27 de agosto de 2010

Na sua estante: Casablanca





#025: Casablanca
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Os créditos finais começaram a rolar na tela enquanto ela soltava um suspiro fundo, movendo-se no sofá até aprumar-se, erguendo os braços para alongar a coluna. O estalar de ossos fez com que Penélope fechasse os olhos numa careta, antes que ela começasse a girar o pescoço que já começava a sentir depois de ma tarde inteira jogada no sofá, assistindo filmes antigos.

Encarapitado no braço do móvel, balançando o rabo de um lado para o outro de uma forma que a fazia se lembrar do gato cheshire de Alice, Heitor a encarava com uma expressão algo contemplativa.

- E então, o que achou? – Penélope perguntou, voltando a se assentar contra o encosto, catando as pipocas que tinham restado na vasilha tamanho família que fizera no começo da tarde – É um belo filme, mas eu não gosto do final. Nunca gostei, para ser sincera.

Heitor abaixou a cabeça, começando a lamber uma das patas. Penélope soltou outro suspiro, descruzando as pernas para fazer a circulação voltar ao normal.

- Quer dizer... se Ilsa amava Rick... por que ela iria embora com Lazlo? Por que ela não ficou e lutou pelo amor deles se ele era assim tão grande?

Mais uma vez, Heitor a encarou pensativamente, com seus olhos de obsidianas amarelas, como se dissesse que a resposta era óbvia e ela realmente precisava perguntar?

Mas a resposta não era óbvia. Ao menos, não para Penélope.

- Se Ilsa e Rick continuavam se amando, isso deveria ter sido o suficiente. E se eu amava Leo e ele me amava, isso também não deveria ter sido o suficiente? – ela cruzou os braços ao lembrar do ex-noivo – Isso significa que eu não fui o suficiente?

Desta feita, Heitor dignou-se a fazer um som algo parecido com um espirro, antes de se levantar e trotar pesadamente até o colo da dona, onde voltou a se sentar, com toda a magnificência de uma realeza.

Penélope suspirou mais uma vez, fazendo um cafuné distraído entre as orelhas do gato. Heitor cerrou os olhos, ronronando baixinho e a mulher sorriu, voltando a atenção para ele.

- Muito bem... não podemos esquecer que... nós sempre teremos Paris...


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A Coruja


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