15 de setembro de 2009
Historinhas de relacionamentos
Todas as histórias abaixo são reais, embora tenham sofrido algumas pequenas adaptações. Não aconteceram com um amigo de um amigo meu, mas com pessoas que me são próximas e fui personagem ou expectadora de cada uma delas - fazendo, geralmente, os papéis de conselheira, ouvinte e, obviamente, rindo da desgraça alheia.
Eu sou uma cretina, eu sei...
Essas são algumas historinhas de relacionamentos que colecionei ao longo do tempo... Nem sempre eles foram os mais convencionais... mas o que importa realmente é que, às vezes, a realidade suplanta a ficção.
Exceto pela parte das asinhas e orelhas pontudas... Mas me ignorem, não estou falando coisa com coisa por esses dias...
[Dois amigos conversam num final de tarde]
Amigo 1: Ok, recapitulando...
Amigo 2 (vulgo, a vítima): Aí vem merda...
A1: Sua primeira namorada era uma garota com tendências suicidas que tomava remédio tarja preta e te ligava no meio da noite dizendo que ia se matar.
A2 [coçando a cabeça]: É...
A1: A segunda sofreu uma decepção tão grande que decidiu mudar de time... e te largou por uma garota.
A2: Você realmente sabe o que dizer para animar um cara, sabia?
A1 [dando de ombros]: É um dom. E nem venha com essa cara para cima de mim porque, caso você tenha esquecido, você tentou empurrar sua ex-namorada lésbica para cima de mim.
A2: Você sabe que eu só quero o seu bem...
A1: Da mesma forma que eu quero o seu, meu caro. De um jeito ou de outro, eu ainda não te perdoei por essa. Em todo caso, voltando ao assunto... sua terceira namorada era quase patologicamente ciumenta e largou a mão na sua cara no meio da fila do cinema... e eu tive que acabar o seu namoro por você... por mensagem de celular... porque você não tinha coragem.
A2: Você realmente precisa lembrar desses detalhes?
A1: Bem... eu estou tentando encontrar algum padrão, sabe... Você tem um interessante gosto em mulheres. Muito interessante, mesmo. Vejamos, por exemplo, sua última obsessão.
A2: Nós temos mesmo que falar sobre isso?
A1: Eu quero ter o prazer de te dizer "eu avisei". Como você mesmo diz, "eu perco o amigo, mas não perco a piada".
A2: Eu sou um menino tão puro, um menino de família, que vai casar virgem...
A1 [cantarolando]: Virgem de ouvido, não é? Ou você esqueceu a tal que é noiva, traiu o noivo contigo, depois de te deu um susto te dando parabéns pelo dia dos pais... e te torturou por duas semanas para fazer o teste de gravidez?
A2: Nós usamos o mesmo banheiro.
A1: E eu sou a reencarnação da Rainha Elisabeth. [revirando os olhos] Sério, sorte sua que não deu nada. O que me faz relembrar que eu disse a você que ela era uma psicopata disfarçada.
A2: É, obrigado pelo aviso.
A1: Só que você não me ouviu.
A2: O que eu podia fazer? Ela é loira, de olho azul e gosta de Radiohead!
A1: Já registrei o quanto você è fútil às vezes?
A2: Eu sou uma vítima das mulheres!
A1 [dando tapinhas amigáveis nas costas de A2]: Claro, claro... Tudo em que você queira acreditar...
[Casal de namorados andando de mãos dadas na praia]
Namorada: Você acredita no amor?
Namorado: Não.
Namorada [chocada]: Como assim, não? O que você sente por mim então?
Namorado [dá de ombros]: Bem... eu sinto muita consideração.
Namorada: Mas o quê...
Namorado: Talvez você devesse terminar o namoro. [A última palavra fica travada na garganta e ele finalmente se toca do que está dizendo] Você não quer, quer?
Namorada: É isso que você quer?
Namorado: Eu não sei!
Namorada: Eu acho melhor ir para casa... Me liga quando você souber. [Sai chorando]
[Cinema, filme prestes a começar. Casal de amigos na audiência]
Ele: Você sabe, eu tenho uma excelente mira no escuro [arqueia as sobrancelhas sugestivamente].
Ela [mostrando o punho fechado, tentando não rir]: Acredite, eu também tenho uma excelente mira no escuro. E, não, nem pense nisso.
Ele: No que eu estou pensando?
Ela: Eu nem quero saber...
[Luzes começam a apagar. Ele tenta o golpe. Antes, contudo, que seu braço passe pelos ombros dela, Ela escorrega na cadeira e começa a rir baixinho]
Ele [balançando a cabeça]: Eu devia ter feito isso muito tempo atrás.
Ela [sem entender lhufas]: Hein?
[Quando Ela menos espera, Ele se vira em sua direção e Ela percebe que... vai ser beijada. Ela fecha os olhos quase em pânico, comprimindo-se contra a cadeira]
Ela [mantra silencioso em sua mente]: Pensamento positivo, pensamento positivo, eu vou virar parte da cadeira, eu vou virar parte da cadeira, euvouvirarpartedacadeira, euvou...
[Garota fuçando estantes de livros numa livraria do shopping enquanto faz hora para ir ao cinema. O telefone toca.]
Garota: Alô?
Voz masculina: Eu contei para ela.
G: Hã?
V. m.: Eu contei para ela que estava apaixonado por ela.
G [largando o livro que segurava no chão e tentando fazer sentido do que está ouvindo]: Você está falando sério?
V. m.: Estou. Eu falei para ela. Ela meio que surtou. Vai ligar para você. Faz alguma coisa?
G: O que você quer que eu faça? Me materialize do outro lado do país? Você tem noção de que se apaixonou por uma garota que mora no extremo oposto do Brasil e que você só conhece por msn? E que está largando a bomba na minha mão?
V. m.: Mas... Bem, você apresentou a gente.
G: Como cargas d'água eu ia desconfiar que as coisas iam chegar a esse ponto? [pausa] Ok, eu vou ligar para ela agora. Você, trate de ficar quieto, dê espaço para ela respirar e pense no que acabou de fazer.
V. m.: Sim, senhora!
[Garota desliga o telefone, tentando não notas pessoas olhando meio curiosos para ela e procura um certo número no celular. Antes, porém, que chegue ao final da lista de contatos, o telefone toca de novo]
Voz feminina [meio desesperada]: Ele se declarou!
Garota: Hum... Sério? Ele... ele fez mesmo isso? Que coisa inacreditável...
V. f.: O que eu faço?
G: Bem... você gosta dele?
V. f.: Eu não sei... Ele é legal, mas eu não... bem, eu não conheço ele. Eu não sei se daria certo. Mas e se...
G: Dê uma chance para ele então. Que mal pode fazer? Não pule de cabeça, mas, hei, vocês podem simplesmente conversar e ver onde isso vai dar. Quem sabe? E, se ele aprontar alguma, pode deixar que eu me encarrego de dar uns tabefes nele.
V. f.: E se não der certo?
G: Se não der certo... você fica com a consciência de que, pelo menos, tentou. E se der certo... você provavelmente vai ser uma pessoa muito feliz. Ele é uma pessoa legal, eu sei que ele vai te tratar bem e fazer todo o possível para te fazer feliz. Falando sério agora, o que você tem a perder?
[Quatro anos depois. Garota está em casa, abrindo carta que recebeu da amiga Voz Feminina que mora do outro lado do país].
Garota: Aewwwwwwwwwwww!!!! Eu vou ser a madrinha!
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