13 de dezembro de 2012

Para ler: Destino: Crônica de Mortes Anunciadas

No lugar onde as trilhas se bifurcam, seus pés podem estar pisando sobre os restos dos atalhos abandonados de ontem. No lugar onde o passado é perdido, as sepulturas dos anos esquecidos podem estar à espreita. E, aqui e ali, fantasmas não nascidos podem assombrar as fronteiras entre o berço e a sepultura. Mas todas as trilhas levam ao Jardim de Destino. Fatalmente. Livro do Destino, Publicações Grimório. Sob a cruel sombra de uma terrível praga, os habitantes de uma pequena cidade do século 21 escondem-se em suas casas e aguardam o inevitável. Até que um estranho misterioso chega e oferece respostas saídas do mítico Livro do Destino. Mas os segredos do passado tornam-se pálidos frente a um mistério muito maior que se apresenta – e as palavras proféticas podem selar o destino dos poucos sobreviventes da praga.
Destino: Crônica de Mortes Anunciadas (e não é coincidência que o título leve a obra de Gabriel Garcia Márquez...) destoa um pouco dos títulos que já li da coleção Sandman Apresenta, porque não tem uma conexão imediata com Sonho ou o Sonhar. Em vez disso, o protagonista – se é que assim podemos dizer – é seu irmão mais velho, Destino.

No mundo de Sandman nós temos sete irmãos que são representações antropomórficas de determinados princípios abstratos. Morte. Destino. Desejo. Destruição. Sonho. Desespero. Delírio. Morte é a mais próxima de Sonho; os outros têm diferentes relações com Lorde Morpheus, são manipulativos, infantis ou fugidios.

Destino, contudo, parece flutuar para além de quaisquer relações ou mesmo partidos. Misterioso, cego, carrega nas mãos um livro acorrentado aos seus pulsos – um livro em que está escrito tudo o que veio, tudo que é e tudo que virá. Ele caminha em seu jardim por caminhos que são visíveis apenas aos seus olhos sem luz.

E no entanto... no entanto, em certa medida, Destino influencia de perto os acontecimentos nessa história. Ao encontrar-se com a Imperatriz Teodora, muito antes dela se tornar esposa de Constantino, ele lhe pede um filho... e com isso traz ao mundo um dos quatro cavaleiros do Apocalipse...

Peste.

A narrativa de Destino: Crônica de Mortes Anunciadas é por vezes confusa, indo e vindo no tempo, de Teodora a um futuro apocalíptico, sempre em tempos de caos e doença. E sempre, sempre, o usualmente impávido Destino se envolve de alguma forma.

O problema é que embora haja personagens e arquétipos grandiosos, a expectativa vai se acumulando, acumulando... e ao final parece não ter chegado a lugar algum. O que é uma pena, mas é verdade – o roteiro degringola ao ponto de não se saber se em algum momento houve enredo e você termina frustrado com o imenso potencial francamente desperdiçado...

Mas bem, talvez haja uma continuação que explique o que cargas d’água era aquilo. Não perdoa a falta de sentido de um primeiro volume que deveria se bastar por si mesmo, mas ao menos é algo por que ter alguma expectativa...


A Coruja


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2 comentários:

  1. Morte não é a mais velha. Destino é...
    daquelas bem chatas.

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    Respostas
    1. Não é chata, não, a confusão foi minha... estou indo lá corrigir, obrigada por me avisar ;)

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