6 de maio de 2011
Na sua estante: I Want to Hold Your Hand
#062: I Want to Hold Your Hand
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Oh please, say to me
You'll let me be your man
And please, say to me
You'll let me hold your hand.
Now let me hold your hand
I wanna hold your hand.
You'll let me be your man
And please, say to me
You'll let me hold your hand.
Now let me hold your hand
I wanna hold your hand.
- Foi muito bom! Dá vontade até de assistir de novo. – Beatriz sorriu, quase rodopiando enquanto saíam do cinema – Na verdade, esse é o tipo de filme que, quando termina, você quer sair abraçando o povo.
Unindo palavras à ação, ela jogou os braços em torno de Penélope, que apenas riu. Andando um pouco mais atrás das duas, Arquimedes observava a cena, de bom humor.
Beatriz interceptou o olhar dele e sorriu, contente.
- Obrigada por terem me convidado para vir junto. Essa última semana foi... caótica lá em casa. – ela deu um ligeiro suspiro – Foi bom ter saído um pouco para respirar.
- Caótica? – Penélope perguntou – Mas seus pais não estão em casa?
- É exatamente por isso que se instalou o pandemônio na sala de estar. – Beatriz respondeu – Tudo começou com um telegrama. Um amigo da mamãe está organizando algum evento cultural e pediu a ajuda dela. De repente, não mais que de repente, ela tinha erguido um quartel-general na sala e uma procissão de gente de olho puxado apareceu. Papai decidiu se deslocar para a sala para ajudá-la e parece que encontrou interesses em comum com um dos chineses do grupo. O negócio chegou a um ponto que você escuta conversas em inglês e em mandarim... mas quase nada de português. O André já fugiu de casa, foi passar a semana com um colega de faculdade. Eu estou cogitando a possibilidade de pedir abrigo à Sofia.
Distraidamente, Arquimedes observou Penélope responder, para em seguida Beatriz recomeçar a tagarelar, a expressão mudando rápida e vivamente, tal como a dos personagens animados do filme que tinham acabado de assistir.
Desviando o olhar, ele encarou a mão livre da mais velha, pendendo solitariamente. Passara boa parte do filme encarando aquela mão, sem ter plena certeza do que fazer.
Ainda que ele e Penélope já estivessem junto há cinco meses, a verdade é que Arquimedes nem sempre tinha certeza em que pé exatamente as coisas estavam entre eles.
Tinham sido amigos por tanto tempo que era difícil mudar certos hábitos, certas maneiras de pensar e agir. Às vezes, ele achava que Penélope continuava a enxergá-lo apenas como um companheiro de infância.
Amigos com alguns benefícios.
Isso era acentuado pelo fato de que eles nunca agiam como namorados quando estavam num ambiente mais público, com pessoas que os conheciam. Na mudara na conduta neles no trabalho. Na verdade, excetuando-se as ocasiões em que se reuniam com a família de um ou do outro, aquela era a primeira vez que saíam com alguém que conhecia a ambos – e esse alguém era ninguém mais ninguém menos que a protegida de Penélope.
Arquimedes sabia que a mulher tinha um enorme carinho pela jovem. Quem as visse naquele momento não hesitaria em pensar que eram mãe e filha.
Ele gostaria de saber o que Beatriz pensara quando soube que viria ao cinema não apenas com a bibliotecária, mas com ele também.
E, mais que qualquer coisa, ele queria segurar aquela mão que o estava tentando desde que tinham chegado.
O homem quase suspirou. Seus pensamentos estavam confusos e largados por todo lugar. Havia tanta coisa que ele queria...
Queria dizer a Penélope que a amava. Ele a amara por tanto tempo em silêncio... tanto tempo que aquilo era quase uma segunda natureza para ele. Não tinha certeza, porém, se era o momento certo... Se Penélope já era capaz de acreditar nisso, depois de tudo o que passara com Leo.
Queria também quebrar a cara do maldito ex-namorado na bibliotecária – ainda que nunca tivesse sido uma pessoa violenta. Isso acontecia principalmente quando ele percebia um retraimento de Penélope, uma distância em seu olhar, adivinhando que ela estava às voltas com alguma lembrança desagradável.
Queria... queria... queria os sorrisos. Queria a confiança. Queria que Heitor parasse de se sentar entre os dois no sofá toda vez que ele ia visitá-la. Queria...
Nesse instante, Penélope voltou-se para ele, sorrindo, e lhe estendeu a mão. Beatriz os observava com um sorriso travesso, já se segurando do outro lado da mulher.
Qualquer coisa em seu cérebro travou e quase sem perceber, ele aceitou a mão que lhe era oferecida. Toda a profusão de confusos pensamentos com que batalhara até ali desapareceu, dando lugar a um absoluto contentamento.
E enquanto aquela mão pequena e morna estivesse dentro da sua, estava tudo certo do mundo outra vez.
