12 de setembro de 2012

360º: As Férias da Coruja – Parte II: Luz, Câmera... Ação!

Ok, isso agora vai ser divertido...

Dani: Ui... deu medo agora...

Bem, como já disse no post passado dessa série, ao chegarmos em Paris, nossa primeira providência foi nos perdermos nos Jardins de Luxemburgo. Nos perdemos, nos achamos, nos perdemos de novo, voltamos para o hotel e exaustas, caímos em nossas respectivas camas...

...para no dia seguinte levantarmos bem cedo e começarmos a nos arrumar para nossa próxima aventura assistindo... MIB: Homens de Preto.

Dani: Homens de Preto?!


Eu quase rolei na cama de tanto rir quando percebi exatamente o quê estava passando na TV... Ainda por cima porque, de certa forma, numa conexão um tanto forçada mas muito lógica do meu ponto de vista, o plano para aquela manhã era ir a Cinémathèque Française ver a Exposição Tim Burton.


Dani: Ah, meu Deus!!! Tim Burton?!?!?!? O Tim Burton?????!!!!! Aquele Tim Burton do Vincent e do Jack e do Johnny Depp???? O Tim Burton, meu herói?? Meu ídolo insano?????????!!! *morre*

Poder ver essa exposição foi um dos motivos de termos viajado antes mesmo do final de semana. Nossas aulas iam começar na segunda, dia 06, e a residência estudantil estava assegurada a partir do dia 05, mas tanto enchi o saco que saímos daqui no dia 02, para chegar lá no dia 03 e assim amanhecer o dia 04 na frente da Cinémathèque.

Bem, o primeiro desafio real que tivemos foi descobrir como funcionava o metrô. Antes de sair de nosso lar provisório pelas três semanas seguintes, dei uma olhada no mapa, descobre onde ficava a estação mais próxima e saímos prestando a máxima atenção nas placas e tentando descobrir para onde exatamente deveríamos olhar se não quiséssemos ser atropeladas.

Dani: *ressucita*Parece o dia-a-dia na Sé. ^^”

Ao chegarmos na estação Notre-Dame-des-Champs, que era assim, logo na esquina (e ficava defronte a uma estátua em homenagem a Dreyfus (Dani: *________*), que agora não sei porque cargas d’água não tirei foto junto, uma vez que toda vez que passava ali eu relembrava do caso em conexão com Zola ou Eco ou qualquer outro autor em que eu tivesse lido sobre o assunto...), procuramos, trepidantes, o balcão de informações, para ver qual seria a melhor opção de compra que teríamos a fazer.

Trepidantes estávamos porque, vejam, estávamos lá para estudar francês, mas tanto eu quanto Carol éramos iniciantes e era a primeira vez em que, de fato, usaríamos a língua para comunicar algo importante a alguém daquelas plagas. E também porque fôramos alertadas à exaustão antes de sair do Brasil que não nos assustássemos se alguém fosse rude conosco.

Dani: Por quê? Não entendi...

Lu: Pessoal falava que se você tentar puxar conversa com um francês em inglês, eles não te respondem ou são bastante ríspidos...

A essa altura, é muito importante dizer que fomos mais que bem tratadas em todos os lugares que fomos. Do taxista que nos recebeu, à senhora responsável pela residência estudantil, que era uma senhora muito divertida e gentil, do pessoal da escola, garçons, guias, atendente de supermercado, pessoal de balcão de informações; foram todos não apenas educados, mas muitos realmente simpáticos.

E se eu for entrar no assunto das minhas cicerones (de que tratarei na próxima parte desse especial, especificamente), então, só faltaram nos colocar no colo...

Dani: Mas os garçons são sempre suspeitos... Sei disso porque já fui uma. XP

Não sei se demos sorte ou se o meio mundo de gente que nos mandou ficar com pé atrás é que deu azar – considerando que até nosso professor francês reclamava dos garçons, acho que fomos nós que demos sorte, mas deixa pra lá...

Dé: Realmente. É a primeira vez que vejo relato de alguém ser bem tratado em Paris.

Dani: E é a primeira vez que ouço alguém dizer para se preparar para ofensivas na França. De onde veio essa história??

