. Júlia soltou um esgar de dor. André, um palavrão. E foi o suficiente.

- Você! VOCÊ! – mesmo na penumbra, era fácil perceber que Júlia estava quase tão vermelha quanto os próprios cachos – MEU PÉ SEU IDIOTA! VOCÊ TORCEU MEU PÉ! ANDRÉ EU VOU TE MATAR!

- Oh, merda...



A Coruja


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2 comentários:

  1. "ANDRÉ EU VOU TE MATAR!" <- Será mal do nome, ouvir essa frase alguma vez na vida? =P

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  2. Simples e hilário, só pra dar o gostinho da confusão que vai se estender pela festa e pelas próximas sextas-feiras, não é? xD Ficou muito bom, parabéns! Ler seu blog é um dos momentos que eu saio do círculo do inferno conhecido como fim de semestre dos trabalhos intermináveis, aliás :p Ah, mas pelo menos eu consegui marcar de ir pra Recife para a Feira Japonesa *-* Se não for incomodar, pode dizer um horário aconselhável para chegar lá pela manhã? Eu encontrei informações de que inicia de dez horas, mas tenho a impressão de que algumas coisas começam mais cedo, só não consigo arrumar mais informação 'xD Por favor, me ajude!

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