16 de dezembro de 2011

Na sua estante: fim de festa






#097: Fim de Festa
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Sofia sentou-se mecanicamente junto ao banquinho do piano, os olhos perdidos em algum ponto da penumbra que dominava a sala. A máscara que usara durante a festa estava à sua frente, brilhando de leve com a pouca luz filtrada da rua.

De todas as coisas que podiam ter acontecido àquela noite, aquilo, certamente, não estivera em qualquer cogitação.

O barulho de uma chave na porta fez com que ela despertasse de seu meio transe. Sofia piscou os olhos, enquanto ouvia a porta da cozinha se abrir e depois fechar, seguindo-se de passos leves de alguém que obviamente não quer incomodar.

Ela arqueou uma sobrancelha quando reconheceu o vulto que acabara de passar para a sala.

- Davi? – Sofia se levantou, surpresa – O que você está vestindo? Você... – ela parou, desconfiada – Você estava na festa?

- Foi uma decisão de última hora. – o rapaz rapidamente se pronunciou – Eu só passei por lá mesmo... Não achei que você já fosse estar em casa.

- Eu me perdi da Bia logo que chegamos e depois de procurá-la por todo canto, recebi uma mensagem avisando que ela estava indo para o hospital, que tinha acontecido um problema entre o André e outra garota... Depois disso, não havia o que me prendesse lá. – Sofia deu de ombros – Onde você arranjou uma fantasia de ‘última hora’?

- Minha irmã tinha feito uma para mim. Por via das dúvidas.

- Por via das dúvidas?

Davi deu um meio sorriso.

- Dani é um pouco empolgada, você sabe disso. Ela fez a fantasia independente do que eu tivesse dito... E depois disso, me pareceu um desperdício não usá-la.

Se não estivesse tão absorta em seus próprios problemas, talvez Sofia tivesse somado dois e dois e chegado a cinco. Ela sempre fora bastante observadora e notara sem sombra de dúvidas o interesse do primo na melhor amiga.

Ou talvez fosse o problema de que, de uma forma geral, o primo passava uma impressão de alguém muito sério e calmo... muito longe da mente verdadeiramente maquiavélica (no melhor sentido possível, claro) do rapaz.

O caso é que era fim de festa. Havia o torpor dos acontecimentos, o cansaço avançando pela madrugada e a sugestão de problemas à vista. E ela não conseguiria lidar com mais problemas naquele instante, de forma que sua mente preferiu se proteger ignorando quaisquer sinais.

Assim, Sofia se desarmou.

- Faz sentido. – ela deu um sorriso resignado.

Davi assentiu com a cabeça.

- Boa noite, Sofia.

- Boa noite.

Fecha as cortinas. Final do segundo ato... O terceiro ato promete...



A Coruja


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Um comentário:

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