20 de outubro de 2009

Ases (Parte I - Ás de Espadas): Capítulo 02





spades Capítulo 02 spades
‘- Eu sinto sua falta, Agatha. – ele murmurou uma última vez.’


MAKING-OF

Quando comecei a escrever o segundo capítulo, percebi que estava escrevendo o terceiro.

Antes que encomendem uma camisa de força para mim, permitam-me explicar minha aparente contradição.

Eu comecei o segundo capítulo de Ases do ponto de vista da Amelie, exatamente no momento em que ela cai em cima do marquês (cena está que vocês verão ao final deste capítulo agora publicado). Minha idéia era alternar os pontos de vista – se eu começara com Thomas e Emily, agora era a vez de Alexander e Amelie.

Estava um pouco ansiosa para poder começar a escrever os dois. Se prestaram atenção nos comentários de Thomas e Emily, a essa altura já perceberam que Amelie e Alex têm muito em comum: ambos são pessoas teimosas, que quando encasquetam com alguma coisa não desistem até conseguir o que querem. Alex é um pouco pior porque, como ele mesmo diz, ele é o marquês e, como tal, o mundo deve girar em torno do seu umbigo.

Alex vai ter que levar uns bons sopapos na cabeça para se tocar da vida...

Em todo caso... quando eu já estava me acabando de rir com as inúmeras possibilidades que eu previa para o capítulo (o senso cômico desses dois como casal, ao menos na minha cabeça, é incrível), percebi que havia coisas que eu precisava contar antes.

Eu precisava mostrar a escalada de interesse da Emily acerca do Thomas e precisava mostrar como o Thomas ainda estava preso ao passado. Embora eu tenha dado as pistas desde o início do primeiro capítulo (revelando por cima no final o que acontecera pra Thomas ter aquele tom de melancolia), ouvimos apenas as palavras de Alex, e não o próprio sir Leigh.

Não obstante, fizemos também uma pequena viagem pela psique da Emily. Embora as cenas do ponto de vista dela até agora tenham mostrado um lado mais puxado para o humor, já demos de cara com uma característica da moça que criará muitos problemas no futuro: orgulho.

E eu já estou dando spoilers do que virá de novo...

Gostaria de compartilhar com vocês uma curiosidade. Sabe quando Thomas olha para o túmulo da esposa morta e comenta sobre as flores e seu significado? Pois é, isso era algo bem típico da época.

Era difícil para que homens e mulheres pudessem ter algum contato. Uma rara oportunidade para uma dama e um cavalheiro conversarem sem se preocupar com a reputação dela era quando dançavam – especialmente a valsa, já que nela, o casal dançava apenas entre eles, e não em grupo.

No mais das vezes, as jovens solteiras estavam sempre com suas damas de companhia ou outro acompanhante – mãe, tia, irmã mais velha; qualquer um que pudesse servir de vigia (chaperone).

Claro que se você fosse esperto, ia conseguir dar um jeito de se comunicar com sua dama de apreço. Você poderia convidá-la para um passeio no parque – a dama de companhia dela certamente iria junto, mas então você ofereceria algumas moedas e ela os seguiria a uma distância razoável.

Ou você poderia mandar flores.

Veja bem: naquela época, existia todo um ritual por trás de mandar flores. Cada flor tinha um significado – a ponto de, naquela época, as donzelas terem dicionários de significado das flores (para não correr o risco de errar as intenções do cavalheiro).

Então... se o cavalheiro quisesse dizer que estava apaixonado, mandava determinada flor. Se seu amor era inquebrantável, do tipo que atravessava dificuldades e continuava com o tempo, mandava outra. Se ele a achava insuportável e queria vê-la longe, era outra flor... e assim por diante. Existiam flores até para sentimentos mais profanos que amor, mas não entrarei em detalhes sobre isso.

Quem sabe? Talvez eu faça uma página com os significados das flores, nem que seja por mera curiosidade... Enquanto isso, há tópicos novos no anexo.

O terceiro capítulo já foi começado (afinal, ele ia ser o segundo...), mas não devo voltar a pegar nele até semana que vem. Minha sorte de terminar esse foi o horário do almoço. Adoro a hora do almoço!

Um último comentário... Eu penei um bocado para encontrar uma forma de fechar o capítulo. Na minha cabeça, eu tinha a expressão 'And all hell broke loose...' para o último parágrafo... mas não conseguia, a princípio, achar um equivalente em português.

É engraçado que isso aconteça, especialmente a se considerar que minha língua mãe é o português. Mas é uma conseqüência de ler constantemente em inglês - comecei a aprender expressões e gírias típicas, que às vezes são perfeitas para uma determinada situação, mas que não possuem um eqivalente em nossa língua.

Fora que a tradução literal não tinha o mesmo impacto: 'e todo o inferno quebrou-se livre'... ou algo do tipo.

Da mesma forma, existem expressões em português que não se traduzem para o inglês. Ou que, em seus equivalentes, não têm nada a ver um com o outro. O nosso "chover canivetes", por exemplo, é próximo do "it's raining cats and dogs"... eu adoro paticularmente o "and all that jazz" que não é mais do que um "etc" (na tradução, ficaria sem sentido... "e todo aquele jazz"?).

Ok, já tivemos o suficiente de digressões lingüísticas. Voltemos à programação normal...


TRILHA SONORA


clique na imagem para fazer o download


Vou deixar o link da trilha sonora de novo para que vocês possam baixar e aproveito para indicar uma música que não está nesse primeiro “CD” – sim, eu tenho uma segunda trilha para Ases...

Procurem To where you are, do Josh Groban. Essa canção é a precisa inspiração para a cena de Thomas no cemitério. Vale muito, muito à pena ouvi-la; essa música tem uma letra belíssima... e na voz do Groban... é perfeita.

Ok, agora vou me despedir. Não se esqueçam de comentar, lembrem-se que comentários são o meu salário; eles iluminam meu dia e me deixam feliz da vida. Se vocês me encherem de comentários, ficarei tão feliz que antes que se perceba, já estarei com capítulo novo.

(chantagem emocional, alguém?)


A Coruja


Arquivado em

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3 comentários:

  1. Oi!!
    Como sempre, capítulo maravilhoso... Quando você postará o próximo? Não judie muito da gente... =D
    Beijos!

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  2. Bem, você conseguiu me deixar extremamente ansiosa pelo terceiro capítulo com esse Making of. Ah, e estou gostando cada vez mais das suas personagens femininas agora, elas são bem curiosas, cada uma a sua maneira. Também nesse capítulo dá pra adivinhar que muita gente ainda vai se meter em muita confusão, coisa que os leitores sempre querem ver acontecer =P Em resumo, continua, vaaaaiii?

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  3. Cara, ok, sou visitante frequente e nunca comentei aqui :X

    Tipo, estou viciada e aindanão pude ouvir a trilha (que eu já baixei!)

    Mas tem uma coisa me incomodando... Desde o pricipio imaginei a Emily e o Alex como um casal. E agora a Amelie se joga em cima do Alex shauahuuhahusauh. Tudo bem, eu me conformo .___.

    Escreva o resto logo! :P

    Beijos :*

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