13 de janeiro de 2012

Na sua estante: noivo neurótico, noiva nervosa






#102: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
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- Eu continuo me perguntando se não seria possível escapar de contar a eles até depois de tudo consumado. – Arquimedes observou, enquanto terminava de colocar a mesa para o almoço.

- Miau? – Heitor retrucou, sem encarar o professor, lambendo as patas como quem diz ‘você acha mesmo?’.

- Eu sei que minha mãe provavelmente me deserdaria e os pais de Penélope não ficariam muito atrás... mas nossas mães juntas vão transformar isso num carnaval.

Aparentemente, Heitor concordava nesse ponto com ele, uma vez que apenas balançou a cabeça, enquanto continuava seu banho.

- E a Penélope não tem se sentido bem. Eu me pergunto se isso é por causa da ansiedade desse almoço... ou se ela está repensando a idéia.

Heitor repentinamente parou de se lamber para encarar de frente Arquimedes, achando claramente absurda a última colocação do homem.

- Bem, você tem de concordar que alguma coisa está acontecendo; ela está estranha.

Ele tinha quase certeza que o gato arqueara uma sobrancelha.

- Quer dizer, ela acorda no meio da noite com vontade de tomar sorvete, no dia seguinte acorda passando mal e, aparentemente, do dia para a noite, desenvolveu um super olfato que...

- Eu não desenvolvi um super olfato.

Arquimedes demorou alguns segundos para processar que não fora Heitor quem lhe respondera, e levantou os olhos para encarar Penélope, que acabava de adentrar a sala, os cabelos ainda molhados do banho.

- Bem, você certamente tem percebido algumas nuances olfativas que não são exatamente comuns.

Penélope respirou fundo, sentando-se no sofá.

- Eu tenho algo para lhe falar. – ela retrucou, indicando com a cabeça o assento ao lado dela – Um trunfo, por assim dizer.

- Um trunfo?

- Considerando que nossas mães são razoavelmente conservadoras, isso vai apressar as coisas e impedir que elas se lancem a extravagâncias inimagináveis.

Arquimedes respirou fundo, finalmente sentando-se ao lado dela.

- Você está...

- Eu recebi a confirmação ontem. Estava tentando encontrar uma forma de falar. – ela deu um meio sorriso – Não é muito fácil encontrar o momento certo com meus pais e sua mãe nos assombrando a todo momento... mas, bem... nós vamos ser pais.

Suas bochechas quase doíam com o tamanho do sorriso que ele abriu. Não que ele se importasse, claro. A essa altura, nada mais importava, além do presente e da mulher a sua frente.

- Nós vamos ter um filho.



A Coruja


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Um comentário:

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