Lu: Não me pergunte. Foi a minha primeira vez lá, estou apenas relatando o que praticamente deus e o mundo me avisaram antes de eu partir. Eu sei que EU não tenho absolutamente nada do que reclamar.

Bem, o caso é que chegamos ao balcão de informações e já fui me desculpando por assassinar a língua do atendente (“Pardon, je suis brésilienne et je ne parle pas très bien le français...”) e nem bem terminei de falar, o senhor que nos atendia respondeu num português carregado que o pai dele era do Porto e que é claro que poderia nos ajudar.

Resolvida a questão da língua, ele nos mostrou as opções disponíveis e disse que no nosso caso a melhor opção era comprarmos um passe NAVIGO, válido por um mês, com viagens ilimitadas dentro da área de Paris, tanto no metrô quanto nos ônibus.

Dé: Monatskarte francês!

Graças a esse passe nós nos permitimos nos perder algumas vezes lá embaixo, mas isso não vem ao caso agora... (Dé:Dé: Depois vou querer saber como foi isso. XD Lu: Em minha defesa, no metrô só aconteceu uma vez, e foi porque eu estava com sono... Dani: Mas qual o problema de se perder? Toda boa viagem tem de ter um dia de “onde cargas d’água estou?” Lu: Concordo com a Dani em gênero, número e grau. Quando me ‘perdi’ no Marais, acaba me deparando com algumas das poucas casas conservadas em Paris do período medieval. Por que eu iria reclamar de ter me perdido?)

O importante é que descobrimos qual linha pegar, fizemos uma conexão e chegamos vivas e inteiras do outro lado.

A exposição abria às dez horas e chegamos lá mais ou menos umas dez e meia... para vermos uma fila virando quarteirão. Eu, que tenho um horror absurdo a filas, quase desisti ali mesmo. Sorte que Carol estava comigo e me fez ficar lá. Sorte também que estava um tanto nublado e não particularmente quente.


Dani: Doces lembranças nas filas do Poupa Tempo...

Pouco depois de termos chegado lá, uma mocinha que ficava lá na frente com uma prancheta veio caminhando em nossa direção para avisar que daquele ponto em que estávamos em diante, seria uma espera de duas horas para entrar.

Novamente senti ânsias de desistir... mas a essa altura já estávamos instaladas, com três litros de água à mão (não, não é uma figura de linguagem, vocês entenderam certo) e, bem, o dia seguinte seria o último da exposição e provavelmente seria ainda pior para conseguirmos entrar.

Eu ia entrar naquela exposição nem que tivesse de ficar cochilando em pé, ainda desacostumada com o novo fuso horário... Felizmente havia ao nosso redor o Parque de Bercy para nos revezarmos na fila e ficar circulando por lá. Dentro desse parque há também, além da Cinémathèque, o jardim Yitzhak Rabin, que é pequeno, mas bem agradável (e onde fiquei tirando fotos da minha sombra...)


Dani: Ei, essa aí da um bom desenho!!

Exatamente duas horas depois do anúncio da mocinha que cuidava da fila, estávamos comprando nossos ingressos. Não, é sério. Eu fiquei olhando o relógio sempre que não estava dando voltas e fazendo teatro de sombras. Foram exatamente duas horas, nem um minuto a mais nem a menos. Quando ela chegou na gente, eram onze horas e o horário impresso no ingresso aqui na minha frente é 13:00 marcando a entrada.

Achei isso genial (a pontualidade e capacidade de previsão, não a fila).

Dé: Tem certeza que não estava na Alemanha?

Lu: Absoluta. Afinal, eu entendia o que estavam falando na fila... pra Alemanha eu só vou quando você for junto de intérprete...

Dani: Dé, você fala alemão? Olha só vivendo e descobrindo...

A exposição era fantástica... havia centenas de rascunhos e esboços de próprio punho do Burton, indo da infância à maturidade; documentos, fotos, modelos e figurinos dos filmes, salas multimídia e outras mais tantas surpresas.

Infelizmente, lá dentro, não dava para tirar fotos. Mas a Claire (que conheceríamos nesse mesmo dia, mais tarde), sendo jornalista, não apenas fez algumas fotos para três artigos do site Onirik, como ainda teve a incrível sorte de conhecer o próprio Burton e nos contar um pouco da experiência. (Dani: *morre de novo*)

Vocês podem encontrar os artigos (e fotos) dessa fantástica aventura aqui, aqui e aqui.

