18 de fevereiro de 2011
Na sua estante: lavagem de capitais
#051: Lavagem de Capitais
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Beatriz piscou os olhos confusa ao se deparar com o irmão sentado à mesa da cozinha, cercado de livros, escrevendo concentradamente.
- O que você está fazendo? – ela perguntou de forma desconfiada, enquanto abria a geladeira pra tirar a caixa de leite.
- Trabalho. – ele respondeu simplesmente.
A moça estreitou os olhos.
- Mas a gente está, o quê, na terceira semana de aula? E você já tem trabalho para entregar? Que professores desalmados!
André levantou a cabeça para encarar a irmã, sorrindo ligeiramente.
- Eu agradeço o sentimento, mas não se preocupe... o trabalho é para entregar depois do carnaval.
- Mas isso é daqui há mais de mês! – ela exclamou – Você sempre faz seus trabalhos de última hora!
- Sim, mas se eu deixar para fazer esse trabalho de última hora, significa que estarei fazendo trabalho no carnaval. E eu pretendo estar extremamente bêbado no carnaval, o que não combina muito com trabalho por fazer, não é mesmo?
Ela revirou os olhos, sentando-se à mesa, servindo o leite numa xícara, para em seguida alcançar o açúcar e chocolate.
- Sobre o que é seu trabalho?
Ele sorriu de orelha a orelha.
- Eu estou aprendendo a lavar dinheiro.
- HEIN?
Rindo, André balançou a cabeça.
- Tô estudando a lei contra a lavagem de capitais. Meu trabalho é analisar a integração de uma convenção internacional ao ordenamento jurídico brasileiro, e eu escolhi falar sobre essa convenção. Só que para poder entender o combate à lavagem de capitais, você precisa entender os mecanismos de lavagem de dinheiro. Entendeu?
Beatriz assentiu.
- Parece interessante. Eu também tenho um trabalho para fazer no carnaval. Só que como eu não pretendo aproveitar as festividades e tampouco encher a cara, não estou com tanta pressa. – ela sorriu – Meu trabalho é sobre...
- Eu não perguntei... – o mais velho a interrompeu, voltando a abaixar a cabeça para seus códigos.
A garota bufou.
- Não, mas eu vou falar assim mesmo. – ela pôs meio palmo de língua para fora – Meu trabalho é analisar um período histórico de uma terra imaginária.
Isso foi o suficiente para que o rapaz voltasse a levantar a cabeça, piscando os olhos de forma confusa.
- O que diabos é isso?
Ela sorriu.
- Significa que eu vou escrever sobre o medievalismo na Terra-Média.
- Como diabos é que você tem trabalhos tão viajados para escrever? Ano passado você não estava escrevendo um negócio sobre o rei Arthur?
- Eu tenho uma professora legal. – ela deu de ombros – Os trabalhos da professora Isabel são sempre interessantes.
- De que diabos essa professora dá aula? História imaginativa?
- O que eu posso fazer se meu curso é muito mais interessante que o seu? – ela riu.
- Ah, vá procurar uma trouxa para lavar, Beatriz!
- Se você me ensinar a lavar dinheiro...
Foi a vez do rapaz revirar os olhos.
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A Coruja
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Estou rindo sem parar... alegrou um dia cinzento que ele até parece ensolarado :)
ResponderExcluirAdoro teus escritos!
estrelinhas coloridas...
Hey! Eu também quero trabalhos assim... kkk (simplesmente não é juso eu ter mais de 120 exercícios de química por fazer... e com prazo de uma semana ¬¬)
ResponderExcluirBeijos!
*justo
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