31 de janeiro de 2018

Conversas Sobre o Tempo: Um Ano de Efemérides


Nunca dantes na história deste país…” Assim poderia começar a história, como uma fórmula quase mágica que bem poderia substituir em tempos modernos o prelúdio fabuloso do “era uma vez...”. Mas esse é um início perigoso, que esquece que a História é cíclica e tende a se repetir - algo que bem podemos perceber quando observamos quantos marcos importantes tem aniversários em datas redondas esse ano, o que transforma 2018 em um bom ano para relembrar.

Cem anos atrás, a família imperial russa era executada, colocando um fim à cadeia de eventos que se iniciara com a revolução bolchevique um ano antes. Cem anos atrás também terminava a Primeira Guerra Mundial, deixando como saldo uma Europa profundamente traumatizada e abrindo, com suas reticências e revanchismos, espaço para um conflito ainda mais sangrento apenas duas décadas depois. No mesmo ano nascia, num vilarejo da África do Sul, Nelson Mandela.

Setenta anos atrás, morria Gandhi, atingido por falar de paz. Cinquenta anos atrás era Martin Luther King que se tornava mártir de uma causa. Também há 50 anos ocorria a Primavera de Praga, e começavam as manifestações de Maio de 1968 na França. No México acontecia o Massacre de Tlatelolco (e até hoje não se sabe quanto foram os mortos daquela noite) e nos Estados Unidos se protestava contra a Guerra do Vietnã.

No Brasil, era editado o AI-5.

Falava-se em paz, liberdade sexual, direitos civis. Falava-se em censura e governos autoritários. Falava-se em guerra.

Trinta anos atrás, era promulgada a Constituição dita Cidadã também cá em terras brasilis.

2018 é um ano de efemérides, de lembrar pessoas e eventos que impactaram a História. Que impactaram a nossa História. Para o bem ou para o mal, mudaram nossa forma de enxergar o mundo. Mas o que vemos hoje como resultado de tantas marcos, marcas e cicatrizes? Será mesmo que as coisas mudaram nessas décadas todas?

A Rússia parece ter retornado aos tempos czaristas; os Estados Unidos vivem momentos de tensão e ameaça com um país asiático; há marchas que caminham sob o lema Black Lives Matter ou que defendem os direitos das mulheres. Há até quem torça pelo retorno da ditadura. Há beliscos e patacoadas, trocas de farpas e algo de farsa em todo esse espetáculo.

2018 apenas começou, mas já é um ano para ficar na memória...


A Coruja


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2 comentários:

  1. Respostas
    1. ^.^

      Pena que a coisa só parece piorar, né? Preferia ter dito inverdades nesse texto, mas continua tão verdadeiro quanto antes...

      Excluir

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