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Clique na capa para fazer o download da trilha sonora
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Unindo palavras à ação, ela jogou os braços em torno de Penélope, que apenas riu. Andando um pouco mais atrás das duas, Arquimedes observava a cena, de bom humor.
Beatriz interceptou o olhar dele e sorriu, contente.
- Obrigada por terem me convidado para vir junto. Essa última semana foi... caótica lá em casa. – ela deu um ligeiro suspiro – Foi bom ter saído um pouco para respirar.
- Caótica? – Penélope perguntou – Mas seus pais não estão em casa?
- É exatamente por isso que se instalou o pandemônio na sala de estar. – Beatriz respondeu – Tudo começou com um telegrama. Um amigo da mamãe está organizando algum evento cultural e pediu a ajuda dela. De repente, não mais que de repente, ela tinha erguido um quartel-general na sala e uma procissão de gente de olho puxado apareceu. Papai decidiu se deslocar para a sala para ajudá-la e parece que encontrou interesses em comum com um dos chineses do grupo. O negócio chegou a um ponto que você escuta conversas em inglês e em mandarim... mas quase nada de português. O André já fugiu de casa, foi passar a semana com um colega de faculdade. Eu estou cogitando a possibilidade de pedir abrigo à Sofia.
Distraidamente, Arquimedes observou Penélope responder, para em seguida Beatriz recomeçar a tagarelar, a expressão mudando rápida e vivamente, tal como a dos personagens animados do filme que tinham acabado de assistir.
Desviando o olhar, ele encarou a mão livre da mais velha, pendendo solitariamente. Passara boa parte do filme encarando aquela mão, sem ter plena certeza do que fazer.
Ainda que ele e Penélope já estivessem junto há cinco meses, a verdade é que Arquimedes nem sempre tinha certeza em que pé exatamente as coisas estavam entre eles.
Tinham sido amigos por tanto tempo que era difícil mudar certos hábitos, certas maneiras de pensar e agir. Às vezes, ele achava que Penélope continuava a enxergá-lo apenas como um companheiro de infância.
Amigos com alguns benefícios.
Isso era acentuado pelo fato de que eles nunca agiam como namorados quando estavam num ambiente mais público, com pessoas que os conheciam. Na mudara na conduta neles no trabalho. Na verdade, excetuando-se as ocasiões em que se reuniam com a família de um ou do outro, aquela era a primeira vez que saíam com alguém que conhecia a ambos – e esse alguém era ninguém mais ninguém menos que a protegida de Penélope.
Arquimedes sabia que a mulher tinha um enorme carinho pela jovem. Quem as visse naquele momento não hesitaria em pensar que eram mãe e filha.
Ele gostaria de saber o que Beatriz pensara quando soube que viria ao cinema não apenas com a bibliotecária, mas com ele também.
E, mais que qualquer coisa, ele queria segurar aquela mão que o estava tentando desde que tinham chegado.
O homem quase suspirou. Seus pensamentos estavam confusos e largados por todo lugar. Havia tanta coisa que ele queria...
Queria dizer a Penélope que a amava. Ele a amara por tanto tempo em silêncio... tanto tempo que aquilo era quase uma segunda natureza para ele. Não tinha certeza, porém, se era o momento certo... Se Penélope já era capaz de acreditar nisso, depois de tudo o que passara com Leo.
Queria também quebrar a cara do maldito ex-namorado na bibliotecária – ainda que nunca tivesse sido uma pessoa violenta. Isso acontecia principalmente quando ele percebia um retraimento de Penélope, uma distância em seu olhar, adivinhando que ela estava às voltas com alguma lembrança desagradável.
Queria... queria... queria os sorrisos. Queria a confiança. Queria que Heitor parasse de se sentar entre os dois no sofá toda vez que ele ia visitá-la. Queria...
Nesse instante, Penélope voltou-se para ele, sorrindo, e lhe estendeu a mão. Beatriz os observava com um sorriso travesso, já se segurando do outro lado da mulher.
Qualquer coisa em seu cérebro travou e quase sem perceber, ele aceitou a mão que lhe era oferecida. Toda a profusão de confusos pensamentos com que batalhara até ali desapareceu, dando lugar a um absoluto contentamento.
E enquanto aquela mão pequena e morna estivesse dentro da sua, estava tudo certo do mundo outra vez.
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A Coruja
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Livros, viagens, filosofia de botequim e causos da carochinha: o Coruja em Teto de Zinco Quente foi criado para ser um depósito de ideias, opiniões, debates e resmungos sobre a vida, o universo e tudo o mais. Para saber mais, clique aqui.
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ResponderExcluirAhhhh que doce e fofo... Arquimedes é fofo demais :)
ResponderExcluirAdorei o novo visual do blog.
estrelinhas coloridas...
Feliz dia das mães!! Olha, já que você é gosta de fazer comida, eu lembrei de você quando eu vi na revista o canal do you tube chamado EpicMealTime. Acho que você vai gostar...Será que alguém faz essas receitas? Huahua, beijos!!
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