Dia 18 – Você lê livros que não são para sua idade? Como livros infanto-juvenis ou YA para quem é adulto, ou livros adultos para quem é adolescente.

Acho isso muito relativo. Quem é que determina que um livro não é para a minha idade? Por que tenho de me prender a rótulos?


Li Homero pela primeira vez aos doze anos e me apaixonei por Ulisses. Reli mais velha e outros aspectos da obra me saltaram aos olhos. Não vou dizer que aos doze tinha maturidade suficiente para compreender todo o contexto da obra; mas você pode pensar em seus livros tanto como obras-primas da literatura universal quanto como histórias de aventura que inspirariam algo no estilo Indiana Jones.

Continuo lendo Monteiro Lobato aos vinte e cinco e a escrita dele ainda me cativa, me faz ver o mundo de um ponto de vista incrível. Foram com as histórias do Sítio que primeiro comecei a ler e se antes me interessava pela fantasia que ele era capaz de tecer, hoje me espanto com a profundidade com que ele aborda temas que, tecnicamente, não seria ‘para crianças’.

A pilha de livros que está na minha escrivaninha no momento mistura dois volumes de contos de fadas infantis (um do Gaiman), crítica e teoria literária e romance histórico.

Não acho que existam livros para certas idades, mas sim que livros podem ser lidos em diferentes contextos e graus de amadurecimento. Uma história que comecei lendo como um romance água com açúcar é hoje uma obra cheia de ironias e contexto histórico-social e assim por diante. Já encontrei livros categorizados como Young Adult que são incrivelmente maduros e livros que seriam para um público pretensamente adulto que não passa de um amontoado de baboseiras sentimentalóides.



A Coruja