A exposição não era apenas interessante e bastante divertida (como entrar na sala escura com fantasminhas e outros monstros brilhando nas paredes e descobrir que você mesmo virou uma imagem fosforescente), mas também uma bela chance de descobrir o Burton para além dos filmes, o artista genial e não pouco perturbado que me encanta desde que me entendo por gente.


Dani: A você, a mim e a meio mundo... *__* Ele é a prova viva de que os esquisitos tem sim chance de brilhar!!

Um pouco depois disso estaríamos atrás do Panteão, esperando um Ford antigo passar para ver se ele nos levava a ver Cole Porter tocando, enquanto os Fitzgerald e Hemingway te entretêm entre champagne e conversas literárias e Gertrude Stein lê seu livro.

Sim, eu estou falando da escadaria de Meia-Noite em Paris.


Dani: Adoro o filme e a escadaria, mas... cara, amei mais o seu vestido!

Lu: Pois é, não foi só você que gostou do vestido. Ele suscitou muitos comentários...

Estivemos em vários outros locais que aparecem no filme – em Giverny, nos Jardins de Rodin, no museu Orangerie, caminhando pelas baixadas junto ao Sena... Mas essa escadaria – que encontramos graças a uma dica da Gabi (nossa colega de turma, também brasileira, e a fotógrafa oficial toda vez que saíamos juntas) – é, sem dúvida, o grande marco do filme... e um dos marcos de nossa viagem, porque fizemos tanta farra ali que... sorte a nossa estar a rua vazia...

Após nossa tentativa frustrada de voltar no tempo, descíamos uma rua em Montmarte e quase tropeço em cima da Carol quando olho para o lado e vejo... o Deux Moulins.

Ai. Meu. Deus.


Dani: *morre mais uma vez* E bem quando comecei a desenhar a linha de produtos da Amélie Poulain para a Angélica. Tô falando, coincidências não existem.

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é um de meus filmes favoritos e a trilha sonora dele está entre as que sempre escuto quando preciso de algo para me distrair das agruras do cotidiano.

Tínhamos ido a Montmartre tendo como um dos objetivos específicos encontrar esse bendito café, mas subimos e descemos a Rue Lepic procurando a numeração, que não fazia o menor sentido. Foi quando já decidíamos descer direto para o Moulin Rouge – onde Carol queria começar a cantar Lady Marmalade, é que descobrimos o bendito café...


No final das contas, a Carol não teve coragem de encarnar a personagem e dançar cancan. Eu ainda ensaiei uns passos que, graças a Deus, não entraram para a posteridade.

Dé: Como diz uma amiga minha: “Mulher, te preserva...”

Dani: XDD

Outras tantas locações cinematográficas poderiam aparecer aqui, mas acabam que elas se encaixam melhor em outros temas... Sério, se é para falar de Notre-Dame, que seja quando citar Victor Hugo e não o filme da Disney... ainda que God Help the Outcasts tenha sido a trilha sonora dessa específica visita...


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6 comentários:

  1. Respostas
    1. ^^ Torço para que possas fazer uma viagem assim então, passando pela sua querida Itália no caminho ;)

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  2. Eu ainda vou conseguir passar um tempo na Europa, perdendo-me entre França e Alemanha...

    ...peraí, o Dé fala alemão? Sehr gut! Adoro encontrar quem saiba comunicar-se nessa lingua dos demônios que eu tanto amo... :D

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    1. Sim, o Dé fala alemão. Ele está no momento brigando com um livro do Stephen King porque decidiu lê-lo em alemão (...)

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    2. Eu consigo entender isso. Eu inventei de pegar para o projeto de Iniciação Científica um livro em alemão pra compará-lo com a tradução brasileira e estou morrendo. As pessoas que resolvem aprender essa língua são meio loucas por natureza...

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    3. Posso imaginar. Mas acho que vocês ainda são menos loucos do que pessoas que decidem aprender de forma autodidata japonês para poder ler quadrinhos... e terminam se mudando de mala e cuia para o outro lado do mundo para fazer mestrado por lá.

      Sim, eu conheço uma pessoa maluca assim...

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