10 de novembro de 2009

Vamos à ópera?


Bom dia, meus caros; sentiram minha falta?

Faz quase uma semana desde a minha última atualização... mas tenho excelentes motivos para tanto. Não bastasse a pilha de trabalho que se acumulou na minha mesa semana passada (até ontem, eu estava enfurnada até os ombros nos livros de processo, mas finalmente terminei), teve o concurso da procuradoria no domingo de manhã e deram o prazo para entregar o projeto da monografia da pós.

O que significa que eu provavelmente vou dar umas sumidas aqui e ali, mas farei o possível para não abandonar vocês.


Estou danada da vida com algumas coisas, mas vou ver se consigo resolver tudo sozinha, porque, a essa altura do ano, não sou a única que está atolada de coisas por fazer até o pescoço e estou cansada demais para me irritar quando eu sei que não vai adiantar de nada pedir auxílio aos universitários.

Deixa para lá...

Em todo caso... estou com sono acumulado de domingo para hoje (ainda não consegui recuperar as horas perdidas e estou parecendo um zumbi ambulante), mas por um motivo que valeu muito à pena: eu fui à ópera.

Sim, sim, vocês leram certo. Uma ópera.

Vivemos um tempo de crise cultural. Os jornais estão perdendo espaço para o mundo virtual; todo mundo fala que os livros de papel estão fadados à extinção; a turma dos musicais decidiu que, para sobreviver, estava na hora de usar recursos de cinema, transportando os espetáculos ao vivo para as telonas...

Quem, hoje em dia, freqüenta o teatro, quando pode ter tudo mastigado dentro de casa, com um DVD?

E, no entanto... no entanto, o Teatro Santa Isabel estava cheio no domingo. Absolutamente lotado. Para uma ópera - e não uma daquelas montagens grandiosas estilo Broadway, mas uma tragédia grega: Dido e Eneas.

A montagem foi feita por alunos e professores da UFPE. Do começo ao fim, fiquei absolutamente encantada - especialmente com a orquestra de câmara (o maestro estava tocando num legítimo cravo!) e com o coro.

Eu confesso, eu sempre me emociono com coros.

Descobri da apresentação por puro acaso, no sábado de tarde, lendo o jornal. A ópera estaria em cartaz apenas até o domingo (três dias de apresentação). Fora isso, não houve muita divulgação do espetáculo - ao contrário do show de gravação do DVD do Calypso, que tem outdoors espalhados por toda a cidade...

Não vou comentar. O adágio está absolutamente certo: gosto não se discute... lamenta-se.

Meu ponto é... existe público para esse tipo de montagem, mesmo tendo havido pouquíssima divulgação. Os ingressos - a inteira estava vinte e quatro e a meia, doze reais - provaram que não é preciso chegar a preços estratosféricos para se ter acesso à cultura.

No entanto, lendo as letras pequenas do cartaz, você não encontra nenhum órgão público - exceto pela Universidade, onde os atores são alunos e professores - como apoio ou patrocínio.

Moral da história (se é que há alguma): o que é mais fácil? Dar um cartão corporativo "vale-cultura" no melhor estilo assistencialista de ser ou incentivar iniciativas como esta, barateando os custos e abrindo assim oportunidades para que mais gente possa ir assistir aos espetáculos?



A Coruja


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2 comentários:

  1. Sabe que eu tenho esse dilema aqui?

    Tirando que nós não temos esse mesmo acesso à cultura, e concertos/óperas só as audições de nós, alunos, ou quando por milagre temos financiamento da Câmara.

    Mas, muitos preferem esses DVDs a espectáculos, e nisso incluo a minha família. Sábado era para ter ido a um concerto, mas... mais ninguém quis.

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  2. Ah, Lulu, que coisa linda! Meu sonho é assistir a uma ópera!

    Coros também me emocionam...

    Aqui em Juiz de Fora, pelo menos uma vez ao ano, temos a felicidade de porder assistir aos concertos do Festival de Música Antiga e Colonial, todos gratuitos, de altíssimo nível e sempre com casa cheia.

    E tudo mesmo é uma questão de acessibilidade e divulgação, porque, quando aconteciam as apresentações gratuitas da Orquestra Sinfônica do Rio, no antigo Projeto Aquarius, os parques ficavam lotados de pessoas unidas pelo puro prazer de ouvir boa música.

    Cultura de verdade não é comercial, não vende tanto quantos os Calypsos e os Créus da vida, por isso não tem direito a outdoors e nem a extensos minutos de comercial na TV.

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